TRAJETÓRIA MIGRATÓRIA DE MULHERES VENEZUELANAS EM RORAIMA: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL
Mobilidade Feminina. Patriarcado. Feminismo
Os estudos sobre migração historicamente invisibilizam a migração da mulher e suas vivências. A mulher é atrelada à experiência migratória masculina, que negligencia a experiência e questões dessas mulheres. A mulher migrante se encontra exposta a vulnerabilidades, pois além de enfrentar a xenofobia, tem também seus direitos ameaçados e são vítimas do patriarcado, machismo e violências de gênero no país de acolhimento. Dentro dessa temática, o objetivo geral foi compreender a migração sob a perspectiva do gênero através das vivências e das trajetórias de mulheres venezuelanas em Boa Vista – Roraima considerando questões interseccionais. A problemática principal da pesquisa consistiu em investigar as trajetórias e vivências de mulheres venezuelanas em Roraima, buscando entender como essas mulheres experienciam o percurso migratório. Levou-se em conta questões interseccionais, o feminismo deloconial e aspectos de sofrimento psicológico. Outras questões foram pertinentes para a compreensão da problemática, tais como: Quais as reais necessidades das mulheres venezuelanas em Roraima? Quais as demandas psíquicas dessas mulheres? Há algum acolhimento responsável e de qualidade para atender as demandas psicossociais dessas mulheres? Há algum planejamento/pensamento em questões interseccionais no acolhimento dessas mulheres?A pesquisa trabalhou com o método qualitativo na perspectiva etnosociológica das trajetórias de vida. As participantes da pesquisa foram mulheres venezuelanas com mais de 18 anos, que residem em Boa Vista - RR. Priorizou-se a análise qualitativa através das narrativas das entrevistas, com destaque para as categorias: trajetória migratória, demandas psicossociais, percalços encontrados. Os instrumentos de coleta de dados que foram utilizados nessa pesquisa consistiram na entrevista por meio da técnica de trajetórias de vida. A perspectiva teórica epistemológica do projeto é sobre uma ótica interseccional e do feminismo decolonial, contrapondo assim uma análise de um feminismo branco e liberal. Como as construções sociais da função do homem e da mulher na sociedade afetam e atuam nas experiências dos sujeitos migrantes. Além de Analisar as entrevistas sob uma ótica psicossocial, as categorizações foram feitas a partir das particularidades e da experiência migratória feminina. Os resultados da pesquisa corroboraram com diversos autores que evidenciam que analisar os fenômenos sociais vivenciados por mulheres a partir da interseccionalidade é fundamental na construção de políticas públicas que minimizem aspectos da desigualdade de gênero.