Ictismo refere-se aos acidentes provocados por animais marinhos ou fluviais, seja por envenenamento e/ou trauma. Apesar de não serem agressivas, as arraias causam muitos acidentes nas regiões que habitam. Na região amazônica encontra-se a maior diversidade de espécies de potamotrigonídeas, as quais possuem relevância ecológica como predadores para o ambiente natural. O presente estudo teve como objetivo identificar os aspectos clínicos e epidemiológicos dos acidentes causados por arraias de água doce da família Potamotrygonidae em Roraima. Os dados quantitativos foram obtidos por meio da base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e os dados qualitativos através de um questionário aplicado a 50 pescadores do estado de Roraima durante o ano de 2023. As variáveis analisadas foram: ano, município e zona de ocorrência, gênero, idade, raça/cor, escolaridade, ocupação, local da picada, gravidade, evolução dos casos, tempo entre acidente e atendimento e manifestações locais e sistêmicas, além da espécie do animal, intensidade da dor, tempo de evolução da ferida, destino do animal após o acidente, técnicas de prevenção e tratamentos empregados. Durante os anos de 2017 a 2022 foram registrados 402 casos de acidentes por arraias ocorridos no estado de Roraima. A maioria dos acidentes ocorreu em pessoas do gênero masculino com idades de 20 a 40 anos, representando 78,4 % dos casos. Com relação ao local da picada, a maior parte dos acidentes ocorreram no pé, seguida pela perna. Dos pescadores entrevistados, 50% afirmou já ter sofrido algum acidente com arraias, enquanto 82% alegaram já ter presenciado alguém ser atingido por arraia. A dor foi a manifestação mais relatada. 56% dos entrevistados disseram saber como evitar acidentes com arraias, sendo esse conhecimento adquirido com os pais. Este estudo amplia o conhecimento sobre o perfil clínico e epidemiológico dos acidentes provocados por arraias de água doce da família Potamotrygonidae em Roraima. A educação acerca do comportamento das arraias, juntamente com as precauções durante as atividades, pode contribuir para a redução do risco de acidentes, contribuindo para o planejamento em saúde baseado em evidências.

As leishmanioses são doenças infecciosas causadas por protozoários do gênero Leishmania sp. Os hospedeiros vertebrados, como os seres humanos e os animais estão susceptíveis a desenvolver a zoonose, que pode ser progressiva e levar ao óbito quando não tratada adequadamente. Nos humanos as doenças podem se apresentar como Leishmaniose Visceral (LV) e Leishmaniose Tegumentar (LT), dependendo da espécie infectante a sintomatologia se estabelece em órgãos diferentes. A Leishmaniose Canina (LCan), refere-se a doença em caninos, causada principalmente por Leishmania infantum, sendo estes um importante elo dentro da cadeia epidemiológica da doença na área urbana, devido ao estreito relacionamento afetivo com os seres humanos. Os caninos podem se comportar como reservatórios silenciosos, já que nesta espécie a doença possui uma fase assintomática. Quando sintomáticos os animais possuem seu estado geral debilitado, emagrecimento progressivo, hiperqueratose de coxins, onicogrifose e lesões na pele. O objetivo deste estudo foi conhecer aspectos epidemiológicos da doença em caninos na cidade de Boa Vista, e a distribuição geográfica da enfermidade na área urbana. Ainda, foram apresentados resultados de dois inquéritos sorológicos realizados nos anos do estudo. O estudo foi realizado utilizando uma base de dados interna da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses - UVCZ do Município de Boa Vista, com casos reportados entre 2018 a 2022, incluindo oriundos de clínicas e hospitais particulares, analisando a prevalência, métodos de diagnóstico, distribuição geográfica e características epidemiológicas dos caninos. Descreveu-se os dados de prevalência e características epidemiológicas encontradas em inquéritos sorológicos em dois bairros nos anos de 2018. Foram reportados 104 animais durante os anos de 2018 e 2022 a UVCZ, destes 86,5% (n=90) foram negativos ao teste de triagem imunocromatográfico DPP - Biomanguinhos, 2,9% (n=3) foram inconclusivos e 10,6% (n=11) foram reagentes. Ao teste confirmatório, pelo método de ensaio imunoenzimático – ELISA, dos 14 animais, 50% foram reagentes (n=7). Sendo então, estabelecida a prevalência de animais reagentes de 6,7%, distribuídos em cinco bairros de Boa Vista - RR. Estes animais eram na maioria machos, de porte pequeno, adultos, sem raça definida. Todos apresentaram sinais clínicos no momento do diagnóstico, sendo emagrecimento progressivo, onicogrifose e alopecia os mais descritos. Os inquéritos sorológicos de 2018, revelaram 212 amostras ao teste de triagem, sendo 5 amostras inconclusivas e 1 reagente, essas amostras não foram reagentes ao teste confirmatório. Não foram diagnosticados caninos assintomáticos ou com a doença durante os inquéritos sorológicos. O estudo revelou a importância da utilização de diferentes métodos diagnósticos no estabelecimento da enfermidade em caninos. Os inquéritos sorológicos são importantes ferramentas para subsidiar ações de controle e vigilância da enfermidade. Apesar da baixa prevalência constatada na área urbana, deve-se manter a vigilância e o monitoramento, visto que a cidade possui fatores que possam contribuir para o aumento das leishmanioses, como o aumento da densidade populacional e o advindo de pessoas de áreas endêmicas com seus cães.

A pandemia declarada em dezembro de 2019 devido à COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-Cov-2, afetou milhões de pessoas e fez mais de 6 milhões de vítimas fatais pelo mundo. Devido à velocidade de transmissão e alta taxa de letalidade da COVID-19, no ano de 2019 se iniciou uma corrida para desenvolver uma vacina que possuísse eficácia suficiente para prevenir o agravamento de casos e proteger a população contra os óbitos causados pela doença. Conforme a vacinação contra a COVID-19 evoluiu no Brasil, ocorreu a queda dos casos confirmados e óbitos causados pela doença. O estado de Roraima possui os piores números de cobertura vacinal contra a covid-19 em todas as faixas etárias. Em termo de incidência, Roraima possui a terceira maior taxa (25.994,6 casos/100 mil hab.) ficando atrás somente de Espírito Santo e Distrito Federal. O presente estudo pretende avaliar o efeito da cobertura vacinal da COVID-19 na ocorrência dos casos e óbitos confirmados pela doença na população residente de Roraima, considerando sexo, faixa etária e fatores de vulnerabilidade registrados nos Sistemas de Informação do Ministério da Saúde. Serão coletadas informações referentes aos casos e óbitos confirmados de COVID-19 notificados no sistema E-SUS Notifica e Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Em relação às doses de vacina aplicadas, serão analisadas aquelas registradas no Sistema de Informações do Programa 

Nacional de Imunização (SI-PNI), em residentes de Roraima. Os conjuntos de dados utilizados são de domínio público e foram obtidos no site Opendatasus. Os números de casos e óbitos confirmados foram relacionados com a cobertura vacinal para aferir qual o efeito da vacinação nos números da doença em residentes em Roraima. O presente estudo demonstrou que a conforme a cobertura vacinal contra a COVID-19 aumentou, os casos e óbitos da doença apresentaram tendência de queda o que sugere que a vacinação até o momento é o uma das principais formas de proteção para a prevenção de óbitos ocasionados pela doença.

O presente trabalho aborda o câncer de mama, a neoplasia mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, que atinge com maior frequência pacientes com idade acima de 50 anos, com alta mortalidade, sobretudo, devido aos estágios avançados no momento do diagnóstico. Embora sejam discutidos os fatores de risco associados à incidência da doença, o monitoramento e os desfechos das pacientes que fazem acompanhamento mamográfico são necessários em cada unidade de tratamento. Nesse contexto, objetivou-se com este trabalho analisar a incidência de câncer de mama e seus fatores associados nas mulheres que realizaram mamografia de rastreamento no Hospital de Amor de Roraima entre 2021 e 2023, com resultados BI-RADS 4 e 5. Para isso, dados dessas pacientes foram coletados nos prontuários médicos catalogados no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) do Hospital de Amor (HA) (Unidade Boa Vista – Roraima), bem como no sistema de gerenciamento de exames, específico do HA (intranet). Foram avaliados os diagnósticos das pacientes que realizaram mamografias de rastreamento classificadas em BI-RADS 4 ou 5, os fatores de risco associados ao aparecimento do câncer e o perfil sociodemográfico das participantes. Os dados estatísticos constaram de caracterização amostral por meio de análises descritivas e inferenciais de associação entre as variáveis e o diagnóstico para o câncer. Entre os fatores avaliados, apenas a idade apresentou associação à ocorrência do câncer de mama, de forma que o aumento da idade (acima de 50 anos) esteve relacionado aos casos positivos de carcinoma nas pacientes do Hospital de Amor de Boa Vista. Evidenciou-se também que todas as participantes com classificação BI-RADS 5 foram diagnosticadas com carcinoma e aquelas com classificação BI-RADS 4, apresentaram 35,8% de diagnóstico positivo para esse tipo de câncer.

As arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes hematófagos e produzem viremia em hospedeiros vertebrados susceptíveis que, por sua vez, são capazes de transmitir para outros indivíduos no momento do repasto sanguíneo. As arboviroses são zoonoses mantidas em ambientes silvestres onde o clima tropical e fatores antrópicos como o desmatamento, construções de barragens, garimpos, minerações e abertura de estradas proporcionam ambiente favorável a sua manutenção e surtos na região Norte. O estado de Roraima possui fronteiras com os estados do Amazonas e Pará, e países como a Guiana e Venezuela, este último passando por atual crise humanitária e migratória com histórico de reemergência do arbovírus Mayaro. Estudos regulares são focados na circulação da dengue e febre amarela, contudo a escassez de dados referente a outras arboviroses associados aos números de notificações para dengue e que obtiveram resultados negativos pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de Roraima (LACEN-RR) para pesquisa para detecção do antígeno NS1 e anticorpo IgM pelo método ELISA destacam a importância deste estudo quanto ampliação da pesquisa para outros vírus, uma vez que o diagnóstico clínico se torna difícil por terem sintomas semelhantes aos da dengue. O estudo tem o objetivo de determinar os arbovírus circulantes no estado de Roraima (CHIKV,OROV, MAYV, ZIKV e DENV 1-4) a partir das amostras de pacientes com diagnósticos negativos para dengue através da técnica de NS1 realizados pelo LACEN-RR, no período de 2020 e 2021, com a utilização do RT-PCR em tempo real. A parte experimental foi realizado no Laboratório de Vírus Emergentes – LEVE do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (LEVE-IB-UNICAMP) em parceria com Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Federal de Roraima (LaBMol) e teve a LACEN-RR como instituição coparticipante, onde foram analisadas 132 amostras dos anos propostos com resultados não reagentes para NS1 e que apresentaram síndrome febril e outros sintomas característicos do agravo no período agudo da doença (até o 5° dia do início dos sintomas) provenientes do LACEN-RR. Conhecendo a maior sensibilidade da técnica de qPCR, as amostras passaram por processo de extração do RNA viral e quantificação do produto extraído, e posteriormente submetidas a transcrição reversa para obtenção do cDNA. Foi realizada primeiramente o qPCR para CHIKV, seguido de OROV, MAYV, ZIKV e DENV1, 2, 3, 4. Obteve-se 3 resultados positivos para MAY, 8 para DENV, sendo 3 para DENV1 e 5 para DENV2. Não foi encontrado amostras positivas para CHIK, OROV e ZIKV. Torna-se de suma importância conhecer as arboviroses circulantes no Estado de Roraima, com auxilio do diagnóstico diferencial laboratorial utilizando técnicas mais sensíveis, possibilitando que os órgãos de Vigilância em Saúde possam traças estratégias e ações de controle das arboviroses emergentes e reemergentes no Estado de Roraima.

