ÓLEOS ESSENCIAIS NO CONTROLE DE MICRORGANISMOS CONTAMINANTES NO PROCESSO DE MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE ARAÇÁ-BOI (Eugenia stipitata McVaugh)
Endofíticos, micropropagação, Myrtaceae.
O araçazeiro-boi (E. stipitata) se destaca por possuir potencial de cultivo e econômico no estado de Roraima, principalmente pelo elevado teor de vitamina C dos seus frutos. A espécie ainda é pouco conhecida, atualmente é propagada por sementes ocasionando grande variabilidade genética. Por isso, estudos com o cultivo in vitro de araçá-boi vêm sendo realizados, mas tem sido limitado pelas contaminações por microrganismos nas etapas iniciais da técnica. O uso de óleos essenciais (OE) extraídos de plantas apresentam atividades antimicrobianas comprovadas em várias pesquisas como um método alternativo para o controle microbiano. Assim, o projeto tem como objetivo identificar os microrganismos presentes na contaminação in vitro de explantes de araçá-boi e avaliar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais de plantas condimentares e medicinais sobre os microrganismos identificados. As plantas são oriundas da Área experimental do CCA/UFRR, Boa Vista – RR com cinco anos de idade. Após observação de contaminação in vitro, foi realizada uma seleção visual dos tipos de microrganismos contaminantes mais frequentes. As bactérias foram isoladas no meio de cultura DYGS e incubadas a 28 ± 2°C/ fotoperíodo de 12 horas. Os fungos foram isolados no meio de cultura BDA e incubados a 25 ± 2°C/ fotoperíodo de 12 horas. Realizou-se a caracterização morfológica dos isolados para futura extração de DNA, amplificação por PCR com a região gênica 16S rRna (bactérias) e ITS (fungos), sequenciamento e análises filogenéticas. Os óleos essenciais de alho, citronela, cravo-da-índia, eucalipto e orégano foram extraídos por hidrodestilação. A atividade antimicrobiana in vitro dos óleos essenciais foi realizada utilizando diferentes concentrações (0; 25; 50; 75; 100 e 200µL) e mais uma testemunha (apenas meio de cultura), os ensaios foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5x7, sendo 5 óleos x 5+1 (concentrações + testemunha). No centro de cada placa foi depositado um disco de 4 mm contendo o microrganismo. As placas foram incubadas e avaliadas em até 10 dias, à 25ºC ± 2ºC/ fotoperíodo de 12 horas. Para as bactérias utilizou-se papel filtro embebido de óleo para visualização do halo de inibição e incubadas a 28 ºC por cinco dias. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. A avaliação da atividade antimicrobiana dos OE na técnica de cultivo in vitro ainda será realizada inoculando os explantes de araçá-boi, em meio de cultura WPM contendo as melhores concentrações dos OE obtidas no experimento anterior. O OE de citronela promoveu halo de inibição nas bactérias B1 (11,36 mm) e T1R4 B2 E (14,59 mm) que também teve efeito positivo para o óleo de cravo-da-índia (12,53 mm) e orégano (16,40 mm); a bactéria T6R14 B2 apresentou halo de 13,60 mm somente para o óleo de cravo-da-índia; a bactéria B2 não apresentou halo de inibição em nenhum dos óleos testados. Os gêneros fúngicos Neoscytialidium, Colletotrichum e Pestalotiopsis foram identificados morfologicamente nos microrganismos contaminantes no cultivo in vitro de araçá-boi. Os óleos essenciais de alho, citronela e cravo-da índia foram os mais promissores em inibir o crescimento micelial dos isolados analisados, apresentando efeito fungistático. O óleo de alho inibiu o crescimento micelial do fungo G4-2 (Neoscytalidium sp.) em todas as concentrações; do fungo G5-3 (Colletotrichum sp.) nas concentrações de 100 e 200 µL; e não promoveu inibição do crescimento do fungo G10-4 (Colletotrichum sp.). O óleo de citronela apresentou inibição do crescimento micelial dos fungos G4-2, G5-3 e G10-4 na concentração de 200 µL. O óleo de cravo-da-índia foi capaz inibir o crescimento do fungo G5-3 a partir da concentração de 75 µL e dos fungos G4-2 e G10-4 na concentração de 200 µL.