Objetivou-se com esta Tese ajustar a metodologia do teste de tetrazólio para determinar a viabilidade de sementes de araçá-boi (Eugenia stipitata), produzidas no cerrado de Roraima. Este trabalho surgiu da necessidade de agilizar o processo na tomada de decisão para escolha do lote de sementes, uma vez que o teste tradicional de germinação demora cerca de 180 dias para dar a informação sobre a qualidade do lote de sementes em questão. Para tanto, necessitou-se realizar uma revisão acerca da utilização do sal 2,3,5-trifenil-cloreto de tetrazólio em sementes de espécies nativas, em especial do gênero Eugenia. Essa revisão compõe o primeiro artigo da Tese e fornece informações essenciais à realização dos experimentos no que diz respeito ao uso do sal de tetrazólio. No segundo artigo, foi realizado a adequação da metodologia do teste de tetrazólio, em relação ao pré-condicionamento, para determinar a viabilidade de sementes de araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh ssp. sororia McVaugh) sob diferentes tempos de imersão em solução e tamanho de sementes. As sementes de E. stipitata ssp. sororia necessitam-se passar pelo pré-condicionamento. Sendo nesse caso, o fracionamento ao meio antes da imersão na solução de tetrazólio, permite o contato do sal com o tecido a ser analisado, que quando viável forma no tecido a substância trifenil-formazan. A metodologia proposta na presente pesquisa revela que o tempo de imersão 26 horas na solução de tetrazólio (1% a 26 °C) é indicado na determinação da viabilidade de sementes fracionadas de Eugenia stipitata ssp. sororia independentemente do tamanho da semente.

A castanha-do-brasil é uma commodity que se destaca no extrativismo, com importância social e econômica para Região Amazônica. O baixo nível tecnológico, característico da cadeia produtiva, associado às condições climáticas da região no período de colheita, têm favorecido a contaminação das amêndoas por fungos micotoxigênicos, entre eles Aspergillus flavus L. produtores de aflatoxinas, que podem afetar a saúde humana e animal, promovendo efeitos tóxicos, dentre eles a carcinogenicidade e a teratogenicidade. Estudos em literaturas indicam que algumas leveduras apresentam potencialidades, podendo se destacarem no processo de detoxificação dessas substâncias. Neste contexto, o presente trabalho objetivou selecionar isolados de leveduras que possuem capacidade de reduzir ou eliminar aflatoxinas presentes nas amêndoas de castanha-do-brasil, ou até mesmo eliminar os efeitos tóxicos ocasionados pela ação dos fungos aflatoxigênicos. As amêndoas de castanhas-do-brasil foram coletadas no estado de Roraima; e as leveduras nativas e comerciais foram isoladas, selecionadas, identificadas e preservadas em óleo mineral sob temperatura ambiente. Foi utilizado nos testes um isolado padrão de A. flavus, produtor das aflatoxinas AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2, proveniente da coleção de fungos da Embrapa Roraima; o qual foi utilizado nos testes para a realização do Screening das leveduras e nos demais experimentos, inclusive o da capacidade de detoxificação de aflatoxinas pelas leveduras selecionadas. Os isolados mais promissores de leveduras foram testados quanto à sua influência na população de A. flavus e sua capacidade de detoxificação aos 14 dias de incubação, períodos que correspondem ao auge da produção de aflatoxinas pelo fungo aflatoxigênico. As análises de aflatoxinas foram feitas por cromatografia líquida de alta eficiência. Como resultados, foram selecionadas dez leveduras capazes de realizar o controle biológico do A. flavus testado, sendo constatada que as mesmas influenciaram negativamente na esporulação do mesmo, reduzindo sua população; e a maioria têm a capacidade de reduzir a produção de aflatoxinas, sendo os isolados L11, L12, L14 e L27, os mais promissores no processo de detoxificação de aflatoxinas, conforme foi demonstrado no experimento. Espera-se encontrar uma forma alternativa para reduzir ou eliminar a contaminação por aflatoxinas em amêndoas de castanha-do-brasil, tornando-as mais seguras para os consumidores, no qual as mesmas possam apresentarem-se dentro dos limites máximos toleráveis conforme a ANVISA.

