O presente estudo tem por objetivo discutir aspectos do erotismo no gênero poesia, em Roraima, nas obras: Amor Amante, de Rosidelma Fraga, Movejo, de Sony Ferseck, Amor para quem odeia, de Elimacuxi e Meu mundo e o que eu vejo, de Eliza Menezes. A escolha da temática desta pesquisa justifica-se pela compreensão da importância de discutir o erotismo como relevante, pois é tão antigo quanto a humanidade e mesmo estando manifesto na cultura e na arte desde a era paleolítica, ainda assim existem tabus, preconceitos e, também, considerando a escassez de pesquisas e trabalhos acadêmicos que abordem a temática na literatura de Roraima. Esta pesquisa analisa elementos que configuram a caracterização dos aspectos do erotismo presentes em poemas escolhidos nas obras das autorais localmente referenciadas. Por meio da análise das construções poéticas, observou-se que o eu lírico feminino é livre, dominante, independente e evoca o erotismo tendo como ambiente simbólico circundante o amor/sexo metaforizado em elementos naturais, as lembranças, a saudade, a sensualidade, as sensações e os sentidos. O erótico nos poemas é permeado pelas construções lexicais e sonoridade rítmica. Pretende-se neste estudo a valorização da poesia de escritoras roraimenses, contribuindo com o debate para a sociedade roraimense, sobre a importância de conhecer a literatura produzida por mulheres, e suas incursões poéticas, tais como o erotismo. Nesse sentido, a partir da temática da pesquisa, intentamos contribuir para a desconstrução de mitos e preconceitos acerca do erótico na poesia local, uma vez que esse tema é plural para se pensar as questões da historiografia literária de Roraima na contemporaneidade.

Esta dissertação objetiva analisar o espanhol no contexto da paisagem linguística (PL)
da cidade de Boa Vista-RR. Para tanto, estabelece como hipótese principal que a
migração venezuelana impulsionou o cenário multilinguístico da capital roraimense,
dando destaque à multifuncionalidade do espanhol na dinâmica e cultura local. O
referencial teórico desta dissertação fundamenta-se numa perspectiva sociolinguística
dos contatos linguísticos e aciona o quadro teórico da Linguística de Migração
(Zimmermann, García, 2007; Gugenberger, 2007), da Paisagem Linguística (Landry,
Bourhis, 1997; Shohamy, Gorter, 2009; Rodríguez, 2012) e dos estudos de diglossia
e bilinguismo (Fishman, 1967). A metodologia deste estudo busca identificar
expressões dessa nova paisagem linguística, através da presença do espanhol em
placas, anúncios e outros gêneros/suportes textuais. A coleta de dados envolveu a
fotografia e geolocalização de 150 imagens, posteriormente analisadas e
cartografadas pelos softwares QGis e Google Earth Pro. A análise dessas imagens
considera estes seis critérios: levantamento e zoneamento espacial da PL;
identificação das esferas das atividades humanas; identificação do âmbito espacial
(público, privado ou misto); tom da escrita (amistoso, neutro ou agressivo); grau de
ostensividade (mais ou menos ostensiva (visível, destacada, difundida, elaborada, fixa
etc.) e tipo de suporte (convencional ou incidental). Os resultados mostram que o
espanhol se manifesta de forma ostensiva em diversos espaços públicos de Boa Vista,
especialmente em áreas comerciais e periféricas. Na Zona Oeste de Boa Vista, onde
a presença da língua espanhola se destaca no cenário linguístico, reflete-se uma
realidade social intrínseca à organização espacial da cidade. Essa presença marca a
necessidade dos imigrantes venezuelanos de se inserirem na sociedade local e no
mercado de trabalho. A mudança na paisagem linguística de Boa Vista apresenta
desafios, como a falta de políticas públicas bilíngues e a integração dos imigrantes no
sistema educacional; e oportunidades, como a valorização da diversidade linguística
e cultural e o enriquecimento da vida urbana. Esta pesquisa apresenta uma
contribuição aos estudos de paisagem linguística que são o detalhamento de critérios
analíticos e a correlação com os estudos de gêneros textuais. Ademais, defende a
inclusão da teoria da Linguística de Migração nos estudos de contato linguístico e de
PL, principalmente em contextos fronteiriços ou de envolvimento de pessoas
vulneráveis pela migração forçada. Essa defesa é para evitar uma análise puramente
gramatical da produção textual de imigrantes, o que pode reforçar estereótipos sociais
ou preconceitos linguísticos. A orientação final desta dissertação é que se busque a
implementação de políticas públicas que promovam o bilinguismo, a interculturalidade
e a inclusão social dos imigrantes, em especial no âmbito laboral e escolar.

