MATICA: MIGRANTES VENEZUELANOS E TRABALHO TEMPORÁRIO EM BOA VISTA-RR
Boa Vista; Migração venezuelana; Trabalho; Trajetória
Os problemas sociais decorrentes da crise econômica e política instaurada na Venezuela, nos últimos anos, se agravam a partir de 2015, resultando em uma onda migratória sem precedentes na história do país. Alegando escassez de emprego, alimentos, medicamentos e violência, milhares de venezuelanos deixam seu país em busca de uma vida melhor. Colômbia, Peru e Brasil, estão entre os primeiros países da América do Sul a receber levas de migrantes venezuelanos. No Brasil, esse movimento de entrada se fez pela cidade de Pacaraima, estado de Roraima, onde a maioria dos os migrantes entravam a pé. A cidade de Pacaraima que fica há pouco mais de 20 quilômetros da primeira cidade venezuelana, Santa Elena de Uairén, se tornou a porta de entrada dos migrantes que em seguida se dirigiam a Boa Vista para daí tomar a decisão de ficar ou partir para outras cidades, no chamado processo de interiorização, seja dirigido ou por conta própria. Os que ficavam, tentavam encontrar alguma atividade que lhes permitisse sobreviver, entre trabalhos temporários e aqueles mais estáveis. Esse trabalho se propõe a entender uma das modalidades de trabalho temporário desenvolvido pelos migrantes venezuelanos em Boa Vista chamadas por eles de matica. A matica consiste na reunião ou concentração de pessoas sob a sombra de uma ou mais arvores, à espera da oferta de trabalho temporário, no formato de diária ou empreitada.