FLAMABILIDADE DE FOLHAS E RAMOS DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM UMA ÁREA DE CONTATO CAMPINARANA-FLORESTA OMBRÓFILA NA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Fogo, Traços funcionais, Combustibilidade, Árvores.
A flamabilidade é um termo que se refere a capacidade de um material pegar fogo e sustentar as chamas e, no caso do material vegetal, é uma característica determinante de como o fogo se propaga na vegetação. Em geral, a flamabilidade é definida com base em quatro componentes: ignitabilidade (facilidade com que a planta pega fogo), combustibilidade (a velocidade ou intensidade com que o fogo consome a planta), sustentabilidade (a duração do fogo após a ignição) e consumabilidade (quanto da amostra é consumida pelo fogo). A flamabilidade de folhas e ramos de vinte espécies arbóreas, representando 13 famílias, foi medida com uso de um protocolo padronizado para obtenção de dados referentes a altura máxima das chamas, duração das chamas e das brasas, temperatura máxima das chamas, % de perda de biomassa e taxa de queima. Todas as variáveis medidas durante os experimentos de flamabilidade foram resumidas através de análise de componentes principais (PCA). Para cada espécie também foram obtidas medidas de tratos funcionais das folhas. Relação entre os tratos funcionais das folhas e a flamabilidade dos ramos e folhas foi avaliada através de análise de regressão múltipla. Características foliares como área foliar, área foliar específica e a espessura foliar explicaram a variação da flamabilidade dos ramos e folhas representada pelos eixos do PCA. Os eixos resultantes do PCA tanto para flamabilidade das folhas quanto dos ramos representam dois gradientes independentes de variação sendo um relacionado a combustibilidade e sustentabilidade do fogo e outro relacionado a consumabilidade. Com relação a flamabilidade dos ramos, área foliar, área foliar específica e espessura da folha explicaram 23% da variação do gradiente de sustentabilidade e combustibilidade do fogo e 8% da variação do gradiente de consumabilidade do fogo, o qual foi relacionado a espessura foliar. Com relação a flamabilidade das folhas, a área foliar explicou 26% da variação, indicando uma relação direta entre área foliar e sustentabilidade e combustibilidade do fogo. O avanço do desmatamento na Amazônia brasileira vem crescendo de forma descontrolada e associado ao aumento da frequência de eventos de secas extremas tem tornado as florestas mais vulneráveis aos incêndios florestais. O entendimento de como as características individuais influenciam a flamabilidade, pode fornecer subsídios importantes na previsão não somente do comportamento individual das diferentes espécies frente ao fogo, como também prever que mudanças na composição de espécies podem influenciar na flamabilidade da floresta e consequentemente no regime de fogo.