O caçari é uma frutífera nativa da Amazônia que possui grande potencial, devido as elevadas concentrações de ácido ascórbico que podem atingir 7.355, 20 mg.100g^-1 de polpa, atualmente sendo considerada a fruta mais rica em vitamina C. Porém, por ser uma espécie ainda em domesticação, pouco se conhece sobre as características de propagação vegetativa em escala comercial. Dentre as técnicas de propagação clonal, a micropropagação destaca-se como uma das técnicas mais promissoras para propagação comercial em larga escala em curto espaço de tempo, Neste sentido, objetivou-se estabelecer um protocolo inicial de controle de microrganismos in vitro para e regeneração de explantes de caçari via embriogênese somática. O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Roraima, foram conduzidos diferentes ensaios para o controle de fungos e bactéria: 1: Efeito da termoterapia em explantes de caçari no controle de microrganismos in vitro; 2: Desinfestação de explantes de caçari utilizando diferentes fungicidas e concentrações no controle de fungos; 3: Diferentes antibióticos e concentrações adicionados no meio de cultura no controle de bactérias in vitro em explantes de caçari e 4: Desinfestação dos explantes em meio de cultura líquido com diferentes antibióticos sob agitação orbital e inoculados em dois meios de cultura. Para regeneração, foi realizado experimento para indução de calogênese e avaliação do potencial embriogênico, testando diferentes meios de cultura (WPM, MS, JADS) e diferentes fontes de explantes (segmento caulinar, folha e semente). Como resultados, observou-se que a termoterapia, os fungicidas e antibióticos quando testados isoladamente, não contribuiram para um controle eficiente dos microrganismos. Entretanto, a desinfestação dos explantes sob agitação orbital com a combinação de diferentes produtos químicos (antibióticos combinados com fungicida Derosal^®) permitiram resultados excelentes no controle de fungos e bactérias, principalmente, quando os mesmos foram inoculados em meio de cultura modificado. Portanto, as soluções contendo as combinações de estreptocimina + Derosal^®; estreptomicina + Amoxilina + Derosal^® e Benzil + estreptomicina + Derosal^® mantendo em agitação orbital por 72h e o uso do meio modificado, apresentaram as menores percentuais de fungos e bactérias. Para a indução de calogênese, não houve interação entre o fator meio de cultura e fonte de explantes, sendo observada elevada formação de calos nos três meios de cultura testados. Maior formação de massa pró-embriogênica foi obtida quando utilizou-se segmentos caulinares e sementes. E o potencial embriogênico foi influenciado pelo meio MS independente da fonte de explante. Portanto, a correlação entre formação de calos e potencial embriogênico foi determinada pelo o meio MS.

O percevejo-das-gramíneas, Blissus pulchellus, com ocorrência no Estado de Roraima no ano de 2016, encontra-se amplamente distribuído nos municípios de Alto Alegre e Boa Vista, provocando consideráveis danos às áreas de pastagens cultivadas nas espécies do gênero Urochloa. Em um esforço conjunto entre empresas públicas do setor agropecuário, está sendo implantado um Programa de Manejo Integrado de insetos-pragas em pastagens, baseado no levantamento populacional, combinado com métodos de criação e controle de insetos, utilizando gramíneas resistentes. Visando fornecer informações para o aperfeiçoamento do referido programa, os objetivos desta pesquisa foram selecionar gramíneas forrageiras com potencial de resistência a Blissus pulchellus, bem como determinar tipos de resistência presentes por meio da avaliação do efeito sobre a biologia do inseto, testes de tolerância e de preferência. Os ensaios foram realizados com e sem chance de escolha, com insetos provenientes de criação estoque. No ensaio de biologia, realizado em laboratório com oito cultivares, os seguintes parâmetros foram avaliados: mortalidade e duração da fase ninfal; longevidade dos adultos; período de oviposição, e número de ovos/fêmea; e viabilidade e a duração do período embrionário. No ensaio de tolerância realizado com oito gramíneas, em casa de vegetação, foi utilizada uma densidade de percevejo-das-gramíneas (40 casais por planta) e a testemunha (sem infestação), avaliando-se o dano causado (com base em escala de notas) aos seis, 12, 18 e 24º dias após a infestação, e avaliações das características anatômicas das células da bainha das gramíneas aos 25 dias de germinação. Para verificar a preferência do percevejo-das-gramíneas com as gramíneas, foram utilizadas, no laboratório, oito cultivares/espécies como substrato alimentar e de oviposição dos percevejos. A cada 2, 4, 8, 16, 32 e 64 horas após a infestação foi contabilizada a quantidade de percevejo, e a partir de 64 horas foi contabilizada também a quantidade de ovos de percevejo em cada gramínea. Observou-se que a taxa de mortalidade ninfal dos insetos mantidos em espécies forageiras Andropogon gayanus e Panicum maximum cv. Zuri é quase total, podendo tais materiais serem caracterizados como resistentes ao inseto por antibiose. Urochloa humidicola, Panicum maximum cv. Mombaça e Urochloa brizantha cv. Marandú apresentam moderadamente resistência a B. pulchellus tipos antibiose e/ou antixenose alimentar, já que afetam o desenvolvimento na fase adulta e/ou a reprodução do inseto. Urochloa brizantha cv. Paiaguás, Urochloa brizantha cv. Piatã e Urochloa ruziziensis se apresentam suscetíveis. P. maximum cv. Zuri, P. maximum cv. Mombaça, U. humidicola e A. gayanus apresentam resistência por tolerância, já que, sob um mesmo nível de infestação, são menos danificados quando comparados com as cultivares/espécies U brizantha cv. Paiaguás, U. brizantha cv. Piatã e U. ruziziensis. As cultivares/espécies U. ruziziensis, U. brizantha cvs. Paiaguás e Piatã foram mais atrativas para o percevejo do que as variedades P. maximum cvs. Mombaça e Zuri, U. brizantha cv. Marandú, U. humidicola e A. gayanus. No tratamento com livre escolha, os percevejos colocaram menos ovos na espécie A. gayanus