“CRIANÇAS MIGRANTES NAS RUAS EM RORAIMA: REFLEXÕES SOBRE CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE”
Migração; Saúde; Criança Indígena.
As condições de vida e saúde da criança migrante venezuelana indígena e não indígena é o tema principal a que se dedica este trabalho. Para isso, expõe interações e observações realizadas com crianças migrantes nas ruas de Boa Vista, capital do estado de Roraima. O surgimento desse novo elemento social, criança migrante nas ruas, ocorre em consequência da crise humanitária pela qual passa a Venezuela. Considerando as relações interpessoais das crianças pesquisadas com seus pares, familiares e com o pesquisador, suas falas, gestos e comportamentos, bem como a aplicação de desenhos, este trabalho busca evidenciar que a condição de criança migrante afeta a qualidade de vida e insere esse personagem num contexto onde as condições de vida e saúde geram sofrimento, conflitos psicológicos e prejuízos à qualidade de vida dessa população. Demonstra que essas evidências estão relacionadas com a ausência de políticas públicas em diversas áreas como: saúde, educação, segurança, moradia e a incerteza do lugar que a criança migrante ocupa. Contextualiza quanto a questões locais de caráter histórico e sociais da migração e da relação entre indígenas e não indígenas. E identifica que o processo migratório provocou mudanças no comportamento da população local e na geografia da cidade com o surgimento de pontos de aglutinação de pobreza. Discute as relações da população local com os indígenas da região e com os indígenas migrantes, destacando que as crianças são fortemente afetadas por essa relação, que é historicamente conflituosa. Por fim, busca dar maior visibilidade a esse a agente que também compõe os processos migratórios e é invisibilizado em muitos contextos até mesmo por pesquisadores do tema da migração.