N/A

A análise da conversação surgiu na década de 1960, por meio dos trabalhos de Harvey Sacks, Emmanuel Schegloff e Gail Jefferson (1974), com foco na descrição das estruturas, na organização das conversações e nos gestos interacionais em contextos institucionais. Por volta de 1980, os cenários foram diversificados e ampliados às descrições e interpretações sobre os modos de agir e interpretar dos falantes em relação aos outros nas interações mais espontâneas. No Brasil, a análise da conversação teve início em 1997, introduzida pelo linguista Luiz Antônio Marcuschi. A conversação é uma prática do nosso cotidiano, que nos possibilita falar e interagir em diferentes contextos da sociedade. Este estudo propõe analisar a conversação entre agentes de trânsito e venezuelanos em abordagens de fiscalização de trânsito do DETRAN/RR e tem como objetivos específicos 1) descrever de que maneira sucede a conversação entre os agentes e os condutores, 2) compreender como transcorre a interação entre os interlocutores, 3) bem como identificar as dificuldades comunicativas entre eles. Devido à imigração em massa de venezuelanos no estado de Roraima, tem sido comum que os agentes de trânsito se deparem os imigrantes na condução de veículos do Brasil ou da Venezuela. Durante a abordagem é feita a solicitação e a verificação dos documentos do condutor e do veículo. Caso haja irregularidades, o condutor é informado sobre os procedimentos cabíveis que serão adotados. Para isso, é necessário que haja a comunicação e a interação entre o agente e o abordado, sendo necessária a compreensão de ambos para que não haja mal-entendido, tendo em vista que, por falarem línguas distintas, pode haver dificuldades comunicativas. A pesquisa se fundamenta na análise da conversação, por meio da abordagem qualitativa, baseada em teóricos como: Kerbrat-Orecchioni (2006), Marcuschi (2003), Timbane (2013), Teixeira (2007), entre outros; o que nos fornecerá dados necessários para compreender de que maneira se dá a interação entre os envolvidos neste estudo. Para tanto, foram coletados dados de duas abordagens de trânsito: 1 e 2, para a análise da conversação entre os interlocutores, que foram categorizados em: agentes de fiscalização 1, 2, 3 e 4, e condutores A e B.

