UMA ANÁLISE DA NARRAÇÃO E AUTORIA DE URIHI – NOSSA TERRA, NOSSA FLORESTA, DE DEVAIR FIOROTTI E JAIDER ESBELL
Urihi. Perspectiva indígena. Narração. Autoria.
Publicado em 2017, Urihi - Nossa Terra, Nossa Floresta, com texto de Devair Fiorotti e ilustrações de Jaider Esbell, é um poema que narra a história da volta de um indígena yanomami para sua comunidade, depois de ter sido abandonado por seu dono, o garimpeiro. Tendo Urihi como objeto, a proposta deste trabalho é trazer uma perspectiva de análise da obra, tratando do processo de criação em busca das relações de autoria com narrativas coligidas no escopo do projeto de pesquisa “Do diamante ao carvão – narrativas garimpeiras”, coordenado pelo prof. Devair (CNPq 2009-2015). Para tanto, toma como ponto de partida a análise do processo de criação verbal (o poema) e pictórica (as ilustrações) que entrelaça os dois autores e o narrador do poema em seus variados mecanismos de construção da narrativa. Em sua ancoragem teórica, o texto passa pela discussão em torno da narrativa apresentada por Santos e Molina (2021), de autoria por Hansen (1992) e Carvalho (2021), assim como se orienta também pela leitura de Coutinho (2004), Chiappini (1995), Campos e Leão (2021), e do perspectivismo ameríndio defendido por Viveiros de Castro (2007) ao tentar adotar uma postura anticolonial. A leitura e a análise da obra revelam o entrelaçamento de vozes presentes poema, para além do narrador, cuja perspectiva é atravessada por outros olhares indígenas em suas estreitas e dolorosas relações com o estrangeiro, notadamente na figura do garimpeiro, o que torna a narrativa, infelizmente, extremamente atual.