O sistema sanguíneo Diego foi descrito pela primeira vez em 1955 por Miguel Layrisse em um caso de doença hemolítica perinatal em um bebê na Venezuela, o pesquisador publicou largamente seus estudos sobre o antígeno Diego a (Di a ), tendo avaliado sua frequência em diversas populações ao redor do mundo e colaborado de forma muito relevante para a caracterização do sistema Diego. Desde então, foram catalogados 23 antígenos do sistema Diego, a maioria sendo de baixa frequência na população mundial. Diego é o sistema de antígeno sanguíneo nº 10 catalogado pela International Society of Blood Transfusion, tendo sua localização no gene SLC4A1 (banda 3), no cromossomo 17q21.31, com 20 éxons sendo o Diego a (Di a ) prevalente na população sul-americana, nativos americanos, japoneses e chineses. O objetivo deste projeto foi estabelecer a prevalência do antígeno Di a na população de doadores de sangue de Roraima, assim como traçar um perfil sócio-epidemiológico dos doadores testados. A metodologia proposta foi a fenotipagem do antígeno Di a com utilização de plasma de doador de sangue com aloanticorpo anti-Di a através de testes imunohematológicos de compatibilidade devido ao alto custo e disponibilidade do soro comercial para fenotipagem desse antígeno, num estudo transversal prospectivo. Foram elaborados material técnico como protocolos de validação, relatórios de validação e procedimento operacional padrão com a técnica utilizada assim como sugestões para identificação e utilização dos concentrados de hemácias Di a +. A prevalência para o antígeno Di a foi de 9,54% nos doadores testados. Dos indivíduos “O” testados, houve predominância de doadores O+, do sexo masculino, faixa etária de 30 a 39 anos, a etnia autodeclarada mais encontrada foi caucasiano e caucasiano brasileiro, o antígeno com maior frequência foi o “k” e o com menor frequência foi “Kp a ”. O emprego da técnica de fenotipagem para Di a com soro não comercial foi padronizada e validada, tendo 100% de concordância entre os resultados obtidos na triagem e com testes realizados com soro comercial, sendo efetiva na triagem para este fenótipo, permitindo fenotipagem de grande número de doadores e contribuindo para a profilaxia contra a aloimunização, principalmente para mulheres e pacientes em esquema crônico de transfusão.

Desde sua concepção, os seres vivos necessitam de nutrientes adequados para o seu pleno desenvolvimento e manutenção, em todas as fases da vida. A redução do aporte nutricional normalmente leva a um quadro de desnutrição, comprometendo, principalmente em crianças, seu pleno desenvolvimento e em muitos casos, ocorre o óbito precoce, por doenças evitáveis secundárias. Tanto no Brasil, como ao redor do mundo, a desnutrição ainda apresenta índices elevados, principalmente entre as populações onde o acesso ao alimento e água potável não são igualitários a todos. Neste sentido, este trabalho objetivou avaliar o perfil nutricional de crianças menores de cinco anos de idade em um Distrito Sanitário Especial Indígena no norte do Brasil, buscando avaliar possíveis correlações com as causas de mortalidade evitáveis nesta população. Se tratou de um estudo retrospectivo, avaliando dados secundários disponibilizados publicamente por meio do Sistema Eletrônico de Informações ao Cidadão do governo federal, relacionados com variáveis antropométricas e nutricionais da população alvo. Os resultados obtidos evidenciaram elevados índices concomitantes de desnutrição e obesidade. Observou-se também que distanciamento em relação à Sede exerce influência direta no peso e estatura dos indivíduos, evidenciando que quanto mais longe da sede, menores são estas variáveis, bem como as antropométricas relacionadas. Portanto, pode-se concluir em relação ao perfil nutricional das crianças avaliadas neste trabalho que apresentam ao mesmo tempo desnutrição e obesidade, comprometendo seu desenvolvimento e saúde ao longo da vida, indicando um intenso processo de transição alimentar.

Infância e adolescência são etapas da vida repletas de transformações, destacando-se as mudanças fisiológicas como o acelerado crescimento ósseo e muscular, onde as estruturas anatômicas do corpo sofrem acomodações e adaptações posturais. A chamada fase de estirão de crescimento, ou mudança de estatura, com pico aos 9 anos nas meninas e aos 11 nos meninos, coincide com o período escolar. Nesta fase, nem sempre músculos e tendões conseguem acompanhar o crescimento ósseo, o que contribui para o surgimento de alterações posturais e de dor na coluna vertebral, influenciadas por maus hábitos posturais adquiridos no cotidiano do ser humano. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar hábitos posturais e comportamentais associados à presença de dor nas costas e no pescoço de estudantes, de ambos os sexos, entre 9 e 13 anos, em duas escolas públicas de Boa Vista/RR. Trata-se de pesquisa com delineamento transversal, descritivo com abordagem qualitativa e quantitativa, analítico e prospectivo, envolvendo 170 estudantes do ensino fundamental, que se deu por meio da aplicação de BackPEI-CA (Pain and Body Posture Evaluation Instrument for Children and Adolescents), instrumento que contém imagens sobre hábitos comportamentais e posturais cotidianos, além de indagações sobre presença de dor nas costas e no pescoço nos últimos três meses.. A análise dos resultados indicou média de idade de 11 (±1,2; σ 1,28) anos com maior participação das meninas (58,24%). Cerca de 60% dos estudantes apontou tanto dor nas costas quando dor no pescoço, dos quais, em mais de 50% dor com intensidade moderada em ambos os casos. Dentre as variáveis comportamentais estudadas - pratica de atividades físicas; hábito de ler e estudar na cama; quantidade de horas/dias assistindo televisão, usando computador, celular ou tablet e dormindo, apenas a prática de esporte de maneira competitiva esteve associado à presença de dor nas costas (p=0,0196). Alguns hábitos posturais apresentaram correlação com dor nas costas, como a postura de sentar à para escrever (p=0,0143) e a maneira de carregar a mochila escolar de duas alças (p=0,0363). Por outro lado, a posição de dormir associa-se à dor no pescoço (p= 0,0013). Cabe ressaltar que a postura de utilizar o celular ou tablet sentado apresentou correlação tanto com dor nas costas (p=0,0019) quanto dor no pescoço (p=zero). A influência do ambiente familiar pode ser percebida uma vez que foi possível correlacionar a presença de dor nas costas dos pais ou responsáveis, conforme relato dos estudantes, com dor nas costas dos próprios escolares (p=0,0140). Conclui-se que dor nas costas e no pescoço estão relacionados à prática de atividade física competitiva, maneira de sentar à mesa, usar o celular, carregar o material escolar, posição ao dormir, além da influência do ambiente familiar. Estes achados reforçam a importância de posturas adequadas logo nos primeiros anos escolares, visto que por meio da educação postural os estudantes poderão proteger seu corpo de lesões dentro das condições impostas em seu cotidiano escolar e familiar. É importante salientar que o questionário BackPEI-CA apresenta falhas capazes de induzir respostas dúbias.

A Atenção Básica de Saúde é a porta de entrada para o acolhimento da mulher, da criança e da família, gerando saúde para toda comunidade, em vários momentos da vida das pessoas. A atuação da enfermagem tem em suas atribuições o acompanhamento de mulheres no pós-parto, permeada por diversas abordagens e temáticas presentes neste momento. Nesse contexto, esse estudo está centrado no planejamento reprodutivo e sexual das puérperas realizado durante a consulta de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) antes, durante e após a suspensão do isolamento social ocasionado pela pandemia da Covid 19. Esse estudo tem como objetivo principal investigar as percepções dos enfermeiros sobre o Planejamento Reprodutivo e Sexual ao acompanhar as puérperas nas UBS durante a pandemia em Boa Vista-RR. O estudo é de caráter descritivo, fundamentado na abordagem qualitativa. A pesquisa foi desenvolvida em 12 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do municípiodeBoaVista–RR, participaram 14 enfermeiros por prestarem atendimento no planejamento reprodutivo e sexual no puerpério frente ao cenário dapandemiadaCovid19 e demandadiversificadademulheresatendidas nopósparto. Foi realizado a coleta de dados através de formulário on-line pelo Google Forms. Apresenta-se o perfilsociodemográfico e pessoais dosparticipantes e demais informações obtidas por meio de entrevista semi-estruturada gravadas seguindo roteiro pré-estabelecido e assegurando a originalidade durante a transcrição. Por conseguinte a análise dos dados é fundamentada na análise deconteúdo de Bardin, na forma de categorias 

nominadas: atuação do enfermeiro(a) no planejamento reprodutivo e sexual das puérperas na atenção básica de saúde; adesão das mães ao atendimento: planejamento reprodutivo e sexual no puerpério; caracterização do cuidado humanizado durante o puerpério; impactos da pandemia do Covid19 na consulta do pós – parto; percepção do enfermeiro na consulta de enfermagem com puérperas no contexto da pandemia do Covid19. Os resultados constatam que os enfermeiros atuam utilizando estratégias para realizar orientação sobre saúde sexual reprodutiva, respaldam suas práticas em documentos oficias nacional e internacional, complementados por materiais informativos na forma física e digital. Confirma-se que a pandemia do Covid19, interferiu e influenciou limitando o atendimento e acompanhamento das pacientes no período do puerpério. Identifica-se práticas com cuidado humanizado desde a chegada das pacientes na UBS, pela preocupação ao conforto do local, visitas domiciliares, orientações para suprir a necessidade das pacientes. É fato o acúmulo de experiências e vivências influenciáveis na percepção dos enfermeiros para o acompanhamento da saúde sexual e reprodutiva de puérperas, espera-se com esse estudo, tornar mais visível a importância e o valor do serviço prestado pelo profissional de enfermagem neste atendimento na unidade básica de saúde.

O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da hidroterapia neonatal enquanto prática integrativa e humanística frente aos cuidados com o recém-nascido prematuro, analisando os parâmetros fisiológicos (FC, FR, PA, SaO2 e Tax), o estado de sensação de dor, sono e vigília e o peso corporal. Trata-se de um ensaio clínico quase experimental, de natureza quantitativa, realizado na Unidade Neonatal do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth localizado no município de Boa Vista, capital do Estado de Roraima. A amostra foi composta por 60 RNPTs. Foi condicionado a participação ativa da mãe e/ou pai durante as 6 (seis) intervenções. As avaliações foram realizadas em três momentos: antes da intervenção, após 30 minutos e após 1 hora. Na hidroterapia neonatal os participantes foram enrolados com um pano de algodão num postura flexora de membros superiores e inferiores e imersos a nível dos ombros em água aquecida (36 a 37 C), num balde de plástico padrão pelo tempo de 10 minutos. Um questionário foi respondido pela mãe e/ou pai ao final da última intervenção para avaliar a disponibilidade das informações e a participação, aceitação e efeitos observados por eles. Resultados: a média de idade materna foi de 29,2 anos, com média de 2,6 números de gestações, 4,9 consultas de pré-natal e 51,7% tiveram o parto normal. Os RNPTs nasceram com IG de 31,5 semanas, peso corporal de 1,671g, 58,3% eram do sexo masculino, 60% fizeram uso de VMI e 88,3% da VMNI. Durante as intervenções todos os parâmetros fisiológicos (FR, FR, SO2, PA e Tax) apresentaram melhora ou se mantiveram estáveis sugerindo que esse resultado está associado à mudança para um estado comportamental de conforto e relaxamento proporcionado pelas propriedades físicas da água. Na avaliação da dor através da escala de NIPS houve redução de 6,2pts pré-terapia para 0,7pts após 30 minutos e de 0,2pts após uma hora. Semelhante ao que ocorreu na avaliação de sono e vigilía de Brazelton onde a pontuação pré-terapia era de 5,57pts reduzindo para 2,80pts após 30 minutos e de 1,2pts após uma hora. Pode-se concluir que a hidroterapia neonatal oferece benefícios ao recém-nascido prematuro promovendo alívio na sensação dolorosa, melhora da qualidade do sono e do comportamento, equilibra positivamente os parâmetros fisiológicos e favorece o ganho de peso. Positivos também foram os resultados quanto a qualidade de adesão da mãe e/ou pai, quanto a disponibilidade de informações, quanto a aplicabilidade e quanto aos efeitos observados por estes durante a pesquisa. Foi relevante estimularmos o vínculo da tríade mãe-pai-bebê nos cuidados oferecidos pela unidade.

