TECENDO O FIO DA MEMÓRIA: ENTRE A ANCESTRALIDADE E AS TRANSFORMAÇÕES NA AÚDE E ALIMENTAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DE RORAIMA (2002–2024)
Políticas públicas; Soberania alimentar; Alimentação tradicional; Produtos Alimentícios Ultraprocessados; Saúde Coletiva Indígena.
A pesquisa analisa o Campo de Relações da Saúde e Alimentação dos Povos Indígenas em Roraima e os impactos das políticas públicas desse campo implementas pelo Estado brasileiro entre 2002 e 2024 sobre esses povos, com foco nas comunidades atendidas pelo Polo Base Raposa I. A investigação evidencia como essas políticas influenciaram os sistemas alimentares locais, resultando na substituição progressiva da alimentação tradicional por produtos ultraprocessados, o que compromete a soberania alimentar e agrava o quadro de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão. A abordagem parte das memórias da pesquisadora para demonstrar a centralidade da alimentação na organização social indígena, identificando a transformação dos hábitos alimentares como um fenômeno estruturado por políticas assistencialistas e pela expansão do mercado. O estudo destaca a atuação do movimento Indígena de Roraima na luta por direitos, especialmente na formulação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), e discute os desafios na implementação dessa política, incluindo a precarização dos serviços e a resistência em integrar práticas tradicionais ao modelo biomédico. A pesquisa ainda examina o avanço do Projeto Agroindígena como alternativa produtiva, refletindo sobre suas contradições e impactos no território indígena. A análise indica a necessidade de políticas públicas que respeitem os modos de vida dos povos indígenas, fortaleçam a produção local e promovam a autonomia alimentar das comunidades, garantindo que a saúde e a soberania alimentar sejam asseguradas com sustentabilidade e culturalmente adequada.