O cenário híbrido do município de Caroebe aliado a novos horizontes de ações
profissionais desafiadoras motivou a realização dessa pesquisa. A necessidade surge,
exatamente, de reiterar a eficácia metodológica da sequência didática em um contexto
diverso dos estudos frequentes. A presente pesquisa teve como objetivo desenvolver
um projeto de uma sequência didática e trabalhar gêneros textuais, com foco no conto,
junto a alunos do 8º a série da escola Escola Estadual Tereza Teodoro de Oliveira.
Visou contribuir para que os estudantes pudessem fazer a diferenciação entre os
gêneros, ou seja, distinguir as situações comunicacionais de uso prático dos gêneros
textuais no cotidiano, bem como propiciar aos alunos a internalização dos elementos
da narração pertencentes aos gêneros textuais de natureza narrativa, como contos,
novelas, romances, lendas, fábulas, fanfics, dentre outros. Busco, na presente
pesquisa, descrever a sequência didática elaborada e aplicada por mim na citada
escola, tendo como base o referencial teórico de Schneuwly e Dolz (2004), principais
expoentes do Grupo de Estudos de Genebra, além de Bronckart (1999; 2006),
Broncardo e Costa-Hubes (2008). A pesquisa realiza uma descrição dentro de um
quadro contextual maior em relação ao meu trabalho como professora de ensino
básico, escrever sobre o projeto é uma maneira de evidenciar uma metodologia
baseada na teoria interacionista sociodiscursiva, que tem um viés educacional,
didático, que é o ensino. Com base nos resultados encontrados, pode-se afirmar que
o objetivo proposto foi alcançado. O principal resultado mostrou que os alunos
conseguiram construir textos autorais baseados nos principais elementos da narração,
sabendo identificar e distinguir, por exemplo, tempo e espaço, personagens, duração
da história, inclusive, para além disso, internalizando elementos paratextuais, como
capa, contracapa, entre outros.

Tendo os corpos como tema de pesquisa desta dissertação, este trabalho foi desenvolvido em cunho bibliográfico e apresenta como objetivo geral de pesquisa o Teatro do Oprimido como proposição de libertação de corpos marginalizados. Para isso, buscamos compreender como ocorre o processo de marginalidade de corpos roraimenses e brasileiros, assim como refletir sobre os conceitos de corpo e liberdade, bem como entender o método do Teatro do Oprimido. Nesse sentido, está pesquisa utiliza como alicerce teórico, autores como Boal (2009), Freire (1987), Medina (1990), Spivak (2010), Silva (2013), dentre outros. Assim, discutimos o conceito de “corpo consciente” a partir das reflexões de Paulo Freire (1987), bem como o conceito de liberdade proposto pelo teatrólogo Augusto Boal (2009). Ainda, argumentamos sobre o processo de marginalidade dos corpos a partir das discussões propostas por Medina (1990), Spivak (2010), Ribeiro (1995), Todaro (2014), entre outros, assim como, refletimos sobre aspectos históricos da formação da marginalidade de corpos brasileiros e roraimenses, com embasamento teórico em Pacheco Oliveira (2016), Rezende (2006), Vieira (2012), etc.

A partir da análise da produção poética de Manoel de Barros, a presente
dissertação de mestrado teve como escopo a construção de um estudo que
contempla o nascimento, a vida e o fim transcendental do andarilho Bernardo. O
universo ficcional desta personagem traz à tona seres e elementos que são
invisíveis/desprezados ao cotidiano social, o que tende a explicar o seu gosto
elevado pelo chão e pelos seres abjetos, ao mesmo tempo em que aponta para a
necessidade do surgimento de um novo modo de ser e estar no mundo. Logo, o
mundo renovado pelo poeta Manoel de Barros, nas obras analisadas – O guardador
de águas; Gramática expositiva do chão (1996); Escritos em verbal de ave (2011) -
(re)surge por meio de imagens que abandonam cada vez mais seu caráter social e
passam a expressar uma visão mítica, envolvendo a memória e simbolismo, bem
como o rompimento do fio entre passado/presente/futuro. Assim, anelo mostrar que
o movimento dessa personagem amplia a relação do homem com a natureza e
consigo mesmo. No bojo desta pesquisa, tomei como minhas considerações os
pressupostos teóricos encontrados nas obras fundamentais dos autores Rocha
(2013), Le Goff (1990), Halbwachs (1990), MielietinskI (1987) e Campos (2007). No
esteio de uma delimitação de meu objeto de pesquisa, proponho responder três
questões de pesquisa ao longo dos 2 (dois) capítulos, a saber: 1. De que modo o
escritor articula escrita e linguagem; 2. Como o sujeito lírico provoca um debate
sobre o binômio “andarilho versus pássaro”?; e 3. Como a memória individual e
coletiva se instauram na lírica de Manoel de Barros?