O ofidismo é considerado um grave problema de saúde pública, especialmente nos países tropicais, como o Brasil, onde apresenta elevada taxa de morbimortalidade. Desde 2017, os envenenamentos ofídicos foram classificados como doenças negligenciadas (Categoria A), requerendo estudos para aprimorar o conhecimento sobre esses agravos e seus tratamentos. Além disso, é importante destacar que existem lacunas de conhecimento quando se trata de acidentes ofídicos em crianças e menores de idade, que são tratados de forma similar aos adultos, sem qualquer protocolo de tratamento específico. Os estudos clínico-epidemiológicos sobre o ofidismo enfrentam desafios consideráveis devido à limitada precisão das fichas de notificação compulsória, admissão e prontuários médicos, que frequentemente carecem de informações essenciais sobre o acidente e a evolução clínica. Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho foi estudar e descrever as manifestações clínicas, terapêuticas e desfechos dos envenenamentos ofídicos em menores de idade atendidos no Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento (HGR). Embora esse grupo represente um número menor de vítimas, pode haver maior gravidade comparada aos adultos, sendo um aspecto pouco explorado na literatura. Trata-se de um estudo retrospectivo, epidemiológico e descritivo, analisando os casos de pacientes menores de idade envenenados por serpentes atendidos no HGR no período de 2016 a 2021. Durante esse sexênio, um total de 2.305 acidentes ofídicos foram notificados através do Sistema Nacional de Notificação (SINAN), envolvendo serpentes peçonhentas e não peçonhentas. Desses acidentes, uma análise detalhada foi realizada em 75 prontuários de pacientes entre 12 e 17 anos. Do perfil das vítimas menores de idade, 66% eram do sexo masculino, com idades predominantemente entre 15 e 16 anos, e os membros inferiores foram as áreas mais frequentemente atingidas. As serpentes dos gêneros Bothrops e Crotalus foram as principais causadoras dos acidentes, resultando em sintomas mais comuns, como edema, dor e sangramento local, além de sonolência e ptose palpebral. Embora algumas complicações tenham sido relatadas, como síndrome compartimental e insuficiência renal aguda, o número de óbitos foi baixo, com apenas um caso registrado. O tempo de internação variou de 8 horas a 2 meses, sendo importante ressaltar que o tempo de administração do soro antiofídico após a admissão da vítima foi rápido, ocorrendo em um intervalo de 30 minutos a 2 horas. Dos 75 pacientes, 72 receberam o antiveneno. Além disso, como terapia profilática, foram utilizados vários antibióticos, sendo a cefalotina o mais prescrito. Uma observação relevante é a falta de padronização na diluição dos soros antiofídicos em solução fisiológica ou soro glicosado, visto que tanto o Ministério da Saúde quanto as bulas das vacinas não fazem menção a esse procedimento. Assim, este estudo destaca os aspectos gerais das vítimas de ofidismo na faixa etária entre 12 e 17 anos, demonstrando que não há diferenças significativas em relação às manifestações clínicas, terapêuticas e desfechos quando comparados à população adulta. Não foi identificada a necessidade de um protocolo específico para o atendimento e tratamento dessa população. Entretanto, são necessários mais estudos nessa área para consolidar esses resultados e aprimorar a compreensão dos envenenamentos ofídicos em crianças e adolescentes.

A pandemia do Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV) dura quarenta anos gerando incapacidades às pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) atribuídas as sequelas da evolução da doença e/ou das infecções oportunistas. O estado de Roraima (RR), tríplice fronteira (Brasil-Venezuela-Guiana), enfrenta uma crise migratória, com desdobramentos socioeconômicos que necessitam ser ponderados no desenvolvimento de políticas públicas de saúde. Buscando identificar as incapacidades das PVHA realizamos esta pesquisa. Objetivo: Identificar a prevalência das incapacidades relacionadas à condição de infecção pelo HIV em adultos com prontuários ativos SAE/RR (2002 a 2021). Método: Estudo Transversal de série histórica, descritivo, analítico com caráter quantitativo, em adultos, brasileiros e venezuelanos, pacientes do SAE/RR. Amostra aleatória, utilizando questionário com dados demográficos e autorrelatados, base de dados e sistemas de informações nacionais (SICLOM e SISCEL). Calculada a prevalência, realizada a análise univariada sendo a Odds Ratio a medida de associação para avaliar a relação entre a exposição aos fatores de risco estudados e o desfecho. Para análise dos dados, utilizamos Epiinfo 0.7, teste Qui-quadrado com p ≤ 0,05 (IC 95%). Resultados e Discussão: Aplicados 173 questionários, 36 online e 137 presenciais com o perfil constituído por idade média de 41 anos (DP +/-13,1), predominando de 40 a 60 anos (45,09 %). A faixa etária acima de 40 anos de idade teve associação significativa com as incapacidades (p=0,005). O sexo masculino foi maioria (67,05%) e 10,98% da amostra eram venezuelanos. O desemprego foi de 51,85% e 60% recebiam benefícios de ajuda econômica governamental, não havendo significância em relação as incapacidades. Porém, a prevalência de renda familiar menor de 1 salário mínimo foi 31,79% com associação significativa com incapacidades (p=0,02). O uso de drogas foi relatado por 6,94% das PVHA e teve significância quanto a ocorrência de incapacidades (p=0,002). Dos entrevistados, 6,76% tinham algum grau de dificuldade para realizar as Atividades da Vida Diária, sendo 19,2% dificuldades graves. 22,54% dos pacientes relataram incapacidades: 17,34% tinham algum grau incapacidade funcional e 9,82% relataram outras incapacidades: surdez 1,73%, amaurose 4,62% e cognitiva 2,89%. A carga viral (CV) indetectável foi observada em 83,24% da amostra e 8,67% tinham CV acima de 1.000 cópias/ml, não havendo associação com as incapacidades. Quanto aos valores de linfócitos T CD4, verificamos que 6,94% possuíam valores menores a 200 células/mm³, com valor médio de 687,82 células/ mm³ (DP+/-438,67). Quanto ao tempo de diagnóstico de HIV e uso de TARV por mais de 10 anos (34,1%) houve associação significativa com a ocorrência de incapacidades (p=0,01). Assim como a TARV de resgate foi fator de risco para incapacidades (p<0,05). A má adesão a TARV (32,37%) e a falta as consultas (42,19%) não foram fatores predisponentes as incapacidades. Antecedentes de Infecções oportunistas/coinfecções (34,1%) e do Sistema Nervoso Central (SNC) (12,72%), aumentaram o risco de desenvolver incapacidades (ambos com p=0,000). Conclusão:  Observamos que ter mais de 40 anos, com mais de 10 anos do diagnóstico de HIV e de uso de TARV ou de resgate, ter antecedentes de doenças infecciosas oportunistas e/ou do SNC foram associados ao maior risco de incapacitantes. Desta forma, faz-se imprescindível pensar em políticas de saúde que implementem tecnologias visando a atenção integral e acompanhamento dessa população tendo em vistas os fatores associados as incapacidades

A APS é organizada como o primeiro nível de atenção e a porta de entrada no SUS, composta por uma equipe multidisciplinar atuantes em UBS, que constituem por ser o primeiro contato da migrante venezuelana em estado puerperal com as redes de saúde. O presente estudo possui como objetivos, identificar as práticas assistenciais de acolhimento prestadas pela equipe mínima das UBS junto às migrantes venezuelanas em estado puerperal, rastrear os fatores que interferem no desenvolvimento de práticas assistenciais acolhedoras pela equipe mínima das Unidades Básicas de Saúde junto às migrantes venezuelanas em estado puerperal, propor um produto de editoração representado por um capítulo de livro com caráter educativo-assistencial direcionados para os profissionais da equipe mínima das unidades básicas de saúde, e propor um material didático caracterizado como guia educativo-assistencial para as migrantes venezuelanas em estado puerperal a partir das ações de cuidar identificadas nas unidades básicas de saúde. O referencial teórico divide-se em três tópicos, sendo eles, em busca de fundamentos para pensar o acolhimento no campo da saúde coletiva, assistência multiprofissional à mulher em estado puerperal: caracterizações contextualizadas com a atenção primária à saúde, e saúde no contexto das migrações: abordagens conceituais sobre a mulher migrante. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de caráter qualitativo, realizado em tem UBS, com 46 participantes de 10 equipe da ESF, por meio de uma entrevista gravada com auxílio de um roteiro semiestruturado, sendo realizado análise de conteúdo Bardin, utilizando quadros categóricos para representar os resultados. Os resultados mostram que os profissionais realizam práticas compreendidas como acolhedoras por meio da visita domiciliar, escuta qualificada e orientações em saúde. Foi identificado ainda que há fatores que interferem na realização de práticas assistenciais, sendo eles o idioma envolvendo a comunicação entre o profissional-paciente, e a pandemia pelo SARS-CoV-2 juntamente com o isolamento social. Este trabalho pode avaliar todos os aspectos envolvidos durante a assistência à mulher migrante no estado puerperal, pela equipe mínima da ESF, e no fim foi-se comparado os achados com as literaturas, visando a contribuição para a assistência da migrante puérpera durante o período puerperal através da criação de um capítulo de livro direcionado para orientações voltadas aos profissionais da ESF, e a elaboração de um guia educativo na língua espanhola para as puérperas migrantes venezuelanas. Como limitações tivemos a recusa pelos profissionais, a pandemia e o fato de não ser realizado em todas as UBS do município de Boa Vista. Espera-se que posteriormente o presente estudo possa incentivar a criação de uma linha investigativa-assistencial considerando outros povos migrantes em região de fronteira, para assim singularizar a assistência de acolhimento à mulher migrante no período puerperal junto ao SUS.

