APOROFOBIA E XENOFOBIA NOS PROCESSOS MIGRATÓRIOS EM RORAIMA
Desigualdades Socais; migração; pobreza; xenofobia.
A Dissertação de Mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras da Universidade Federal de Roraima objetivou investigar a aporofobia enquanto conceito no campo teórico e suas implicações no contexto da migração venezuelana em Roraima. A pesquisa buscou entender os elementos que definem a histórica aversão aos pobres e, de modo especial aos migrantes em situação de pobreza. Enquanto atitude comportamental e prática social, a aporofobia é histórica no Brasil e resume a construção social do medo e da rejeição aos pobres, geralmente manifestada através do rechaço, do nojo e da fobia. No caso dos migrantes a aporofobia se materializa com o agravante da xenofobia, o que resulta em sujeitos duplamente estigmatizados e criminalizados por causa da migração e da pobreza. A metodologia de caráter qualitativo se orientou pela perspectiva decolonial e contou com pluralidades de vozes e caminhos metodológicos que partem dos migrantes como ‘lugar de fala’ e ‘sujeitos de direitos’ com uma abordagem interdisciplinar que colocou em diálogo diversas áreas do conhecimento com a finalidade de aprofundar o tema. A pesquisa de campo foi realizada em espaços ocupados majoritariamente pela população migrante, com entrevistas semiestruturadas, pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados apontam a insistência de parte da sociedade na reprodução de discursos preconceituosos marcados pela xenofobia. Observou-se a reprodução da aporofobia, estreitamente vinculada à xenofobia, em atitudes e discursos (inclusive políticos) de pessoas que buscam validar a rejeição ao migrante pobre. Por outro lado, foram identificadas diversas iniciativas da sociedade no sentido de incluir os migrantes nos diversos espaços de participação e inúmeras iniciativas de trocas interculturais que reafirmam que as migrações representam grandes oportunidades de novas experiências e a produção de novos conhecimentos.