Circe: uma leitura sobre gênero, sexualidade e violência.
Feminismo; Circe; Mitologia; Literatura.
Circe é um romance, escrito por Madeline Miller, baseado na mitologia da feiticeira/bruxa Circe, filha do titã Hélio com uma náiade, chamada Perseis. A autora promove uma releitura da personagem que surgiu na literatura pela primeira vez na Odisseia, de Homero. A obra de Madeline Miller apresenta um regime mimético com a vivência de mulheres não ficcionais e aborda diversas violências em que mulheres são expostas ao longo da vida. Miller apresenta a história da vida de Circe, permitindo ao leitor uma perspectiva mais ampla dos acontecimentos a respeito da personagem, porém, intimista, uma vez que a narrativa transcorre em primeira pessoa. Scott (1989) afirma que as relações sociais são interceptadas pelo gênero, uma vez que as diferenças entre os sexos são usadas como justificativa para a não equidade de poder que existe nessas relações. Desta forma, a autora declara que, apesar dessa diferença, as categorias “homem” e “mulher” são indefinidas e flutuantes, pois não há respostas concretas a respeito disso. Butler (1990) compartilha do mesmo pensamento quando comunica que o gênero é algo inconstante por ir além da oposição do sexo biológico e do contexto cultural. A partir de uma compreensão com base principal nas teorias do Feminismo de Butler (1990), Scott (2019), Lerner (1986) e a filosofia de Foucault (1984), o trabalho analisa como a violência de gênero é abordada no romance, bem como a sexualidade da personagem, e faz um breve histórico da personagem na literatura clássica e contemporânea.