Banca de QUALIFICAÇÃO: EMANUEL DE ARAÚJO RABELO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: EMANUEL DE ARAÚJO RABELO
DATA: 25/11/2020
HORA: 08:30
LOCAL: Defesa por Videoconferência
TÍTULO:

OS POVOS INDÍGENAS DA RAPOSA SERRA DO SOL E A IGREJA CATÓLICA:    MOBILIZAÇÕES E RELAÇÕES INTERÉTNICAS EM RORAIMA


PALAVRAS-CHAVES:

POVOS INDÍGENAS; RAPOSA SERRA DO SOL; IGREJA CATÓLICA


PÁGINAS: 21
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Antropologia
RESUMO:

A presente pesquisa pretende analisar e compreender as relações interétnicas de poder e saberes entre povos indígenas da região da Raposa Serra do Sol, localizada no nordeste do estado de Roraima, e a igreja católica da Diocese e relacionando com a antropologia histórica, o tempo presente e as formas de alteridades desses povos nessa região.

            O recorte espacial desta pesquisa será realizado em Roraima, em específico, na terra Indígena Raposa Serra do Sol. A região é conhecida por ser marcadamente composta por uma grande extensão territorial, com diversas etnias nela inserida, e que faz parte de uma tríplice fronteira de dois diferentes países, ao norte a República Bolivariana da Venezuela e ao leste a República Cooperativa da Guiana.

A partir de Pereira (2006), a identificação que surge nas relações interétnicas entre Macuxi e/ou Wapixana  com outros grupos étnicos na fronteira é sempre a identidade étnica, e que torna transnacional, ou seja, em qualquer um dos Estados-nação em que se encontrem a eles atribuem a condição de indígena (Amerindian) em detrimento de se especificar qual é a etnia.

Segundo Oliveira (1978) a esses contatos interétnicos que envolvem “índíos” e “brancos” e se apresentam ao pesquisador em diferentes dimensões e enfoques, portanto compreendidas de diferentes pontos de vista de acordo com contexto social e político onde se encontram, denomina de relações interétnicas e a elas reconhece um forte componente das relações de poder.

Os marcos no processo de colonização da região no século XX foram as relações de poder entre indígenas e não-indígenas, em regimes de tutela feita pelo Território/Estado ou por fazendeiros locais sobre os índios. Nas suas relações socioculturais, através do processo de alteridade[1] indígena, empreenderam a busca de um significado identitário através dos seus movimentos, principalmente de indígenas do nordeste de Roraima.

O recorte temporal neste estudo se refere à década de 2000 ao tempo presente, que, foi e continua sendo um período de grande ascensão de reivindicações políticas culturais indígenas, bem como os de processos de alteridade, tanto em âmbito nacional e especificamente regional, como no caso dos povos indígenas do nordeste roraimense, que serviu como impulso e contribuiu para o processo de formação de alteridade e diferença.

 Como afirma Cirino (2008), onde hoje se concentra a TIRSS, na análise dessas relações de assimetrias entre povos indígenas e igreja católica, em uma rápida passagem, na região do alto Surumu, que apesar de não ter um caráter proselitista, mas não escondia o desejo de conversão religiosa cristã católica para com os indígenas nesse período. Além disso, a construção de escolas e hospitais tanto em terras indígenas como também na vila de Boa Vista foram ações deixadas pela ordem dos beneditinos até 1948, quando assumem os missionários da Consolata a partir de então.

Dando-se um salto temporal, a partir da década de 1960, a igreja católica, em especial em Roraima, muda-se as suas práticas na forma de encarar a luta e a resistência dos povos indígenas na região, que, segundo Vieira (2007), a elite colonial de Roraima parecia ter acordado para um fato novo, ao se deparar com as primeiras reuniões realizadas na Missão do Surumu. Essas reuniões contavam com a participação das diversas etnias indígenas do Território. Era o embrião de uma organização maior dos próprios índios, assessorados pela Igreja, para defender seus interesses e constituía parte do projeto levado adiante pelas bases missionárias, que posteriormente foram assumidas pelo conselho indigenista missionário.