Este texto trata da escrita literária de mulheres e de como escritoras amazônicas na contemporaneidade têm representado outras mulheres em suas obras literárias. Para isso, analisamos as obras Flor de Gume, da autora paraense Monique Malcher, e Terra Úmida, da amazonense Myriam Scotti, buscando desvendar a escrita e a representação da mulher por essas escritoras. Posto isso, discutimos, neste estudo, acerca da escrita de mulheres em território amazônico, suas formas de silenciamento e visualização. Até pouco tempo, à mulher estava destinado viver à margem dos espaços sociais que eram reservados apenas aos homens, como no campo literário brasileiro, por exemplo, que ainda nos dias de hoje é majoritariamente masculino, marcado por restrições e exclusões. Entretanto, apesar das muitas imposições de silêncio e submissão, a mulher continua buscando validar seu lugar de fala na sociedade. Diante disso, investigar como a mulher representa a si mesma abre espaço para discussões em torno da construção literária feminina, a imposição do silenciamento, o comportamento e os valores patriarcais defendidos por uma sociedade machista. Para isso, estipulamos como problemática as seguintes questões: como reverbera a literatura produzida por mulheres na Amazônia? Como mulheres escritoras representam outras mulheres através de suas personagens femininas? E como propagam temas que transpassam a vida de muitas mulheres que, ainda, continuam sendo marginalizadas? Para fundamentação teórica usamos como base as concepções de Eurídice Figueiredo (2020), Heleieth Saffioti (2015), Michelle Perrot (2003) e Ana Maria Colling (2014) que destacam sobre subalternização, silenciamentos e violência contra mulheres ao longo dos anos, e de Norma Telles (1992), Lúcia Osana Zolin (2012) e Virgínia Woolf (1928) no que diz respeito à literatura produzida por mulheres, dentre outras que contribuem significativamente para o entendimento do que é proposto neste texto. A percepção é que as obras analisadas conversam entre si e trabalham temas sobre a mulher como a imposição da subordinação feminina pelo sistema patriarcal, o silenciamento, a opressão, maternidade e os laços familiares amorosos entre mulheres que cuidam.

O texto tem o objetivo de compreender como os movimentos sociais
interculturais estabelecidos nas redes sociais com o uso da linguagem escrita
para comunicar-se, podem contribuir com o processo de letramento de
estudantes indígenas Macuxi, Wapichana e Taurepang em Roraima. A
problemática da pesquisa consiste em pensar como as relações sociais
interculturais críticas, estabelecidas nas redes sociais e o uso constante da
linguagem escrita para comunicar-se contribuem com o processo de letramento
emancipador de estudantes indígenas Macuxi, Wapichana e Taurepang em
Roraima. O trabalho proposto entende que a alfabetização digital ocorre quando
os indígenas usam a tecnologia com autonomia e capacidade crítica para
aprimorar suas atividades educacionais e cotidianas. Portanto, ao fornecer tal
ferramenta e integrá-la à prática em sala de aula, as escolas indígenas podem
desenvolver a experiência dos alunos usarem recursos oriundos do movimento
intercultural nas redes sociais, prestigiando postagens de indígenas para
trabalharem o letramento, a inclusão digital e a proficiência digital juntos.

