TEMAS ERÓTICOS E ASPECTOS SOCIAIS EM VIOLETA BRANCA
Violeta Branca; Literatura na Amazônia; Poesia; Erotismo; Sociedade.
Esta pesquisa propõe-se a observar a temática erótica presente na poesia
de Violeta Branca. Nossa proposta de pesquisa surgiu a partir do interesse por
estudos sobre literatura na Amazônia. Violeta Branca foi a primeira mulher
amazonense a publica uma obra literária (1935) e a primeira mulher a ingressar na
Academia Amazonense de Letras (1937), dando um passo importante na história da
autoria feminina no estado Amazonas e tornando-se parte da história da autoria
feminina na região norte. Mesmo hoje, a própria Violeta Branca, assim como outras
autoras femininas na região são pouco estudadas. Esse fato torna necessário que se
desenvolvam estudos sobre literatura de autoria feminina. Violeta Branca não
surpreende somente pelo fato de ter sido a primeira mulher a publicar literatura, mas
também por tratar de temas eróticos, considerados ousados e impróprios para a
mulher da época. Mulher da qual se esperava apenas afazeres domésticos. Para
desenvolvermos a temática desta pesquisa, se recorrerá a estudos de Márcio Souza
(2010), Tenório Telles e Paulo Graça (2021) e Djalma Batista (2006), que tratam o
contexto econômico e sociocultural da Amazônia na década de 30. Nosso primeiro
capítulo discutirá os movimentos culturais em evidência na época. Também
apresentarei uma breve biografia da autora, a partir das contribuições de Carmen
Nóvoa (2010), Elcione Cordeiro (2021), entre outros. A partir dos estudos da biografia
e do contexto sociocultural da época de Violeta Branca, uma das minhas hipóteses é
que a ousadia poética dela não surge apenas de uma genialidade natural, mas surge
em um contexto de produção social e cultural em uma sociedade que, por algumas
décadas, foi abastada economicamente dando condições a uma produção literária na
região. Nesse contexto, houve movimentos feministas que buscavam a inserção da
mulher na sociedade e na cultura, não apenas como uma prenda doméstica, mas
capaz de trabalhar e lutar pelo seu protagonismo. Nesse sentido, o capítulo seguinte
trata da autoria feminina, e os movimentos das mulheres a partir do século XX,
buscando aí um dos elementos que podem ter contribuído com a existência da
literatura de autoria feminina na Amazônia. O capítulo três será reservado à poesia,
teorias e estudos, baseados nas obras de Alfredo Bosi (2000), Assis Brasil (1998) e
Adorno (2003). Em seguida, o capítulo quatro tratará de um apanhado histórico sobre
o que se entende sobre erotismo a partir dos estudos de Georges Bataille (1987) e
Michel Foucault (1988). Por fim, o último capítulo tratará da análise de poemas
publicados pela autora nas obras Ritmos de Inquieta Alegria (1935) e Reencontro
(1982), e poemas publicados de forma avulsa, buscando identificar elementos que
expressem o tema do erotismo a partir dos teóricos implicados no capítulo anterior.
Minhas hipóteses neste último capítulo, é que a importância de Violeta Branca não se
encerra apenas em ser a primeira mulher a publicar literatura no Amazonas, mas
também na qualidade das suas poesias. Assim, o conjunto dos capítulos pretende
observar e refletir sobre os elementos históricos e socioculturais que criaram
condições para o desenvolvimento e a manifestação da literatura de autoria feminina
na região norte, expressa em autoras como a poeta Violeta Branca.