AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS A PARTIR DA EXTRAÇÃO DE ARGILA NA VILA VINTÉM, RORAIMA
Desigualdades socioeconômicas. Higienização Social. Olaria. Precarização do trabalho. Política Pública.
A extração de argila tem historicamente causado significativos impactos positivos e negativos, impulsionados pelas práticas do modelo de produção capitalista. A ausência de políticas de desenvolvimento sustentável eficazes permite a exploração contínua dos recursos naturais, intensificando a degradação ambiental e aumentando as disparidades socioeconômicas. Objetivo desse trabalho consiste em avaliar os impactos ambientais e socioeconômicos da extração de argila na Vila Vintém, Roraima. Para tanto recorreu-se a imagens de satélite das plataformas Earthexplorer e Copernicus, processadas no ArcGis Pro, para classificar diferentes ecossistemas, empregando o NDVI como métrica. A matriz de Markov analisou as probabilidades de transição entre categorias de cobertura do solo. Utilizou-se para a pesquisa de caráter qualitativo, um questionário semiestruturado para traçar o perfil dos participantes, envolvendo 23 oleiros da região, abordando aspectos socioeconômicos e ambientais. Nas investigações de campo foram utilizadas técnicas como levantamento fotográfico e consulta a fontes documentais. A análise da matriz de transição revelou padrões complexos, influenciados por eventos como inundações, queimadas e fluxo hídrico, evidenciando a maior resiliência das vegetações moderada e densa. Identificou-se que essa atividade está associada a condições precárias de trabalho e precarização dos oleiros. A falta de regulamentação e fiscalização adequada perpetuou práticas laborais insustentáveis e informais, que marginalizaram os trabalhadores e limitaram suas oportunidades de progresso socioeconômico. Os oleiros enfrentam jornadas de trabalho intensas, chegando a até 18 horas diárias, refletindo a busca pela subsistência em meio à escassez de oportunidades de emprego na região. Constatou-se que a invisibilidade social dos trabalhadores da extração de argila, evidenciada pela má remuneração e pelas precárias condições de trabalho é vigente. Este cenário reflete um preconceito estrutural e a marginalização das pequenas operações familiares em benefício de um discurso de sustentabilidade. Além disso, as diversas tentativas de expulsão das famílias dos seus espaços de sociabilidade pelo próprio Estado, sem a devida consideração pelo seu histórico e contribuições ao mercado, acentuam a exclusão social e a vulnerabilidade da comunidade oleira. Por fim, é notório que há uma ausência de políticas públicas vigentes e de sua implementação adequada para melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores. A ausência de proteção social e direitos trabalhistas expõe os oleiros a riscos significativos, afetando negativamente sua saúde, segurança e bem-estar dessa população excluída e invisível socialmente.