LÍNGUA, CULTURA E IDENTIDADE: ENSINO-APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL A INDÍGENAS VENEZUELANOS DA ETNIA WARAO EM BOA VISTA
warao; português; aprendizagem
O povo warao tem vivenciado o fluxo migratório forçado devido às
dificuldades econômicas e políticas na Venezuela. Ao deslocarem-se a Boa
Vista, esses indígenas sofreram descaso por parte das autoridades locais,
demandando a criação de logísticas para que não tivessem que dormir nas ruas
(Almeida, 2022). A Comunidade Indígena Yakera Ine é o lar de,
aproximadamente, 417 warao, entre adultos e crianças. Muitos warao
produzem trabalhos de artesanato para vender e obter renda. Apesar do
contato e convivência multilíngue, observa-se que os residentes da
comunidade têm dificuldades com a comunicação em português, pois
comunicam-se entre si em warao ou espanhol. Essa barreira linguística dificulta,
de diversas maneiras, a vida dos warao no Brasil, inclusive na venda de seus
produtos de artesanato. O objetivo geral da pesquisa é analisar as necessidades
de ensino-aprendizagem de Português dos indígenas da etnia Warao, residentes
na Comunidade Yakera Ine, respeitando os repertórios linguístico-culturais dos
falantes. Os objetivos específicos são: descrever o perfil socioeconômico e
sociolinguístico dos moradores da comunidade; identificar os interesses de
aprendizagem dos warao em Boa Vista; e compreender quais estratégias são
importantes para promover um ensino de língua portuguesa que respeite a
língua, cultura e identidade do público-alvo. A pesquisa, primeiramente, traz
informações sobre a história, cultura e situação atual do povo warao. Na
segunda parte, é apresentada uma discussão sobre culturas, línguas e
interculturalidade. Por último, são relatadas algumas pesquisas sobre ensino de
português para os warao que têm sido desenvolvidas pelo Brasil. A pesquisa
está sendo realizada no campo da Linguística Aplicada, através de uma
abordagem qualitativa do tipo pesquisa- ação (PA). Através desta pesquisa em
andamento, buscamos dar visibilidade ao povo warao residente em Boa Vista,
Roraima, ou seja, inseri-los na sociedade mantendo suas identidades culturais,
mediante o aprendizado da língua portuguesa para engajarem as vendas de seu
artesanato e também gerar outras oportunidades de trabalho, melhorando sua
qualidade de vida sem perder suas marcas identitárias.