AQUARELAS DE CARLOS JULIÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA: ANÁLISE DA VESTIMENTA DOS LIVRES E LIBERTOS DA AMÉRICA PORTUGUESA NO SÉCULO XVIII
escravidão; livres; libertos; vestimenta; resistência; século XVIII
Antes da década de 1980 os estudos relacionados a escravidão na América portuguesa pautavam-se sob a perspectiva econômica em detrimento das relações sociais, que configuravam-se a partir de aspectos escravistas A escravidão e o que seria ser escravo eram questões pouco abordadas e dificultavam a compreensão da perspectiva do sujeito escravizado sobre sua própria condição, porém, a partir dessa problemática, pesquisas relacionadas ao cotidiano dos negros e pardos no século XVIII se atentaram a debater questões como mobilidade social, relações de poder, negociações e atos individuais como formas de resistências, o que promoveu uma transformação historiográfica, no que tange, vincular escravo a mercadoria. Dessa forma, livres e libertos buscavam desvincular-se de sua situação passada, pois a cor da pele funcionava como um demarcador social, naquela sociedade pautada pela aparência e por fatores de dominação, em vista da regulação hierárquica do Antigo Regime. No entanto, por mais que seus direitos e espaços sociais fossem limitados e muitas vezes nulos, a vestimenta adquire um elemento crucial na reafirmação social, na readaptação cultural e, principalmente, como forma de resistência, em vista de proibições que dificultavam sua inserção social.