A pandemia da COVID-19 continua em curso e tem mobilizado as sociedades do mundo inteiro em suas mais diversas expressões, seja no âmbito da vida individual ou coletiva, com imensos prejuízos para a saúde dos indivíduos, para rotina da vida cotidiana, para a economia, e, em específico, para os sistemas de saúde. Além disso, acentuou as dificuldades na prestação de serviços dos profissionais da saúde, seja no âmbito da capacidade estrutural, organizativa, e física das unidades de saúde, seja no âmbito da vivência psicológica dos trabalhadores da saúde hospitalar perante o cenário pandêmico. Esta pesquisa teve por objetivo descrever e analisar os sentidos das experiências dos trabalhadores da saúde hospitalar diante das exigências e desafios impostos pela pandemia da covid-19. A pesquisa realizada foi de caráter qualitativo, descritivo e analítico, baseada no método empíricofenomenológico, e os dados foram coletados a partir de entrevistas fenomenológicas realizadas no período de 22/02/2022 a 08/03/2022 com 09 profissionais da saúde de variadas profissões (01 médico, 01 enfermeiro, 01 técnico de enfermagem, 01 assistente social, 01 psicólogo, 01 nutricionista, 01 fisioterapeuta, e, por sugestão do NEP, 01 assistente administrativo, e 01 maqueiro) em um hospital infantil situado na cidade de Boa Vista/RR. Como resultado tivemos a descrição dos significados psicológicos invariantes presentes entre os participantes: 1. O caráter abrupto, imprevisível e incerto da pandemia da covid-19 para os trabalhadores da saúde hospitalar, pandemia com potencial de trazer sérios riscos à saúde do profissional da saúde; 2. A tomada automática da perspectiva dos riscos baseada na função social exercida pelos trabalhadores no âmbito da sua atuação em saúde, e, portanto, elemento estruturante da percepção de que eles não poderiam se eximir de tal responsabilidade; 3. O medo como reação emocional dominante, fomentando pela perspectiva do adoecimento, das sequelas e dos óbitos de familiares, amigos e conhecidos, contraposto por um sentimento de cumprimento de dever para com seu trabalho e, em última instância, para com aqueles que necessitavam da assistência em saúde; 4. Um sentido de autopreservação, e preservação das pessoas com as quais os trabalhadores tem um forte vínculo afetivo, de maneira especial, pais, mães, esposos (as) e filhos; e, 5. O sentimento de desamparo perante as várias dimensões da vida em seu caráter intersubjetivo com a tarefa, e as diversas repercussões a nível físico, psicológico e mental. Os resultados a que se chegaram nesta pesquisa qualitativa estão intimamente vinculados ao paradigma metodológico que sustenta as evidências encontradas, revelando uma fina relação entre as partes e o todo dos depoimentos dos sujeitos, com especial atenção ao contexto pandêmico que levou milhares de pessoas a acorrerem aos serviços hospitalares como forma de preservarem as suas vidas, com importantes reflexos para a vida dos trabalhadores que estavam na linha de frente do atendimento assistencial.

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença sistêmica, relativamente comum, que implica na redução ou limitação da capacidade de filtração glomerular dos rins, causa acúmulo de substâncias que deveriam ser filtradas e excretadas pelos rins no sangue e leva o paciente a realizar a hemodiálise. A redução ou perda da função renal ocasiona complicações odontológicas como palidez na mucosa, xerostomia, halitose, estomatite urêmica, doença periodontal, hipoplasia de esmalte, erosão dentária e acúmulo de tártaro. Desse modo, o presente estudo teve como objetivo identificar os fatores clínicos sistêmicos, sócioeconômicos e psicológicos associados às necessidades de tratamento odontológico e uso de prótese dental em pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise na Clínica Renal do Município de Boa Vista/RR. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRR, sendo um estudo prospectivo, observacional, descritivo com pesquisa documental e realização de exame clínico bucal de 84 pacientes, no período de julho de 2021 a dezembro de 2021. As variáveis avaliadas foram sexo, idade, raça/cor, estado civil, escolaridade, ocupação, renda familiar, tempo de tratamento hemodialítico em meses, e o número de dentes cariados, obturados e perdidos, hábitos de higiene bucal, frequência de escovação dentária e uso de fio dental. Como produto tecnológico, um manual de saúde bucal foi elaborado e realizou-se um evento na Clínica Renal, visando orientação acerca dos cuidados com a saúde bucal para os pacientes com IRC e profissionais de saúde que atuam na área de hemodiálise. Sobre os resultados, dos 84 pacientes que foram examinados na pesquisa, 60,7% corresponderam ao sexo masculino e 39,3% ao feminino. De todos os indivíduos avaliados, 32,2% tinham entre 50-59 anos de idade, representando a maior concentração nessa faixa etária. Constatou-se que quanto maior a idade, mais dentes perdidos tem os pacientes avaliados, sendo essa relação diretamente proporcional (r=0,53 e p<0,05). Quanto à raça, 55,9% representaram a raça parda, sendo a maioria dos pacientes avaliados. Sobre a escolaridade, aproximadamente, 87% dos pacientes avaliados apresentaram nível médio ou abaixo e 13%, representando a minoria, possuíam ensino superior. Além disso, observou-se que quanto mais baixos os níveis de escolaridade, mais dentes cariados e obturados apareceram (p<0,05). A maioria dos pacientes avaliados escovam os dentes 2x ou mais por dia, totalizando um percentual de 86,9%. Em relação ao tempo de hemodiálise, quanto maior o tempo de hemodiálise apresentado, maior o número de dentes obturados (p<0,05). Podemos concluir então que os pacientes examinados tiveram, em sua grande maioria, um número significativo de dentes perdidos, cariados e obturados, fenômeno associado à idade, baixa escolaridade, tempo em hemodiálise e também, provavelmente, à dificuldade de acesso a um serviço odontológico público ou privado. Dessa maneira, com a perda precoce dos elementos dentários, mais da metade dos pacientes comprometidos necessitam usar próteses removíveis totais ou parciais para recuperar suas funções mastigatórias e estéticas, demonstrando a necessidade de maior atenção odontológica.

Os fatores relacionados à pandemia, tem se apresentado como estressores, no qual toda a sociedade está sujeita aos seus efeitos. Observa-se assim a necessidade de investigar como esses fatores têm afetado a saúde mental dos profissionais da saúde, que são a linha de frente no enfrentamento da pandemia. Trata-se de um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa, e não probabilístico por conveniência. Teve como objetivo identificar os níveis de depressão, ansiedade e estresse em profissionais da saúde que prestaram assistência no período da emergência na saúde causada pelo novo coronavírus em Boa Vista-RR. Teve como público alvo os profissionais da saúde (enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos, psicólogos e assistentes sociais), atuantes no período da pandemia nas instituições de saúde de Boa Vista-RR. A coleta de dados foi realizada em duas etapas, uma quantitativa com aplicação da Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse. Na outra etapa, foi realizada entrevista de forma individualizada. Os dados coletados através da DASS-21 foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel® 2010, e analisados no programa SPSS 23.0. E os dados coletados nas entrevistas foram examinados com base na proposta de análise temática de Minayo. A participação ocorreu de forma voluntária e de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Roraima, sob o parecer nº 4.421.472. A amostra foi formada por 252 profissionais da saúde, sendo 70,63% do sexo feminino, 42,86% solteiros, com idade média de 36,18 ± 8,2 anos e 39,68% são técnicos de enfermagem. Quanto aos níveis de severidade de depressão (81,6%), ansiedade (68,7%) e estresse (90,5%), podemos observar predominância do nível normal para os três, sendo que 0,4% apresentou o nível de severidade grave de depressão, nível grave (4,4%) e muito grave (1,2%) de ansiedade e, 5,9% dos casos que apresentaram nível leve de estresse. Com relação às entrevistas, observaram-se diversos relatos que apresentaram sofrimento psicológico, como medo relacionado à infecção, transmissão da doença, morte, sobrecarga de trabalho e de horário, falta de informação, pressão e cobrança profissional e social, do uso de EPI’s, que consequentemente causaram tristeza, insônia, desânimo, alterações de apetite e peso, irritabilidade, tensão e esgotamento. Dessa forma, observou-se que existe distinção entre os dados coletados através da escala DASS-21 e os dados da entrevista. E embora seja considerável o sofrimento psicológico desses profissionais, observou-se que a maioria conseguiu desenvolver ou aderir a medidas de enfrentamento para conseguir lidar com todos esses fatores. No entanto, a pandemia continua, sugere-se então continuidade dos estudos, ampliando as amostras para verificar como esses indivíduos estão convivendo com esse vírus, essa doença e todas as consequências causadas em decorrência dos mesmos e da pandemia.

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo microrganismo Mycobacterium leprae, parasita celular obrigatório, que infecta nervos periféricos, levando a um alto poder incapacitante devido ao comprometimento neural. Foram detectados 129 casos novos de hanseníase no ano de 2017. No mesmo ano, o estado evidenciou indicadores de monitoramento da eliminação da doença contrários aos recomendados. Neste cenário, destaca-se a participação do sistema imunológico na patogênese da hanseníase, para a compreensão dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento da doença que caracteriza por aspectos clínicos e imunológicos distintos e variados, associados à capacidade do hospedeiro de desenvolver diferentes respostas imunológicas frente ao M. leprae. O objetivo deste estudo é descrever o perfil epidemiológico da hanseníase em Roraima e revisar a resposta imunológica de pacientes acometidos pela doença. Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo descritivo-observacional, de abordagem quantitativa, de corte transversal, de série temporal, retrospectivo e de base documental, utilizando informações consolidadas e geradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no período de 2001 a 2021 e, adicionalmente, uma revisão bibliográfica em busca de revisar o mecanismo de resposta imunológica (inata e adaptativa) na hanseníase. Os dados coletados foram organizados em planilhas eletrônicas do Microsoft Excel® 2010 e receberam tratamento estatístico por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences IBM (SPSS IBM) versão 23.0, através da análise descritiva dos dados, utilizando medidas de tendência central para as variáveis quantitativas (média e desvio padrão) e distribuição de frequência (simples e relativa) para variáveis qualitativas. Para analisar correlações estatísticas, foram realizados, testes não-paramétricos nas análises bivariadas (qui-Quadrado, teste G e teste exato de Fisher); regressões lineares e projeções, considerando p-valor ≤ 0,05 e intervalo de confiança de 95%. O presente projeto dispensou submissão para aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima (CEP∕UFRR), visto que não haverá envolvimento direto com pacientes e com suas identidades. No período considerado para o estudo, foram notificados 4133 casos de hanseníase, sendo que 3448 (83,4%) foram casos novos, 351 (8,5%) transferências, 125 (5,0%) recidivas, 205 (5,0%) outras formas de ingresso e 4 (0,1%) o tipo de entrada não foi informado. Entre os casos novos predominou o sexo masculino (62,7%), a faixa etária de 20 a 39 anos (38,3%) foi a mais afetada, de cor/raça parda (59,9%), com até 7 anos de estudo (61,2%) no momento do diagnóstico. Com relação às características clínicas houve maior frequência de pacientes diagnosticados como MB (60,8%), apresentando de 2 a 5 lesões (32,1%) e GIF 0 (61,3%). No geral observou-se que no período do estudo houve melhora no quadro endêmico do estado, no entanto permaneceram no último quadriênio classificações como: muito alto, hiperendêmico e precário para casos novos detectados, taxas de cura e GIF 2 avaliado no diagnóstico. Esse diagnóstico situacional auxiliará os profissionais de saúde e gestores de Roraima no planejamento de intervenções estratégicas com foco na vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública.

Este estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Monitoramento e viabilização das intervenções humanas, animais e ambientais no controle da tungíase em comunidades indígenas”, financiado pela chamada CNPq/MS-SCTIE-Decit Nº 22/2019-Pesquisas sobre Doenças Transmissíveis e Negligenciadas, e relata a ocorrência de tungíase especificamente na comunidade Kulaipoipu, Terra Indígena Yanomami (TIY), polo base Auaris, em Roraima. Nos dados fornecidos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) em maio de 2022, os registros de tungíase totalizavam 173 casos, sendo 111 restritos ao polo base Auaris (64%), local em que a pesquisa foi realizada. Trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo, quantitativo, desenhado para identificar a ocorrência de tungíase na comunidade Kulaipoipu, polo base Auaris. A coleta de dados foi realizada de forma colaborativa por uma equipe multiprofissional composta por um agente indígena de saúde atuando como intérprete, uma entomologista, um técnico de enfermagem, um enfermeiro, um médico dermatologista e um veterinário. Através de visitas domiciliares três aspectos foram abordados: medidas humanas, animais e ambientais. Todos os moradores presentes na comunidade no momento da coleta foram avaliados e entrevistados, totalizando 116 pacientes. A presença de animais nas residências e o solo ao redor das casas também foram analisados. Foram identificados 5 casos de tungíase (4,3% da população avaliada), o que de acordo com os dados fornecidos pelo DSEI, representa um aumento de 400% de casos quando comparado com o único caso registrado no ano de 2021. Todos os casos da pesquisa eram crianças (100%), majoritariamente do sexo masculino (80%). Foi possível observar que 100% dos pacientes acometidos possuíam animais de estimação em suas residências. Das casas com tungíase confirmada, 80% (n=4) tinha infestação severa de contaminação do solo por Tunga, os demais 20% (n=1) foram classificados em infestação leve. Quando realizada a comparação através do teste exato de Fisher, não houve significância estatística que comprovasse que a contaminação severa fosse do solo fosse condicionada a presença ou ausência de animais. Além disso a ocorrência Tungiáse não foi afetada pelo sexo, gênero, presença de animais e tipo de casa dos moradores da comunidade Kulaipoipú. Apesar de não ter sido identificado relação estatística entre a ocorrência de tungíase e as variáveis humanas, ambientais e animais, foi comprovado que a doença segue acometendo a população da comunidade de Kulapoipú, mostrando a necessidade de realização de ações conjuntas que visem interromper a cadeia de transmissão da doença.

