Ecos Ancestrais: A potência pedagógica das literaturas indígenas
Educação e Literaturas Indígenas; Amazônia; Colapso Ambiental e Civilizatório; Sateré-Mawé; Literatura de Emergência; Territórios Literários; Ecocartografias
Socioliterárias.
A pesquisa de doutorado Ecos Ancestrais: A potência pedagógica das literaturas indígenas,
realiza uma investigação sobre as referências culturais – e interculturais – das literaturas
indígenas contemporâneas no Brasil e suas correlações com o mundo atual através da
educação. O estudo desenvolve algumas reflexões analíticas sobre como as culturas indígenas
são ressignificadas, valorizadas e fortalecidas pela ancestralidade criativa de autoras e
autores das narrativas que as representam e incorporam. Analisa, por um lado, o impacto e o
potencial pedagógico de sua difusão e influência na cena político ambiental e sociocultural
atual, e por outro, como reverbera de volta para os povos indígenas, estimulando e
fortalecendo a retomada cultural, com incidência revigorante na educação intercultural crítica
nos territórios. Mobilizando narrativas para o manejo do mundo, iniciamos com uma trilha
histórica que nos auxiliará a identificar alguns aspectos dos violentos e arbitrários caminhos
da civilização ocidental que nos impuseram a antropocênica era das catástrofes atuais,
configurando um colapso ambiental e civilizatório sem precedentes, que, não obstante,
continua a nos empurrar ao abismo com as sociopatias distópicas das elites globais.
Paralelamente, celebramos as iniciativas comunitárias, ações insurgentes e movimentos
emergentes em suas múltiplas trajetórias de lutas e conquistas com cada vez mais autonomia,
protagonismo e maturidade. Nesse contexto, o movimento indígena se estabelece com novas
estratégias de resistência e resiliência, aprimorando suas atuações em diversas frentes, entre as
quais, educação, comunicação e artes desempenham papéis fundamentais. Sendo a literatura
um espaço de confluência entre as três áreas citadas, ajustaremos nossos esforços para a
composição de um breve panorama das literaturas indígenas, desde as narrativas ancestrais
até suas publicações mais recentes. Investigaremos então as potencialidades pedagógicas das
literaturas indígenas em seus impactos socioculturais políticos e ambientais através da
educação. Identificaremos assim, com a literatura de emergência, sete pressupostos como
conceitos potentes e práticas estratégicas que aplicamos em três situações: (i) com alunos
indígenas da licenciatura intercultural, como formação complementar interdisciplinar; (ii)
com alunos indígenas de graduação em cursos diversos, como formação de escritores; (iii)
com não indígenas, como formação em educação ambiental e letramento crítico literário.
Partimos então para os territórios literários, onde tecemos pontes entre os principais temas
das literaturas indígenas – agrupados em quatro eixos: fluxo de existência (bem viver), práxis
da resistência (retomadas), estratégias de resiliência (interculturalidade) e potência de
influência (literatura) – com dinâmicas da educação em território indígena da Amazônia,
elaborado, desenvolvido e alinhado com os Sateré-Mawé da Terra Indígena Andirá-Marau.
Chegaremos, enfim, às ecocartografias socioliterárias, com que propomos uma metodologia
que, em articulação com as propostas anteriores, evidencia as complexas redes sistêmicas
interdependentes e interconectadas em que uma obra literária está inserida, interagindo na
sociedade, interferindo em sua dinâmica e reverberando em corações e mentes com
epistemologias e cosmovisões que semeiam o reencantamento do mundo através dos ecos
ancestrais.