ANÁLISE DA (IN)SUSTENTABILIDADE DE ARRANJOS SOCIOPRODUTIVOS DA COMUNIDADE RIBEIRINHA VISTA ALEGRE, LOCALIZADA NO BAIXO RIO BRANCO (RR), NA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Políticas Públicas. Turismo. Inovação. Territorialidade. Saberes tradicionais.
A sustentabilidade territorial das comunidades ribeirinhas é um desafio complexo que envolve a interação de diversos fatores, já que a territorialidade é influenciada pela relação entre a pesca artesanal, a agricultura de subsistência e a extração de recursos naturais. As estruturas produtivas são fundamentais para garantir a resiliência econômica e social dessas comunidades, permitindo um equilíbrio entre a exploração dos recursos naturais e a preservação ambiental, articulando dimensões sociais, econômicas e ambientais. O objetivo do presente estudo é analisar a contribuição dos arranjos socioprodutivos para a sustentabilidade territorial da Comunidade Ribeirinha Vista Alegre (CRVA), localizada no Baixo Rio Branco, município de Caracaraí/RR, na Amazônia Setentrional. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa e descritiva, baseada em pesquisa documental e bibliográfica. Foram analisadas as dinâmicas econômicas e sociais que estruturam esses arranjos, a participação comunitária, o papel dos diferentes grupos locais e os desafios enfrentados para garantir a efetividade desse modelo de organização produtiva, com base em missões e imersões realizadas na CRVA. A coleta e análise de dados foram conduzidas por meio de observação participante, entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários a 39 respondentes. Os resultados indicam que a pesca artesanal permanece como a principal atividade econômica da comunidade, sendo essencial não apenas para a segurança alimentar dos moradores, mas também para a manutenção da identidade cultural e das tradições ribeirinhas. Entretanto, a intensificação de atividades econômicas externas, como o turismo de pesca e a expansão de empreendimentos não alinhados à realidade local, tem gerado impactos ambientais e sociais significativos. O aumento da competição por recursos naturais, a ausência de regulamentações eficientes e a falta de fiscalização adequada estão comprometendo a sustentabilidade da comunidade e ampliando conflitos e desigualdades territoriais. Além disso, a pesquisa identificou que a governança participativa ainda é limitada na região, o que dificulta a implementação de estratégias que conciliem desenvolvimento econômico e conservação ambiental. A falta de integração entre políticas públicas, atores locais e o Estado resulta em um cenário de vulnerabilidade para a população ribeirinha estudada. Em suma a sustentabilidade territorial da CRVA depende de um conjunto de estratégias que envolve a articulação entre atores locais, o fortalecimento da governança participativa e a valorização dos saberes tradicionais. A implementação de políticas públicas inclusivas, associadas à regulamentação e fiscalização do uso dos recursos naturais, é urgente e necessária para garantir a inovação dos arranjos socioprodutivos e a perpetuação dos valores, tradições e modos de vida dessa população ribeirinha.