As políticas públicas são formuladas para atender a demanda de um público, visando tratar ou resolver um problema entendido como coletivamente relevante. A Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal (PASS) surgiu a partir da necessidade de se estabelecer um sistema de saúde de abrangência nacional, que uniformizasse a execução das atividades, a estrutura disponível e as concessões dos benefícios baseados na equidade e universalidade de direitos, visando impactar positivamente na saúde dos servidores públicos federais. No entanto, a PASS foi construída com diretrizes centrais de natureza normatizadora, mas com a sua implantação descentralizada, cabendo a cada órgão a responsabilidade pela sua execução. Para a consecução dessa política, uma das ações foi o desenvolvimento do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS), como estratégia para articular recursos e propor medidas para a implementação. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo analisar como a PASS, mediante a utilização do SIASS, está sendo executada na Universidade Federal de Roraima (UFRR), instituição que utiliza este subsistema desde 2012. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa e descritiva, mediante a utilização de entrevista semiestrutura para a coleta de dados, tendo como sujeitos participantes os ocupantes dos cargos de gestão da UFRR e das unidades responsáveis pela saúde dos servidores, bem como pesquisa bibliográfica e documental. As categorias temáticas utilizadas nos instrumentos de coleta de dados foram: concepções sobre a saúde do servidor, concepções sobre a PASS e concepções sobre o SIASS. Quanto ao tratamento dos dados, este se deu por meio da Análise de Conteúdo de Bardin. Quanto aos resultados, os eixos Perícia em Saúde e Assistência em Saúde estão sendo executados quase que na sua plenitude. Por outro lado o eixo Vigilância e Promoção à Saúde estar bem longe de atingir o ideal, principalmente na ótica dos entrevistados que é pela falta de recursos orçamentários e de pessoal para a execução de várias ações. Para isso, foi sugerido algumas propostas possíveis de serem financiadas e executadas pela própria gestão da UFRR, com foco na redução dos principais agravos à saúde e incidência de adoecimentos dos servidores. Isso e outros apontamentos estão contidos no relatório técnico, entregue ao Reitor e a Pró-Reitora de gestão de Pessoas como produto técnico deste trabalho de pesquisa.

No Brasil, o direito à saúde pleiteado pelos povos indígenas dialoga com diferentes marcos regulatórios, incluindo a Declaração de AlmaAta, a qual propõe e valoriza a atenção primária à saúde (APS) como promotora de maior acesso e forma de minimizar as desigualdades em saúde. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o subsistema de atenção à saúde indígena (SASI) e a Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) foram criados como estratégia para garantir o acesso à saúde aos povos indígenas. A PNASPI prevê atenção diferenciada essas populações com base na diversidade sociocultural e nas particularidades epidemiológicas e logísticas desses povos e focando no desenvolvimento da APS com garantia de integralidade da assistência. O objeto de estudo deste trabalho, alicerçou-se no entendimento de que as condições de saúde dos povos indígenas permanecem pouco conhecida e que os estudos que documentam esse quadro ainda são escassos. Reconhecer a magnitude do impacto dos agravos de saúde mental sobre as populações indígenas é de suma importância para a compreensão e o processo de construção de ações pautadas na atenção diferenciadas para às populações indígenas. Para obter subsídios para essa reflexão produzi um mapeamento sobre diferentes percursos, compreendendo algumas instâncias que discutem e se relacionam à saúde indígena. A dissertação aqui apresentada encontra-se estruturada e subdivide em três tópicos: a primeira onde abordo sobre as conferências de saúde indígena e as políticas de saúde existentes, no segundo tópico abordo sobre a minha experiência e a minha trajetória como conselheira de saúde e no terceiro e último tópico busco retratar as políticas voltada para a atenção psicossocial para os povos indígenas.

O sono é conceituado como estado fisiológico dos animais e espécie humana, onde, dentro de um período de 24 horas- ciclo circadiano - ocorre, alternando com estados de vigília. É regulador da homeostase humana. Sendo assim, a condição de privação do sono parcial ou total são associadas ao desenvolvimento de patologias. As profissões com maior risco para privação e possíveis transtornos do sono estão relacionadas a altos níveis de exigência, estresse e alternância de turno. Dentre elas, estão os profissionais da saúde, que podem ter seus ritmos biológicos endógenos alterados ainda que pontualmente, devido à dessincronização do ciclo sono-vigília. Este trabalho investigou O padrão e a qualidade do sono em profissionais de saúde submetidos em esquemas de trabalho diurno e noturno. O estudo é transversal, descritivo e estatístico. A amostragem foi aleatória simples, onde os instrumentos foram autoaplicados através da plataforma Google Forms, totalizando 159 formulários válidos para análise. Os fatores potencialmente ligados à qualidade do sono dos profissionais da saúde foram realizados por meio de análises descritivas (variável quantitativa) e de agrupamento de frequências observadas (variáveis de natureza qualitativa. O local do estudo foi o Hospital Geral de Roraima. Foi utilizada uma Ficha de caracterização sociodemográfica, seguida dos instrumentos: Índice de Qualidade de Sono de Pittsbrurgh, Questionário de Identificação de indivíduos Matutinos e Vespertinos por Horne e Ostberg (1976) e Escala de sonolência de Epworth. Para a avaliação do Índices de qualidade de sono, as análises de associação foram realizadas pelo teste Qui-Quadrado (χ²), em que foram consideras as frequências esperadas e as frequências observadas de cada evento para verificação de aderência χ². As análises foram realizadas pelo software Prisma GraphPad versão 9.1.4. Não foi objetivo comparar grupos noturnos e diurnos, mas avaliar as tendências de qualidade de sono no conjunto amostral total. A média de idade dos participantes foi de 36,8 anos, 71,5% do sexo feminino, 84,2% do universo total submetidos ao sistema de trabalhos em turnos noturnos, e 79,9% possuem mais de um vínculo laboral. Os resultados determinados pelo Índice geral de Pittsburg (IP), observada a associação significativa (p<0,05), mostraram que 89% dos profissionais da saúde não apresentaram boa qualidade de sono, dos quais, 38% foram caracterizados com qualidade ruim, e 51% sugestivo de distúrbios de sono. Na avaliação do Cronotipo, o grupamento dos indivíduos avaliados mostrou que 54% dos profissionais estudados apresentaram cronotipo Intermediário, 35% Matutino e 11% Vespertino. Existiu tendência à diminuição da qualidade do sono em todas as classes de Cronotipo, pois as porcentagens de participantes encontrados qualidade de sono ruim ou sugestivo de distúrbio de sono foram superiores. Deste modo, este trabalho contribuiu para o campo de estudo do sono em Roraima. A partir disto, espera-se difundir mudanças comportamentais a partir da psicoeducação sobre o sono, aumentando a adesão a medidas de fatores de proteção, como higiene do sono, visto que problemas de sono tem impacto na saúde pública. O produto tecnológico deste trabalho apresentou informações para cumprir o papel da psicoeducação sobre sono entre os profissionais de e público geral.

A saúde óssea, a estrutura e a função esquelética são essenciais para o ser humano. A formação e manutenção da estrutura esquelética é um processo dinâmico que ocorre ao longo da vida no qual a substituição de minerais e outros fatores essenciais são feitos de forma regular e precisa. Numerosos são os fatores que contribuem para essa manutenção e a sua regulação é feita através de uma complexa interação. Geralmente, a perda mineral óssea não provoca sintomas específicos. Assim, uma grande perda óssea ou indução e progresso da osteopenia ou osteoporose são um processo silencioso. Isso, eventualmente, é motivo de grande preocupação para a maioria dos pacientes que não costumam realizar exames de rotina para manutenção da saúde. Além disso, tais condições assintomáticas, muitas vezes são ignoradas também por médicos. O presente estudo foi realizado no Estado de Roraima, Brasil, em pacientes do sexo masculino (>40 anos) para avaliar a possível aplicação da radiografia panorâmica como medida diagnóstica alternativa na detecção de osteopenia e osteoporose. Adicionamente, pesquisamos sobre a higiene oral dos participantes. Diante disso, foi realizada uma pesquisa baseada em um questionário autoavaliativo, seguido de um estudo radiográfico detalhado e registro do Índice Cortical Mandibular (ICM) e Índice Mentoniano. Posteriormente, foram feitas observações estatísticas para uma análise descritiva e descoberta de possíveis fatores responsáveis pelos valores obtidos nos índices aferidos. Os resultados obtidos sugerem que, para a amostra do estudo de 112 participantes, e considerados 25 parâmetros, a idade foi um fator importante (P 0,00456) juntamente com o uso de escovas de dentes não compartilhada com membros da família (P 0,01265) e troca regular de escova de dentes (P 0,0293). Esses fatores foram significativamente influentes nos desfechos do ICM (P 0,06645), enquanto esses mesmos parâmetros não foram significativamente influentes nos resultados do IM. Os resultados descritivos sugerem que a osteopenia e a osteoporose foram dominantes entre os pacientes, confirmados pela análise radiográfica. Assim, a radiografia panorâmica odontológica pode ser considerada como uma alternativa eficaz no diagnóstico da osteoporose. No entanto, devem ser avaliados mais estudos com maior número de participantes sobre diversas populações e fatores associados diversos.

O câncer deve ser analisado como um problema de saúde pública que atinge indivíduos de todas as idades e em todos os continentes. Quando o paciente oncológico não apresenta uma possibilidade curativa aborda-se o tratamento do cuidado paliativo. Há necessidade de cuidar também do cuidador familiar que assume seu papel, função que pode gerar vários sentimentos. Este estudo teve como objetivo examinar as vivências psicológicas constituidoras da experiência do cuidador familiar de pacientes em cuidados paliativos oncológicos, na perspectiva da Fenomenologia. A pesquisa realizada foi de caráter qualitativo, descritivo e analítico, na perspectiva de análise o método fenomenológico-psicológico-empírico. Os dados foram coletados na enfermaria da Unidade de Alta Complexidade de Oncologia de Roraima e foram entrevistados dez cuidadores familiares de pacientes em cuidados paliativos. Como resultado tivemos quatro constituintes sendo elas: o ato de cuidar pelos familiares como escolha; preservando o autocontrole e o medo do futuro; estar ao lado do paciente até o fim e sua rede de apoio para o enfrentamento e espiritualidade como sentido de força e enfrentamento. Na análise identificou-se duas estruturas psicológicas que se fizeram presentes em todos os participantes: estruturas afetivas e estruturas religiosas. Os cuidadores familiares demonstraram que na tomada de sua decisão cada um deles se tornaram protagonista de suas ações, buscando sentido na sua missão em cuidar. Ser cuidador familiar não é uma tarefa fácil, cabe além de ajudar a realizar as tarefas do cotidiano, ter o papel de estimular e não deixar que o paciente se entregue a tristeza e a desesperança. Muitos buscam mostrar-se fortes perante seus entes queridos e alguns omitem seus próprios sentimentos como estratégia para auxiliar seus familiares. A rede de apoio representada pelas comunidades de familiares, amigos e profissionais de saúde, foi identificada como uma fonte de força que ajuda o cuidador a vivenciar os momentos difíceis. Através da espiritualidade e religiosidade o cuidador familiar encontra forças e sentido para conseguir enfrentar todo o processo de adoecimento e finitude de seu familiar. A temática busca auxiliar as equipes, que tem um papel fundamental no cuidado oferecido ao paciente e promover autocuidado para os cuidadores familiares.

