PLANOSSOLOS DA AMAZÔNIA E DO PANTANAL: GÊNESE E RELAÇÕES AMBIENTAIS
Bioma, Intemperismo, Processos halomórficos, Sodicidade.
Os Planossolos cobrem 130 milhões ha no mundo, ocupando 48.196,40 km2 do Pantanal e 3.739 km2 da Amazônia. Esses solos, de grande importância agrícola e ambiental, resultam de processos pedogenéticos cuja intensidade varia entre biomas, gerando propriedades ainda pouco compreendidas de forma integrada. Esta tese caracterizou e comparou Planossolos amazônicos e pantaneiros para esclarecer a influência de ambientes tropicais contrastantes em sua gênese e identificar atributos discriminatórios entre esses biomas. Foram analisados dez perfis: cinco em Pacaraima e Uiramutã (RR) e cinco em Corumbá (MS), todos descritos morfologicamente e classificados pelo SiBCS (2018). As amostras passaram por análises físicas (textura, AG/AF, Silte/Argila), químicas (pH, cátions trocáveis, P disponível, C orgânico, SB, CTC, V%, m%, PST, ISNa), geoquímicas (óxidos de Fe, Al e Si, Ki e Kr) e mineralógicas (areia, silte e argila por difração de raios X). Técnicas multivariadas processadas no software R identificaram padrões distintivos entre os biomas por intermédio da análise de componentes principais, análise de agrupamentos e análise discriminante. Os resultados revelaram contrastes significativos entre os Planossolos dos biomas estudados. Na Amazônia, solos originados do intemperismo de rochas vulcânicas ácidas apresentaram altos teores de silte (até 767 g kg⁻¹), transição textural abrupta pronunciada, pH muito elevado nos horizontes B (>8,0), teores de Na até 835 mg kg⁻¹ e PST chegando a 53%. Relações Ki/Kr baixas confirmaram intemperismo avançado, enquanto a esmectita predominou nos horizontes B mais sódicos. No Pantanal, solos formados por sedimentos quaternários depositados pelos rios Miranda e Abobral mostraram predomínio de areia fina (656,1 g kg⁻¹), transição textural menos pronunciada, pH próximo à neutralidade e fertilidade superior, com altos teores de Ca e Mg refletidos na CTC. A mineralogia também revelou domínio de ilita e quartzo nesse bioma. As análises multivariadas explicaram 76-83% da variância total, com os atributos físicos discriminando os biomas com 90% de acurácia no horizonte superficial e 85% no subsuperficial, superando os químicos (85% e 70%, respectivamente). Essa superioridade indica que a herança do material parental persiste mais que processos pedogenéticos contemporâneos. As trajetórias evolutivas são controladas por tempo de intemperismo, relevo e drenagem. Processos halomórficos desenvolvem-se quando drenagem deficiente coincide com presença de minerais sódicos, independentemente do clima vigente. A heterogeneidade intrabiomal evidencia que controles locais frequentemente se sobrepõem aos regionais, apontando necessidade de ajustes no SiBCS para discriminar adequadamente diferentes estágios evolutivos e comportamento hidrogeoquímico dos Planossolos.