GEODIVERSIDADE DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BAIXO CURSO DOS RIOS URUCÁ E UIRAMUTÃ, RR.
Geoturismo. Geoconservação. Terra indígena. Plano de Visitação. Percepção.
Atualmente, o geoturismo têm se tornado uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento
do turismo em diversas áreas do mundo, por demonstrar o valor da geodiversidade e dos
elementos abióticos do patrimônio natural na forma de atrativos turísticos. No município do
Uiramutã, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol apresenta elementos da geodiversidade com
valoração cultural que normalmente são utilizados como divulgadores do turismo em
Roraima. Desde a implementação da normativa que permite que comunidades indígenas
elaborem planos de visitação turísticos, diversas comunidades têm esbarrado nos percalços
técnicos exigidos. Assim, este estudo justifica-se frente a real possibilidade de implementação
do turismo da região, de forma a contribuir com subsídios técnicos para que as comunidades
interessadas elaborem seus planos de visitação. O estudo realizado teve como objetivo
analisar a geodiversidade das bacias hidrográficas dos rios Paiuá e Uiramutã, a partir da
inventariação e quantificação dos geossítios e sítios de geodiversidade que compõem o
patrimônio geológico da região, buscando compreender também a percepção dos moradores
da zona urbana (inclui as comunidades indígenas Uiramutã e Makunaíma) acerca do seu
entendimento sobre o geoturismo e a forma como o turismo é atualmente desenvolvido na
região. A metodologia empregada consistiu na construção de um arcabouço teórico
metodológico visando a implementação, através de um banco de dados georreferenciado, das
etapas primárias das estratégias de geoconservação (inventário e quantificação), sendo
realizado também um questionário semi-estruturados com dez entrevistados. Os resultados
permitiram reconhecer que o padrão do relevo esculpido nas diferentes litologias do
Supergrupo Roraima mantém relação com os cursos hídricos e desempenha um papel crucial
na formação da geodiversidade e a identificação de conjunto oito geossítios, sendo dois deles
classificados como de relevância internacional. Os moradores e comunidades indígenas da
zona urbana demonstram uma boa percepção acerca da geodiversidade (serras, cachoeiras e
rios) que os rodeia, possuindo um forte valor simbólico que remete ao sagrado para os povos
indígenas. O patrimônio geológico identificado pode ser utilizado por ao menos vinte e duas
comunidades indígenas para construir seus planos de visitação e assegurar os benefícios
econômicos associados ao turismo permaneçam nas comunidades indígenas, tornando-se uma
alternativa viável e sustentável para enfrentar os desafios um dos mais baixos índices de
desenvolvimento humano municipal do Brasil.