Introdução: A Sífilis é uma doença milenar que vem prevalecendo sobre todas as tentativas de sua eliminação, mesmo com diagnóstico e tratamento acessível e disponível no SUS. Objetivos: Verificar o conhecimento, as práticas e as atitudes dos profissionais pré-natalistas no manejo da sífilis na gestação que atuam na Atenção Primária de Boa Vista, identificar as principais barreiras para implantação dos protocolos assistenciais e as estratégias para o controle desse agravo na gestação. Método: Trata-se de um estudo transversal e avaliativo, realizado entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, com 67 médicos e enfermeiros, representando 78,8% dos profissionais que atendiam aos critérios de seleção. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário eletrônico, contendo 43 questões sobre o tema abordado. Foi realizada uma análise descritiva dos dados, através de software excel por meio de distribuição de frequência. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob parecer nº 31936220.2.0000.5302. Resultados: Entre os participantes do estudo 73% eram enfermeiros e 26% médicos. Os resultados indicaram falhas nos conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais de saúde relacionadas ao baixo conhecimento sobre as características da doença, sobre a transmissão vertical, definição de casos, controle de cura da doença, tratamento da gestante e abordagem e tratamento dos parceiros. Dificuldades no acesso das gestantes ao pré-natal e demora no retorno de VDRL para a UBS também foram relatadas. As principais barreiras percebidas pelos profissionais estiveram relacionadas principalmente ao usuário, seguidas pelo serviço e também ao profissional, além do impacto no serviço de diagnóstico e acompanhamento dos casos causado pela pandemia da Covid-19. Os participantes indicaram que a melhoria da assistência deve estar relacionada ao início precoce do pré-natal, tratamento dos parceiros, educação em saúde, treinamentos adequados para o profissional e acesso a situação epidemiológica da sífilis gestacional e congênita do município. Conclusão: Apesar da disponibilidade de diagnóstico e tratamento nas unidades básicas de saúde, pode-se concluir que as gestantes com sífilis não estão recebendo assistência adequada, frente ao constante e crescente número de casos ao longo dos anos, sendo necessário repensar os processos de trabalho, o contexto organizacional e novas ferramentas de educação continuada para os profissionais da ESF, visando proporcionar assistência pré-natal de qualidade para essas gestantes. O estudo pode contribuir com subsídios para o planejamento em saúde na assistência pré-natal a gestante com sífilis, que podem ajudar na formulação e fortalecimento de novas estratégias de combate ao agravo podendo assim apoiar no controle e diminuição da sífilis congênita no município de Boa Vista.

O aumento do consumo de alimentos da culinária japonesa é crescente no Brasil e tem grande influência da adoção de um estilo de vida saudável. Os pescados crus, como o sashimi, exigem atenção redobrada, pois é um alimento que devido suas características, oferece alto risco para a saúde pública. Nesse contexto, é importante adotar em todas as etapas da cadeia de produção medidas que assegurem a qualidade higiênico-sanitárias desse produto, principalmente por ser preparado manualmente e ter um contato direto com as mãos nuas do “sushiman”, o que pode ocasionar no aumento da incidência de patógenos no alimento e até mesmo o tornar impróprio para o consumo. Devido ao atual momento de pandemia, empresas intensificaram a disponibilização do serviço de delivery, porém, por mais que o alimento não possa transmitir covid, é necessário cuidados tanto no que diz a disseminação do vírus, quanto em relação a qualidade desse produto e sua inocuidade a saúde por se tratar de um produto de origem animal cru, sem tratamento térmico efetivo. Contudo, devido à falta de informações no que diz respeito a qualidade higiênico-sanitária desse produto e a necessidade de garantir segurança à população de Boa Vista, foi objetivo do presente estudo avaliar o risco potencial à saúde representado pelo consumo do sashimi através de sistema de “delivery”. Os resultados obtidos foram comparados com os parâmetros preconizados pela resolução da ANVISA – RDC Nº 331/2019, complementada pela IN Nº 60/2019. Todas as amostras analisadas apresentaram Microrganismos Aeróbios Mesófilos, Microrganismos Aeróbios Psicrotróficos, Pseudomonas spp e Staphylococcus ssp., com as populações variando de 5,1 x 104 a 5,0 x 106 , 4,8 x103 a 3,3 x 107 , 1,3 x 104 a 3,5 x 106 e 2,2 x 102 a 4,0 x 103 UFC/25g, respectivamente. Concluiu-se que a maioria das amostras de sashimi apresentou parâmetros higiênico-sanitários insatisfatórios, sendo o seu consumo um potencial risco a saúde, principalmente para pessoas imunossuprimidas, crianças, idosos e gestantes. No que diz respeito ao sistema de delivery e pandemia, notou-se que os entregadores não estão cumprindo adequado os quesitos de medidas de proteção contra o Covid-19. Dessa forma, o momento de entrega do produto também pode ser um risco a saúde pública

Hoje, os arbovírus são reconhecidos como um grande e reincidente problema de saúde pública mundial. São transmitidos por artrópodes de características hematófagas, sendo os principais vetores os mosquitos dos gêneros Culex e Aedes. As arboviroses endêmicas em regiões específicas no Brasil são a Dengue, Febre Oropouche e Febre Mayaro. A Febre Zika e a Febre de Chikungunya, que iniciaram seu ciclo há menos tempo no país, também estão presentes. Objetivo geral: Caracterizar o perfil epidemiológico das arboviroses notificadas no Estado de Roraima entre os anos de 2015 e 2020. Metodologia: Foi um estudo ecológico, do tipo descritivo e analítico, de temporalidade retrospectiva e de abordagem quantitativa, realizado no Estado de Roraima. A população deste estudo é composta pelos pacientes notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação com Dengue, Zika ou Chikungunya notificados em Roraima no período de 2015 a 2020. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes elencados para o estudo, a partir da Ficha de Notificação DENGUE/CHIKUNGUNYA e também a Ficha de Notificação para ZIKA do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), obtidos e compilados em banco de dados pela Controladoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS). Quanto aos dados ambientais, foram coletados dados referentes à temperatura e ao índice pluviométrico de todos os anos da série histórica, que foram ser obtidos através do  Instituto Nacional de Pesquisas Especiais. Os dados entomológicos serão compostos pelos indicadores do Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti fornecidos pela CGVS. Foram realizadas análises de estatística descritiva e inferencial levando em conta a natureza das variáveis e correlações. Este trabalho possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Roraima. Resultados e Discussão: O número de casos notificados de Dengue, Chikungunya e Zika em Roraima, no período de 2015 a 2020, teve o total de 28.010. Considerando os critérios pré-estabelecidos, o número de casos validados para a pesquisa foi de 5.914, sendo 33,98% (Dengue), 61,98% (Chikungunya) e 4,02% (Zika). As infecções pelo vírus da Dengue se fizeram presente em todos os municípios de Roraima. Bonfim, apresentou a maior taxa de incidência analisada no período Sobre Chikungunya, a cidade de Boa Vista foi a mais afetada. Em relação à Zika, o município de Mucajaí teve o maior número de casos. Sobre os casos de Dengue, o sexo feminino se fez predominante. O grupo étnico em maior número foi o “pardo”. A faixa etária mais afetada pelo vírus da Dengue foi a de pessoas com idade entre 20 e 34. Quanto à escolaridade, os indivíduos com ensino médio completo sobressaíram-se. Os indivíduos infectados pelo vírus Chikungunya tiveram um perfil sociodemográfico semelhante à Dengue. Nos casos de Zika possível foi observar a ausência de pessoas do grupo étnico “amarelo”, entretanto as demais características foram parecidas com as outras arboviroses. A febre, mialgia, cefaleia, dor nas costas e artralgia foram os sintomas mais relevantes em todas. Conclusão: Percebe-se uma quantidade considerável de campos em branco, o que sugere falha nos registros e compromete as descrições e análises estatísticas.

A expressividade numérica de migrantes tem sido uma constante no estado de Roraima, com isso, compreende-se a necessidade de atenção especial a ser ofertada a mulheres venezuelanas em situação de migração e/ou refúgio no período gravídico-puerperal, uma vez que há grande probabilidade de encontrarem-se em estado de vulnerabilidade e fragilidade tanto psicológica, quanto física, considerando que o seu país de origem não ofereceu acompanhamento adequado de saúde, o que pode repercutir negativamente na situação de saúde da mãe e do feto. Sabendo disto, a presente pesquisa buscou investigar as características do desfecho perinatal e suas relações com a qualidade do pré-natal no contexto da saúde materno-infantil em população de migrantes venezuelanas. A pesquisa tem como trajetória metodológica um estudo documental do tipo descritivo, analítico e retrospectivo, de abordagem quantitativa. O estudo foi realizado nos setores de internação pós-parto do hospital de referência para a população materno-infantil, situado em Boa Vista- RR. A população do estudo são puérperas venezuelanas com idade entre 18 e 50 anos, com gestação única e que apresentaram gestação de risco habitual. Os critérios de exclusão são puérperas indígenas, gestação gemelar e prontuários e/ou cartão da gestante que não possuam as informações pertinentes para a pesquisa. Conforme cálculo amostral foi composto por 272 participantes. A Coleta de dados aconteceu entre Outubro de 2020 e Junho de 2021 e a ferramenta utilizada para coletar as informações foram prontuários e cartão das gestantes internadas no pós-parto da maternidade. Foi construído um formulário contendo variáveis sociodemográficas, referentes ao pré-natal e ao desfecho perinatal. Os dados foram tabulados em planilhas no Programa Microsoft Excel® e aplicada estatística descritiva e os testes estatísticos inferenciais: Qui-quadrado de Pearson, Qui-quadrado com correção de Yates, Kruskal-Wallis e teste Post- hoc Dunn. As análises foram realizadas com o auxílio do software Prisma GraphPad versão 9.1.2 e Software Jamovi versão 1.8. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Roraima (CEP- UFRR) e aprovado sob parecer de nº 4.306.389. Os dados do perfil sociodemográfico das participantes foram: Idade predominante entre 21 e 29 anos (n= 167; 61,4%); Solteira (n=220; 80,9%); trabalhadoras do lar (n=240; 88,2%); local de moradia Boa Vista (n=241; 88.6%); Renda mensal de 0 a 1 saláriomínimo (n=231; 84,9%); escolaridade Ensino Médio Completo (n=152; 55,9%), apresentando-se estatisticamente significativos aos testes inferenciais. A assistência pré-natal foi classificada em adequado, inadequado e intermediário, e posteriormente foram realizadas comparações com os desfechos gestacionais e dados sociodemográficos, apresentando os seguintes resultados estatisticamente significativos: Desconforto Respiratório (p-valor 0,01); UTI Neonatal (p-valor 0,03); Reanimação neonatal (p-valor 0,004), concluindo que o pré-natal teve influência sobre esses desfechos. Os resultados encontrados vieram subsidiar a tomada de decisão baseada em ciência e evidências para o cuidado com migrantes no estado de Roraima, incentivando as atividades que promovam o engajamento de venezuelanas gestantes no acompanhamento de pré-natal, dando-lhes autonomia e educando-as acerca de saúde reprodutiva e sexual, além de planejamento familiar. Dessa forma, as taxas de desfechos neonatais e perinatais negativos terão redução significativa

