A REPRESENTAÇÃO DA VIOLÊNCIA NA PERSPECTIVA DA ESCRAVIDÃO NA LITERATURA AFRO-BRASILEIRA DE MACHADO DE ASSIS E MARIA FIRMINA DOS REIS: PODE O NEGRO FALAR?
Escravidão. Violência. Literatura Afro-brasileira. Machado de Assis. Maria Firmina dos Reis.
O objetivo deste trabalho visa estudar sobretudo a representação da violência na perspectiva da escravidão na literatura afro-brasileira machadiana e de Maria Firmino dos Reis no contexto histórico dos séculos XIX e XX. Para isso, delimitamos o nosso corpus de pesquisa para essa investigação temática, sob o olhar machadiano, centrado no conto “Pai contra mãe”, com incursões analíticas no conto “O caso da vara” e no romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, bem como no conto “A escrava”, de Maria Firmina dos Reis. Nesse eixo de investigação, discutiremos aspectos do patriarcado e violência no contexto do século XIX e XX, respectivamente. A partir dessa discussão, evidenciaremos como os textos de Machado de Assis e Maria Firmina dos Reis representaram a violência (subalternidade) de um sistema escravista. A realidade das personagens protagonistas dos contos – Arminda e Joana – faz parte da realidade de muitas mulheres no Brasil, a violência urbana que assola a maior parte da categoria subalterna do Brasil, inclusive, principalmente as mulheres negras. Diante dessa discussão, é importante levar em consideração a dívida histórica que temos com os negros, sendo assim de suma importância fazer uma reflexão sobre esse passado colonial, que mesmo com o decorrer do tempo e em épocas diferentes perpassa por muitas facetas. Para esse exame analítico, dividimos a pesquisa bibliográfica em temáticas crítico-teóricas. Sobre a ótica da escravidão e rebeliões nas senzalas, focaremos em Gilberto Freyre (1933) e Clovis Moura (1959). A respeito do cenário dos escravos no Rio de Janeiro e no Maranhão, escolhemos Mary C. Karasch (2000) e Yuri Costa (2018). Sobre o negro subalterno e o seu “lugar” de fala, lemos Djamila Ribeiro, Gayatri Spivak (2010) E Bhaba (2007). A respeito de patriarcado e violência, nos concentramos em Helieth Saffioti (2015) e Pierre Bourdieu (1989). Por fim, se analisará Alfredo Bosi 1992, Domício Proença Filho (2004), Zilá Bernd (1987), dentre outros críticos, para tratar da contextualização histórica e a presença do negro na literatura afro-brasileira.
Palavras-chave: Escravidão. Violência. Literatura Afro-brasileira. Machado de Assis. Maria Firmina dos Reis.