A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ARBOVIROSES E DOS SEUS DETERMINANTES SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA CAPITAL DE RORAIMA (2010-2019)
Boa Vista; saúde; epidemias; Aedes aegypti.
Nas últimas décadas, a Geografia da Saúde assumiu um lugar ainda mais destacado, não só a respeito do estudo das variações espaciais das doenças, mas, também, sobre o processo saúde-doença determinado por condicionantes socioambientais, o que tem ampliado as explicações e ajudado no entendimento das arboviroses, doenças já assumidas como grande problema de Saúde Pública e grandes impactos sociais e econômicos. Tanto que o Brasil contemporâneo é o país com o maior número de casos notificados de arboviroses, e Boa Vista, capital de Roraima, após anos de erradicação da Dengue, em 1981, foi responsável pelo retorno da doença ao país, que desde, então, passou a sofrer recorrentes epidemias não só de dengue, mas, também, de zika e de chikungunya. Este estudo, assim, tem como objetivo geral analisar a distribuição espacial das arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela) e dos seus determinantes socioambientais na área urbana de Boa Vista, Roraima entre os anos 2010 e 2019, a partir da identificação, caracterização e representação cartográfica dos setores censitários com maiores ocorrências. Para tanto, a metodologia usou uma análise exploratória e descritiva, apoiada por uma pesquisa bibliográfica e documental baseada no Método Geossistêmico e em técnicas estatísticas e de geoprocessamento. Os resultados mostraram que as características locais e ambientais de Boa Vista, tais quais a pluviosidade, a declividade, a rede fluvial, a falta ou a precariedade dos serviços de saneamento, a renda e a escolaridade favoreceram o aumento da proliferação do mosquito vetor e, assim, dos casos de arboviroses, situação observada, com maior intensidade, nos bairros na zona oeste. Boa Vista foi responsável por 66% (R$ 582.901,40) do total de gastos das internações hospitalares do Estado de Roraima; foi, ainda, a 3ª capital da Região Norte com mais gastos em internações por arboviroses. Finalmente, foi destacado que para o controle dos vetores e das epidemias arbovirais, em Boa Vista, não bastam ações de combate isoladas, sendo necessárias atitudes em conjunto contra os aspectos multifatoriais que determinam tais doenças.