De cidadãos do mundo a refugiados políticos, milhares de migrantes venezuelanos cruzam a fronteira brasileira a partir do Estado de Roraima em busca de melhores condições de sobrevivência. Acreditando que a população pediátrica é a fatia mais vulnerável do processo migratório e a que mais utiliza os serviços de saúde, esta pesquisa teve como objetivo avaliar o perfil de adoecimento de 221 crianças internadas no único hospital de referência ao atendimento pediátrico do Estado de Roraima, de gestão municipal. Com o propósito de comparar o estado de saúde de crianças de origens brasileira e venezuelana, foram levantadas informações a respeito das condições sociodemográficas e clínicas delas. Foi realizado um estudo observacional, descritivo, de corte transversal, por meio de revisão documental no prontuário e por meio de informações extraídas de um formulário respondido pelos participantes da pesquisa. A amostra constitui-se de 145 pais e/ou responsáveis legais pelas crianças internadas de nacionalidade brasileira e 76 de nacionalidade venezuelana. Para análise dos dados, foi utilizada estatística descritiva com comparação de médias amostrais utilizando o teste t de Student ou teste de Mann-Whitney e com comparação das proporções de variáveis categóricas utilizando o teste do χ-quadrado. Os dados foram tabulados e analisados utilizando-se o software SPSS. Nos resultados foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na comparação de proporções de todas as características sociodemográficas avaliadas, com exceção da escolaridade do responsável, demonstrando que crianças de origem venezuelana experimentam piores determinantes sociais de saúde. Em relação ao perfil clínico, apenas duas variáveis demonstraram diferença estatística significativa (média do peso de nascimento e idade da criança), expondo uma caracterização clínica bem semelhante entre os dois grupos em comparação. Os motivos das hospitalizações foram semelhantes, assim como a prevalência de ICSAP (Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária). Ademais, em relação à acessibilidade dos serviços de saúde em Roraima, observaram-se diferenças estatísticas significativas em relação a uma possível menor cobertura da atenção primária à saúde entre as crianças de origem venezuelana, e uma maior percepção de demora no atendimento ao utilizar o SUS em Roraima entre os pais e/ou responsáveis pela criança de origem brasileira. Conclui-se, diante deste cenário, que existem iniquidades em saúde na comparação das duas populações do estudo, sendo que somente o avanço da estrutura dos serviços de saúde no Estado de Roraima talvez não seja suficiente para garantir saúde e condições equânimes para a inserção social dos migrantes venezuelanos. Faz-se necessário, então, estabelecer políticas que diminuam as desigualdades sociais entre os indivíduos, independentemente de nacionalidade.

Mesmo com o avanço alcançado por meio de pesquisas em relação às formas de prevenção e tratamento, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) persistem como um sério problema de saúde pública devido ao seu alto poder de disseminação. Uma das populações consideradas vulneráveis ao acometimento pelas ISTs são os profissionais do sexo devido ao comportamento de risco, a citar a multiplicidade de parceiros, a baixa adesão ao uso do preservativo, o uso de álcool e outras drogas ilícitas. Soma-se, ainda, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde enfrentados por esse segmento populacional. Este estudo objetivou investigar a prevalência do diagnóstico das ISTs (HIV, Sífilis, Hepatite B e Hepatite C), o conhecimento, as percepções e as crenças dos profissionais do sexo em Boa Vista, Roraima. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, analítico, de caráter quantitativo. A pesquisa, ocorreu no mês de agosto de 2018 em pontos de prostituição nas proximidades da Feira do Passarão através da aplicação de instrumentos que coletaram dados sociodemográficos, o conhecimento sobre as ISTs e uma escala de crenças que avaliou as crenças e percepções acerca das ISTs. Além disso, também foram realizados testes rápidos para detecção de HIV/AIDS, Sífilis, Hepatite B e C. Para a realização da estatística descritiva e analítica foram utilizados os programas Microsoft Excel e Epi Info. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima (CEP∕UFRR) sob o parecer nº 2.962.053. A amostra deste estudo foi constituída por 72 profissionais do sexo, prevalecendo o sexo feminino (97,2%), na faixa etária de 18 a 28 anos (68%), raça/cor parda (51,4%), nacionalidade venezuelana (90,3%), residente no bairro Caimbé (77,8%), solteiro (58%), com 7 a 12 anos de estudo (59,7%), renda familiar de até mil reais (77,8%) e religião católica (38,9%). A prevalência da infecção por ISTs foi de 13,8%, sendo 12,5% diagnósticos de Sífilis e 1,4% de HIV, todos no sexo feminino. Verificou-se que a maior prevalência de casos de IST ocorreu na faixa etária de 41 a 60 anos, dentre as solteiras, com baixo nível de escolaridade (nunca tinham estudado), com raça/cor não informada na pesquisa, naquelas que não informaram a renda e que não tinham religião. Quanto ao nível de conhecimento sobre as ISTs, a maioria dos participantes foi classificada com um nível de conhecimento médio. Em relação às crenças e percepções, prevaleceram as crenças consideradas neutras, as quais devem ser melhoradas para se tornar protetivas. Nenhuma variável testada apresentou associação significativa estatisticamente com o desfecho diagnóstico positivo para IST. Conclui-se, portanto, que as ISTs nos profissionais do sexo são um fenômeno complexo e multidimensional, influenciado pelas características sociais, econômicas, culturais e que as principais medidas para modificar esse cenário devem ser voltadas a prevenção, o acesso aos serviços de saúde, detecção precoce e tratamento oportuno.

Introdução: A sífilis surgiu como uma doença reemergente no Brasil. Visto que, essa patologia já havia sido controlada, porém, voltou a apresentar iminente ameaça à saúde da população. É importante identificar os fatores pertinentes ao ressurgimento da sífilis no país. Sendo assim, o Ministério da Saúde, criou o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a fim de contribuir para a democratização de importantes informações concernentes as notificações e investigações de casos de patologias e agravos no país. No Brasil, desde 2010, a notificação dos casos de sífilis tem sido obrigatória. Objetivos: Conhecer o perfil epidemiológico da sífilis adquirida no estado de Roraima, no período de 2010 a 2018. Metodologia: O presente estudo foi realizado a partir da avaliação dos casos de sífilis notificados no estado de Roraima, no período de 2008 a 2018, tais dados foram obtidos no SINAN-NET e Boletim Epidemiológico de Sífilis, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde (MS). A amostra do estudo incluiu 2.334 casos notificados de sífilis em 15 municípios de Roraima. A análise dos dados foi realizada utilizando-se o MS Excel e o QGIS. Foram avaliados fatores sociodemográficos e espaciais para atingir o objetivo do presente estudo. Resultados: Verificou-se que a maioria (59,90%) dos casos pertenciam à faixa etária sexualmente reprodutiva de 20 a 39 anos, seguida de 40 a 59 anos (20,95%). Cerca de 36,46% (851 casos) não registraram o nível de escolaridade, no entanto, a maioria dos casos foi registrado com a escolaridade de ensino médio completo (26,30%). A maior parte dos casos foi a raça "parda" (69,24%). Os casos de sífilis foram mais concentrados em Boa Vista, capital de Roraima. Observou-se que, em 2014, houve um aumento significativo na notificação de casos, que continuou até 2018. O município de Boa Vista voltou a ter maior incidência média de 2008 a 2018 (53,75% casos/100000 habitantes). A distribuição espacial mostrou que a incidência é maior nos municípios que fazem linha nas rodovias que dão acesso à fronteira sul do Brasil (BR-174). Conclusão: A maior incidência de casos sífilis foi encontrada nos municípios de Boa Vista e Pacaraima. Sua adjacência com a rodovia estadual que dá acesso aos estados do Sul do Brasil pode ser um dos fatores responsáveis pelo ressurgimento dos casos de sífilis nessas áreas. Outro fator relevante é o fluxo migratório de estrangeiros pelas fronteiras Brasil-Venezuela e Brasil-Guiana.

A pesquisa deste trabalho emerge da realidade mostrada em vários estudos que indicam que apesar dos direitos da pessoa com deficiência estarem previstos em vários dispositivos da legislação brasileira, como a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e bases (LDB), além da Lei Brasileira de Inclusão (LBI); suas garantias, reconhecim

ento e aceitação ainda não estão consolidados em muitos espaços, inclusive no espaço educacional. Outro ponto relevante desta pesquisa é em relação à evolução de valores elencados, evocados, assumidos quando se trata e lida com a educação inclusiva, pois esta temática remonta a todos os valores buscados dentro de uma sociedade tais como fraternidade, igualdade, respeito, amor, justiça, entre outros valores. Versando por todos os valores morais almejados numa nação. Diante disso, teve-se como objetivos analisar como a inclusão se institui na Universidade Federal de Roraima, a partir de saberes inscritos em documentos administrativos do núcleo Construir, e através de entrevista para saber como os discentes com deficiência são contextualizados em espaços de formação no ensino superior, dentro da UFRR. Em relação à pesquisa documental referente ao quantitativo de alunos matriculados na Universidade Federal de Roraima, no ano de 2019 há um total de 122 alunos com deficiência matriculados na instituição; sendo que deste total 104 possuem a matrícula ativa e 18 tiveram sua matricula cancelada no ano em questão. Quanto à acessibilidade, a UFRR oferece: Rampas nas calçadas, banheiros adaptados, ônibus adaptado para cadeirantes, sendo que os demais ônibus possuem cadeira de rodas; placas informativas em braile no Campus Paricarana e adequações de acessibilidade em novas obras de construções ou reformas. Sobre as entrevistas: Todos os entrevistados consideram a atuação do Núcleo Construir excelente. Foi unânime também as respostas sobre a inclusão na UFRR, afirmando ser a instituição um espaço regularmente inclusivo, que possui sim empenho em se tornar referencia no quesito inclusão. A Divisão de Acessibilidade Núcleo Construir desenvolve diversas ações de apoio aos alunos com deficiência tais como: Recepção de calouros, mediação dos alunos com seus respectivos cursos; contato e visita domiciliar, escuta, acolhimento e orientação; parcerias com instituições que atuam na área de acessibilidade; projetos de extensão com o objetivo de contribuir para a melhoria da aprendizagem, saúde e qualidade de vida dos discentes, bem como a conscientização da comunidade universitária. Acredita-se que, nos quesitos inclusão, contexto social e comprometimento educacional, pessoal e profissional, a UFRR tem fortes indícios de ser uma promissora formadora e transformadora de atitudes e ideias e construtora de cidadania dentro do contexto educacional. De modo geral, os resultados obtidos nesta pesquisa promovem maiores e melhores reflexões acerca da inclusão.