O objetivo da presente dissertação é analisar os efeitos da colonialidade no ensino
campesino e como isso afeta o ensino de literatura. Nesse contexto, a expressão
“campo” se revela como um termo contemporâneo que caracteriza um espaço social
e histórico, não se restringindo à condição de subalternidade dos centros urbanos.
Dito isso, emergem alguns questionamentos: em que medida a prática leitora na
educação permanece sendo empregada sob a ótica colonial? Como assumir, na
ambiência da educação do campo, posturas decoloniais? Até que ponto a ideia de
letramento literário contribui para a quebra do processo colonizador que, por vezes,
ainda é vigente nas práticas didático-pedagógicas? É a partir da busca por respostas
aos questionamentos mencionados que a presente dissertação analisa o letramento
literário na Escola Estadual Albino Tavares, localizada no Projeto de Assentamento
Nova Amazônia, município de Boa Vista, tendo como mediação analítica o
pensamento decolonial a partir de Mignolo (2003); Césaire (2006); Quijano (2000,
2005); Ballestrin (2013); Bernardino-Costa e Grosfoguel (2016), entre outros.
Ademais, a abordagem metodológica privilegiou, inicialmente, a pesquisa de campo e
bibliográfica por meio da abordagem descritiva, qualitativa e exploratória. Os
resultados da pesquisa permitem inferir que a perspectiva da abordagem decolonial
na educação do campo por meio do letramento literário se configura como instrumento

profícuo no processo de ensino-aprendizagem, com vista à emancipação do sujeito-
leitor, bem como espaço de ressignificação identitária do campesinato roraimense.

A sociedade roraimense apresenta em seus mais variados espaços uma diversidade
linguística, cultural, étnica, entre outros. A multiculturalidade é uma marca presente
no estado, desde a sua formação, uma vez que aqui já era habitado por povos
indígenas, recebe migrantes brasileiros das diversas regiões. E, desde 2015,
motivado pela crise que eclodiu no país vizinho, Venezuela, o estado acolhe esses
migrantes que adentram o país à procura de refúgio. Diante dessa realidade, a escola,
como um espaço socializador, tem recebido diariamente estudantes venezuelanos.
Nessa direção, a dissertação apresenta como objetivo geral refletir sobre as práticas
de ensino utilizadas nas aulas de Língua Portuguesa (LP) para alunos brasileiros e
venezuelanos do 7° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual de
Boa Vista. Assim, apresento os seguintes objetivos específicos: 1) investigar o trato
que as perspectivas teóricas atribuem ao ensino de LP para contextos multiculturais;
2) compreender os procedimentos teórico-metodológicos adequados ao ensino de
Língua Portuguesa para estudantes venezuelanos; 3) discutir métodos para o ensino
de LP com abordagens voltadas para o contexto multilíngue e multicultural
roraimense. Para o alcance dos objetivos, utilizamos a pesquisa colaborativa, que
envolve a abordagem autoetnográfica e o método qualitativo, por meio da análise e
interpretação das práticas de linguagem vivenciadas por mim, além da interação com
colegas da área e com alunos para entender melhor o contexto de ensino e as práticas
metodológicas adotadas. O lócus da investigação é uma escola pública da rede
estadual de Ensino Fundamental II, que se localiza na parte central da capital Boa
Vista/RR, e tem como recorte temporal os anos de 2021 e 2022. Para nosso respaldo
teórico, recorremos a autores como: Bakhtin; Volochínov (2006), Barbosa; São
Bernardo (2017; 2015; 2013); Bortoni-Ricardo (2014; 2008; 2005); Candau (2013;
2011; 2008; 2000); Geraldi (2015; 2013; 2001; 1984); Zambrano (2021; 2019), Makoni;
Pennycook (2015), e outros. A multiculturalidade é uma realidade nas escolas
roraimenses, as quais recebem estudantes indígenas, brasileiros oriundos de outros
entes federativos, guianenses e, desde o ano de 2015, tem recebido um número
significativo de migrantes venezuelanos. Dessa forma, é importante que haja um
comprometimento, não somente do docente, mas dos membros da gestão,
coordenação. Os demais que compõem esses contextos de atendimento desses
sujeitos por intermédio de práticas que tenham base em abordagens acolhedoras, que
se possibilite a interação desses estudantes nesse espaço. O docente como mediador
no processo de ensino precisa estar em contínuo processo de pesquisa, repensar e
ressignificar sua prática, pois a conjuntura que se apresenta exige uma nova forma do
fazer didático-metodológico. Diante desses apontamentos, urge a necessidade de
formação continuada e um repensar nos currículos de formação inicial, os quais se
pautem na perspectiva multicultural, intercultural, ensino de LP pelo viés do
acolhimento e como língua adicional, visando a efetiva inserção e valorização desse
estudante venezuelano na escola e também na sociedade.