Historicamente, os indígenas da região que hoje é compreendida Raposa Serra do Sol, ao nordeste, enxergaram modos de resistência e seus processos de alteridade nas organizações de assembleias indígenas no território, com o auxílio das novas realidades de bases missionários, entre relações interétnicas, as etnias, em especial a Macuxi e Wapichana, puderam ampliar seu papel de discussão na organização social e política e de enfrentamento de colonos da região.

Os processos de alteridade se exaltam, fazendo assim, por parte das populações indígenas na busca de espaços de diálogos e de lugares por algo a ser reivindicado, seja pela valorização da cultura e a preservação da terra, ou pelo enfrentamento e resistência.

Portanto a pesquisa antropológica e etnográfica tem que estar atenta as modalidades e as sensibilidades do e do contexto social e local em que está inserido e propondo a sua pesquisa de forma crítica e racional, com relação a fatos sobre as populações a serem estudadas.

A partir do objetivo proposto para o estudo do período, serão consideradas as mobilizações indígenas na TIRSS em Roraima, especificamente enquanto sujeitos sociopolíticos das suas principais reivindicações, como a valorização de suas expressões socioculturais e o exercício do poder.

Dessa forma, pretende-se interpretar de que modo se constituiu as relações de saber / poder e assimetria entre os povos indígenas das etnias Macuxi e Wapichana, da região da Raposa Serra Sol, e a atuação da igreja católica entre as relações interétnicas de diálogos, estratégias sociopolíticos e de conflitos que os envolvem o território durante os anos antecedem o processo de homologação e o contexto de hoje.

Esses fatos marcaram os aspectos políticos, e sociais dos indígenas, proporcionando, através dos processos históricos de mudança, os mecanismos de estratégias e processos de protagonismo dos indígenas quanto a cultura e a identidade. Segundo Teófilo (2005), o que torna possível uma antropologia das relações interétnicas é o fato dos grupos étnicos não surgirem do isolamento geográfico, mas de processos sociais produtores da diferença cultural. A partir de Oliveira Filho (2000), as compulsões quanto ao destino dos povos indígenas não podem mais ser apenas referidas aos Estados-Nacionais, descontínuos e soberanos, definidos isoladamente através de legislações e políticas específicas, remetidas tão somente às ideologias e interesses nacionais.

Citando, Cirino (2008), para os Wapichana na metade do século XX em Roraima, essas formas de relações interétnica de saber e poder se descrevem em uma cultura apropriada de uma instância em que o grupo adquire a capacidade decisão sobre os elementos culturais alheios e passa a usá-los por meio de ações que correspondem a decisões próprias

Já para os Macuxi, que são maioria na TI, segundo Santilli (2001), a Raposa Serra do Sol assume um valor analítico, pela constituição de um caso-limite, de uma nitidez de impasses sobre o formalismo legal a que se sujeita, na qual, se está a política indigenista, interesses econômicos e políticos que se perfazem entre si. E uns e outros vão adotando o catolicismo nas comunidades, onde são em grande maioria.[2]

E seguindo a linha de raciocínio do mesmo autor, fala que a atuação do Conselho Indígena de Roraima, que tem ligação com a Diocese de Roraima, é triunfal para construção de uma organização de uma política vertical, e que tem uma função de mediadora nos quadros de conflitos e na busca na valorização da cultura indígena no Estado de Roraima (2001, p. 94).


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 388045 - CARLOS ALBERTO MARINHO CIRINO
Interno - 1229201 - MARCOS ANTONIO BRAGA DE FREITAS
Interno - 1108564 - OLENDINA DE CARVALHO CAVALCANTE
Externo ao Programa - 2109425 - VANGELA MARIA ISIDORO DE MORAIS
Notícia cadastrada em: 20/11/2020 09:52
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