O IMPACTO DA MIGRAÇÃO E DAS EXPERIÊNCIAS NOS ABRIGOS DE ACOLHIDA: UM ESTUDO SOBRE TRAUMA PSICOSSOCIAL
Migração, violências, trauma psicossocial, resistências.
Partindo da constatação dos abrigos como uma das principais políticas implementadas no contexto migratório vivido no estado de Roraima, o objetivo deste estudo foi investigar as possíveis consequências psicológicas causadas nessa população pelas violências vividas no processo migratório, considerando o abrigamento como fator agravante para a instauração de um possível trauma psicossocial. As análises tiveram como base os conceitos de violência e trauma psicossocial, desenvolvidos por Ignácio Martín-Baró, em que o foco das análises recai não no indivíduo, mas nas relações sociais violentas a que está submetido. Foucault aparece, também, enquanto referencial na compreensão dos abrigos como espaços de controle e exercício do poder, espaços que são tomados como possíveis agravantes na instauração de um trauma psicossocial. São evidenciadas, assim, as vulnerabilidades a que a saúde mental dos sujeitos está submetida, porém buscamos nesse processo, evidenciar também as formas de resistência individual e coletiva implementadas por essa população no enfrentamento das dificuldades. A pesquisa adota como metodologia a observação participante, o campo-tema e a análise de entrevistas realizadas com imigrante em estudos e matérias jornalísticas. Ao longo da pesquisa chegamos à conclusão de que o ambiente em que o imigrante abrigado se encontra é propício sim da instauração de um trauma psicossocial, reforçando a importância de ações não só de cuidado individual à saúde mental, mas principalmente de intervenções nas condições de vida dessa população, permitindo o acesso destas à saúde, educação, moradia, e integração real à sociedade local.