ABORDAGEM CIENCIOMÉTRICA E AVANÇOS NA MICROPROPAGAÇÃO DE Myrciaria dubia(Kunth) McVaugh
Camu-camu. Cenciometria. Contaminação in vitro. Vitrofural. Meristema.
O camu-camu é uma frutífera nativa da Amazônia com alto teor de ácido ascórbico e benefícios à saúde, convertendo-a numa superfruta. Por esta razão, tem havido uma forte demanda internacional, mas a oferta do produto ainda é um entrave. E, apesar de uma ampla gama de estudos, ainda há muitas lacunas de conhecimento sobre a espécie, cujos principais gargalos pode ser obtido através da análise cienciométrica, a qual também permite visualizar a estrutura e evolução da produção científica sobre a espécie, permitindo compreender melhor o estado da arte sobre a cultura. Assim dentre os principais gargalos, pode-se citar a obtenção de protocolos de micropropagação para a espécie, cuja técnica pode ser comprometido pela contaminação fúngica e bacteriana, que competem com o explante pelos nutrientes em condições de cultivo in vitro. Dessa maneira, o objetivo do trabalho foi realizar um estudo sobre o avanço do conhecimento e os desafios no desenvolvimento científico relacionado à Myrciaria dubia, por meio da análise cienciométrica, bem como avaliar os efeitos do Vitrofural® na desinfestação e estabelecimento in vitro de segmentos nodais, além dos efeitos do polivinilpirrolidona no cultivo in vitro de meristemas do camu-camuzeiro. A análise cienciométrica foi conduzida com os dados da base de dados Web of Science, seguindo o método PRISMA, abrangendo publicações de 1964 a 2025, utilizando o pacote Bibliometrix (R) e o software VOSviewer para mapear a evolução da produção científica, produtividade dos autores pela lei de Lotka, instituições e países líderes na pesquisa, periódicos mais relevantes, palavras-chaves de autores e um gráfico de três campos relacionando autores, palavras-chaves e periódicos. Para a micropropagação foram conduzidos dois experimentos (junho e novembro de 2024) com o antimicrobiano Vitrofural®, testando dois meios de cultura (WPM básico e WPM com Vitrofural®) e quatro tempos de imersão em solução de Vitrofural® (0, 10, 30 e 60 min) na pré-desinfestação. Além disso, foi avaliado o efeito de quatro concentrações do antioxidante polivinilpirrolidona (PVP: 0,8, 1,0, 2,0 e 3%) no cultivo de meristemas apicais, buscando reduzir a oxidação e aumentar a sobrevivência dos explantes. Aos 30 dias, foram analisadas nos experimentos a porcentagem de contaminação fúngica e bacteriana e a porcentagem de oxidação. As análises estatísticas foram conduzidas pelo Software R versão 4.2.2 e InfoStat 2020. Os resultados cienciométricos indicam que a primeira publicação sobre a M. dubia ocorreu em 1964, mas o crescimento significativo começou em 2002, com destaque para o ano de 2020. O pesquisador mais influente identificado foi Dr. Chagas, E.A. As instituições mais ativas incluem a USP, UFAM, UFRR e Embrapa Roraima. Os periódicos mais relevantes são Food Research International e Revista Brasileira de Fruticultura. A maior parte dos estudos concentram-se nas propriedades nutricionais e antioxidantes da fruta. Quanto aos estudos sobre desinfestação, observou que meio WPM básico apresentou 100% de contaminação fúngica. Por outro lado, no meio WPM,verificou-se que o meio com Vitrofural® reduziu a contaminação bacteriana em torno de 23,4%, no primeiro experimento, e 55%, no segundo experimento, com 60 minutos de imersão. A oxidação superou 60%. Para o uso do PVP no cultivo in vitro de meristemas apicais, as taxas de contaminação foram baixas (fungos: 1,8%; bactérias: 0,62%). A sobrevivência aumentou em média 7,47% a cada 1% de PVP adicionado, com maior formação de calo. A formação da parte aérea não sofreu influência do antioxidante, com uma média de 58,1%. Assim, conclui-se que o Vitrofural® adicionado ao meio de cultura reduz significativamente a contaminação microbiana. O tempo de imersão de 10 minutos em solução de Vitrofural® a 5 ml L-1 na pré-desinfestação auxilia na eliminação da contaminação microbiana e proporcionar menor efeito fitotóxico, favorecendo o estabelecimento in vitro dos expantes de M. dubia. O PVP favoreceu o estabelecimento dos merietsemas, com aumento progressivo da sobrevivência, sendo o melhor desempenho observado com 3% de PVP.