O estado nutricional de crianças indígenas é determinado por fatores biológicos e socioeconômicos, configurando-se como fator importante no perfil de saúde da população infantil, por influenciar direta e indiretamente os índices de morbimortalidade, especialmente nos primeiros anos de vida. Objetivou-se descrever o estado nutricional de crianças indígenas menores de cinco anos do polo-base Morro do DSEI Leste de Roraima, além de realizar caracterização sociodemográfica e clínica, identificar fatores de risco para o déficit nutricional e elaborar estratégias que auxiliem no monitoramento nutricional desta população. Trata-se de uma pesquisa quantitativa de desenho exploratório, descritivo, de corte transversal, com base em dados secundários norteada pelo Guideline Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology - STROBE. Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel 2010 e analisados utilizando o software “Statistical Package for the Social Sciences” (SPSS) versão 21, utilizando-se estatística descritiva e inferencial. A amostra contou com 235 crianças, com predominância do sexo masculino (54,04%), a média foi 29,2 meses, com desvio padrão de 17,7 meses, filhos e filhas de mães cuja escolaridade alcança, em sua maioria, o ensino fundamental (43,83%) e médio (42,13%). Mais da metade dessas mães (53%) não recebe nenhum tipo de benefício social, porém, cerca de (47%) são atendidas ou pelo programa Bolsa Família ou pelo programa de distribuição de leite. Quanto às características clínicas, identificou-se que 57,46% das crianças estudadas não ingeriam leite materno. A maioria das crianças não foi suplementada com sulfato ferroso,  contudo, 73% em idade adequada, foram suplementadas com vitamina A. A quase totalidade das crianças não apresentou doenças (1,28%) ou agravos de saúde (0,85%). Acerca do estado nutricional, observou-se na classificação de peso para idade que 7,24% das crianças apresentavam déficit nutricional, 92% possuíam peso adequado e apenas 0,8% foram classificadas com sobrepeso; enquanto que na classificação de altura para idade, os níveis de desnutrição aferidas por déficit estatural foram importantes, totalizando 20,42%. Outrossim, 78,72% das crianças encontravam-se com estatura adequada para idade, e 0,85% possuíam altura elevada para idade. Não foram identificadas correlação entre fatores clínicos e o estado nutricional de crianças indígenas analisadas, o que também impossibilitou o estabelecimento de fatores de risco. Dessa forma, demonstrou-se a existência concomitantemente de dois distúrbios nutricionais: déficit nutricional e sobrepeso, com maior importância para o primeiro. Os achados visam contribuir para a melhoria do serviço de saúde ofertado à população indígena, e colaborar com o monitoramento do estado nutricional de crianças indígenas, principalmente aquelas com déficit nutricional.

Introdução: O planejamento familiar consiste em um conjunto de ações que orientam sobre saúde sexual e reprodutiva, espaçamento e número de filhos, opções de métodos contraceptivos e demais assuntos relacionados. Sua condução deve respeitar os direitos que toda mulher, homem e/ou casal possuem de escolher de forma livre e por meio da informação, sem discriminação, coerção ou violência como planejar sua família. Objetivo: Investigar as relações entre planejamento reprodutivo e fatores associados em mulheres cadastradas ou não na Estratégia Saúde da Família do Município de Boa Vista-RR. Método: Estudo transversal e descritivo, realizado entre 7 a 29 de setembro de 2020, por meio da disponibilização de questionário eletrônico contendo 13 questões sobre o assunto abordado na pesquisa. O público-alvo foi composto por mulheres residentes no município de Boa Vista/RR, desde que com idade entre 18 e 49 anos. Os dados foram analisados no software Stata v.15. A análise descritiva contemplou cálculo de frequências para variáveis categóricas e de medidas de posição e dispersão para variáveis quantitativas. Na análise inferencial foram aplicados os testes de associação exato de Fisher ou qui-quadrado de Pearson, a depender da distribuição das variáveis. O nível de significância adotado foi de 5%. O estudo foi aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer nº 4.054.425. Resultados: Participaram 247 mulheres, predominantemente na faixa etária de 29 a 39 anos (43,72%), com ensino superior completo (49,80%) e casadas (38,46%). A maioria não era beneficiária do Programa Bolsa Família (94,33%) e possuía renda entre um e dois salários mínimos (21,86%). Das participantes, 24,7% não possuíam filhos. Dentre as que eram mães, a maior parcela tinha um ou dois filhos e a maioria (44,53%) informou que nenhum de seus filhos foi planejado, não sendo identificada associação com a renda. Apenas 10,93% das mulheres não estava familiarizadas com o termo planejamento familiar e 58,30% relataram participação em ações desse âmbito, majoritariamente em Unidades Básicas de Saúde. A presença de filhos não planejados ocorreu majoritariamente em mulheres com renda entre um e dois salários mínimos. A possibilidade de realizar procedimento de aborto foi cogitada majoritariamente por mulheres com idade entre 29 e 39 anos (46,15%) e solteiras (41,03%). Em média, as participantes conheciam 7,78 (±3,3) métodos contraceptivos e utilizavam 1,12 (±0,93). Os mais utilizados foram: camisinha masculina e/ou feminina (38,06%), pílula (19,84%) e injeção (12,96%). A participação em ações de planejamento familiar mostrou associação significativa com o uso de três métodos: camisinha masculina e/ou feminina (p=0,038), laqueadura tubária (p=0,001) e vasectomia (p=0,016). Conclusão: O estudo permitiu evidenciar possibilidades de melhorias na realização do planejamento familiar no município de Boa Vista, principalmente quanto ao provimento de educação em saúde sobre gravidez não planejada, procedimentos de aborto e uso adequado de métodos contraceptivos, especialmente a camisinha, por seu papel na prevenção de ISTs.

Cientes que a alimentação e o estado nutricional são vitais para  o desenvolvimento infantil e a qualidade de vida da criança, o presente estudo tem por objetivo avaliar o estado nutricional de crianças na primeira infância participantes do Programa Social Família que Acolhe (FQA), no período de março de 2019, em Boa Vista, Roraima. A pesquisa caracteriza-se como descritiva exploratória com delineamento transversal e abordagem quantitativa, onde a população avaliada foram crianças de 2 aos 3 anos e 11 meses de idade, de ambos os sexos ( n = 1.040), atendidas pela rede municipal de creches Casas Mãe, formada por trinta e três núcleos integrantes do programa FQA, distribuídas em doze bairros da zona oeste do município de Boa Vista. Foram analisados os dados dos prontuários,  referentes a peso, altura, idade, sexo. Utilizou-se como avaliador os índices antropométricos estabelecidos pela OMS e validados pelo SISVAN: peso-para-idade (P/I), estatura-para-idade(E/I) e peso-para-estatura (P/E) Índice de Massa Cóporea (IMC). Os resultados observados mostram a caracterização do estado nutricional das crianças do sexo masculino (n = 547) e feminino (n = 493). As médias gerais de Peso (kg), Estatura (m) e Índice de Massa Corpórea (IMC), mesmo com mínimas variações, mostraram-se similares entre todas as crianças, fato que justifica o agrupamento dos dois sexos avaliados nas mesmas categorias especificadas pela OMS, quanto aos valores de escore z dos índices antropométricos testados (IMC, P/I, P/E e E/I). O índice P/E do total de crianças, 84,6% estavam eutróficas, 10,8% em risco de sobrepeso, 2,9% com sobrepeso, 1,1% com obesidade se somado no total 14,8% das crianças apresentaram riscos nutricionais com excesso de peso, ficando suscetíveis no futuro ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Conclui-se o fechamento desse estudo reforçando a necessidade de um trabalho de educação nutricional com os pais para uma alimentação mais equilibrada das crianças e consequentemente o acompanhamento nutricional para manutenção do bom estado de saúde durante toda fase do desenvolvimento infantil. Enfatiza-se também a implementação de políticas públicas que atuem o mais precocemente naqueles que são os principais determinantes do excesso de peso.

O processo de envelhecimento reduz as funções biológicas, influencia nos aspectos relacionados à resposta do organismo aos medicamentos, fato que pode desencadear reações adversas e ainda comprometer o estado nutricional e acarretar em modificação da composição corporal. Com base no exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional e o uso de medicamentos em idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência em Boa Vista-RR.  Para tanto, foi conduzido um estudo de corte transversal, com delineamento descritivo e abordagem quantitativa. Para realizar a caracterização sociodemográfica, clínica e farmacoterapêutica dos idosos, foi utilizado um instrumento de coleta de dados elaborado previamente pelas pesquisadoras. Para a avaliação do estado nutricional foi aplicada a Mini Avaliação Nutricional (MAN) completa em dezembro de 2018. Os fármacos prescritos foram classificados segundo a Anathomical Therapeutic Chemical (ATC) e as interações potenciais teóricas entre fármacos e suplementos alimentares com alimentos/nutrientes segundo a base de dados informatizada Micromedex®.  A pesquisa foi realizada com 27 idosos de ambos os sexos, que residiam na instituição há mais de 30 dias durante o período da coleta de dados. Desses, 88,9% eram do sexo masculino, com prevalência de 44,4% na faixa etária de 70 a 79 anos. O tempo médio de institucionalização foi de 6,1 anos (±7,1). Na avaliação nutricional, verificou-se a prevalência de 66,7% de idosos com risco de desnutrição. Em relação às doenças que afetam os idosos institucionalizados, houve uma média de 2,7 (±1,5) diagnósticos. A Hipertensão Arterial Sistêmica foi o diagnóstico mais prevalente, porém os medicamentos mais consumidos foram os que atuam no sistema nervoso, sendo a dipirona (59,3%) o fármaco com maior frequência de prescrição entre os idosos. Quanto às interações potenciais entre fármacos e suplementos alimentares com alimentos/nutrientes, os dados evidenciaram 182 possíveis interações, que se distribuíram em 44 tipos diferentes de combinações entre  fármacos e nutrientes. Destacaram-se, as interações classificadas com nível de intensidade menor (47,2%), de início rápido (61,0%) e com boa qualidade na documentação (57,7%). A toranja foi o alimento de maior prevalência envolvida nas interações, com potencial de interagir com 10 fármacos distintos, quatro destes com ação no sistema cardiovascular. Esses resultados reforçam a importância da avaliação multidimensional ao idoso, com constante revisão dos esquemas terapêuticos, além do estabelecimento de medidas de promoção e/ou reabilitação da saúde, por meio de uma equipe interdisciplinar, que deve estar preparada para identificar e intervir nos problemas de saúde associados à fragilidade dos idosos institucionalizados

Com o avanço da idade é quase inevitável a presença de diversas comorbidades. Esse perfil tem como consequência o início ou aumento da quantidade de medicações administradas. O atendimento adequado a pessoa idosa é um desafio para os profissionais visto que uma assistência sem as devidas precauções é uma das principais causas do aumento do número de internações e riscos evitáveis, onerosidade para a saúde pública e sofrimento ao paciente. Esta pesquisa avaliou as prescrições de medicamentos considerados inapropriados para idosos (MPI) em uma instituição de longa permanência na cidade de Boa Vista, Roraima. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, quantitativo e documental. A coleta de dados foi realizada no período de junho a novembro de 2018 e para análise estatística, utilizaram-se os programas R 3.6.1., Statistic 7.0.e Epi-info 7.3.5. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Roraima sob o parecer nº 3.0066.517. Considerando os critérios de inclusão, foram avaliadas as prescrições de 25 idosos residentes na instituição. Foi utilizado o Consenso Brasileiro de Medicamentos Impróprios (2016) para classificação dos medicamentos inapropriados. Observou-se que a maioria dos idosos da instituição possuíam as seguintes características: 88,0% eram do sexo masculino, com média de idade igual a 77,2 (± 9,0) anos, tempo de institucionalização de 5,9 (± 6,7) anos, 64,0% possuíam algum grau de dependência para atividades diárias II ou III, com média de 3,6 (± 2,3) diagnósticos e 72,0% dos idosos utilizando mais de 10 medicamentos. Dos 113 medicamentos prescritos, 37 foram identificados como medicamentos inapropriados. Dos MPI, os medicamentos do Sistema Nervoso foram de maior prevalência (37,8%; n=14) seguido de Trato Alimentar e Metabólico (24,3%; n=9), os medicamentos mais prescritos aos idosos no período foram omeprazol (64%; n=16) e AAS (40,0%;n=10). Constatou-se uma associação estatística do uso destes medicamentos com o grau de dependência (p=0,03), maior número de diagnósticos (p=0,02) e medicamentos (p=0,00). Foram encontradas também 62 interações diferentes entre os medicamentos inapropriados, sendo 30,6% (n=19) consideradas de risco leve, 50,0% (n=26) de risco moderado e alto (27,4%; n=17). Espera-se que os resultados desta pesquisa auxiliem os profissionais de saúde para melhor adequação as prescrições prevenindo riscos e garantindo uma melhor qualidade de vida a esse grupo populacional. Considera-se importante atentar aos idosos com as variáveis significativas por serem considerados grupo de risco para prescrição de medicamentos inapropriados.