O estudo aborda reflexões sobre a presença da poesia roraimense na web,
especialmente, nos autores Elimacuxi, Eliakin Rufino, Jacinta Santos e Sony Ferseck.
A justificativa da pesquisa parte de uma observação analítica e da percepção da
necessidade de se pensar teoricamente os aspectos dessa literatura localmente
referenciada nos espaços virtuais. Além de verificar a incidência da literatura em
Roraima nos espaços de sociabilidade virtual, propomos a análise de tais produções
literárias de poetas e escritores roraimenses, bem como refletimos sobre a
receptividade dessas na web. No âmbito teórico, a pesquisa utiliza diversos textos
sobre produção, circulação literária e recepção, como por exemplo o texto de Ginzburg
(1989), que destaca a importância da vivência como indício na construção do
conhecimento, e da persona literária que se apresenta nas redes sociais. No percurso
teórico, como substanciação dos objetos literários analisados investigamos a
relevância do movimento cultural Roraimeira na formação de uma cultura com
aspectos próprios. A análise procurou traçar perfis característicos para as produções
literárias em Roraima, tais como: lugar de fala, natureza, ancetralidade indígena e as
questões raciais e etc. Os espaços virtuais utilizados como fontes de pesquisa foram
o Blog Poesia Pura, da poeta Elimacuxi, a página Facebook dos poetas Eliakin Rufino
e Sony Ferseck e a comunidade virtual Recanto das Letras, onde a poeta Jacinta
Santos veicula sua escrita literária. Nesse sentido, nos debruçamos a verificar os
modos de interação dos autores com o público “seguidor” nas redes sociais, pois
essas interações evidenciam questões de cunho regional e universal que testificam
um debate permanente e em construção sobre a literatura produzida no Extremo Norte
do país.

Esta pesquisa tem por finalidade apresentar uma análise contextualizada das Marcas
da Ancestralidade nas obras de Cristino Wapichana, a saber: A boca da noite (2016),
A cor do dinheiro da Vovó (2019), Sapatos Trocados (2014), com o objetivo de discutir
a identidade Wapichana e as marcas da ancestralidade nas suas narrativas,
pontuando o enfoque da literatura indígena na visão de autores indígenas. Nesse
sentido, indagamos o conceito de literatura indígena e não indigena na concepção do
autor Cristino Wapichana. Para fundamentar a pesquisa, utilizamos a fortuna crítica
sobre o escritor e sobre o povo Wapichana em articulação com os textos teóricos e
críticos: A identidade Cultural na pós-modernidade, de Stuart Hall (2006), Cultura um
conceito antropológico, de Roque Laraia (2008), e destacando as referências de
autoria indígena, a saber: Contrapontos da literatura indígena contemporânea no
Brasil, de Graça Graúna (2013), Metade Cara, metade Máscara, de Eliane Potiguara
(2019), A Vida Não é Útil de Ailton Krenak (2020). Através desta pesquisa foi possível
verificar as marcas da ancestralidade e algumas características culturais do povo
Wapichana, povo indígena do estado de Roraima. O escritor Indígena Cristino
Wapichana vem dando visibilidade à literatura indígena no Brasil. Suas obras vêm
recebendo premiações importantes, como o concurso Tamoio de literatura com o livro
A onça e o Fogo pela FNLIJ em 2007, como reconhecimento pelos trabalhos
direcionados à cultura indígena do Brasil. Esta pesquisa valoriza e reconhece a
literatura indígena como fortalecimento da cultura e dos conhecimentos tradicionais,
e que visa contribuir e ampliar as discussões sobre a literatura indígena, possibilitando
a interação com esses saberes no contexto escolar de forma mais reflexiva e
contextualizada.