Costuro, logo existo: um estudo antropológico sobre o trabalho das costureiras no contexto urbano de Boa Vista.
Antropologia do Trabalho; gênero; costureiras; coletivos, políticas públicas.
Nessa pesquisa pretendo entender as trajetórias de vida, as lutas políticas e resistências das mulheres que costuram dia a dia, pertencentes sobretudo aos coletivos de costureiras e artesãs no contexto urbano, da cidade de Boa Vista. Também nos interessa o registro das trajetórias sobre a circulação de pessoas (transregional e transnacional) e objetos, na região, pois a trajetória das costureiras se insere em dinâmicas de mobilidade. A proposta inicial, será exemplificar como, com recursos etnográficos, é possível o incremento qualitativo dos debates que apontam que o mercado de trabalho formal continua sendo mais oportuno para os homens. Através dessas trajetórias poderemos ilustrar o caminho que mantém a mulher fora do mercado formal de trabalho, reproduzindo, portanto, a desigualdade de gênero. O Brasil, nesse contexto, sobretudo na região Norte do País, não tem fugido à essa antiga regra. Desta maneira, privilegiarei a ferramenta teórica-metodológica da etnografia para a compreensão do trabalho da costura como parte da construção identitária, de significados, e comportamentos cotidianos, perpassados pelos marcadores sociais da diferença (gênero, classe, raça, geração, etnia, entre outros traços). Aciono as noções de trabalho, de profissão e de ocupação, mobilizados de acordo com os sentidos firmados pelas interlocutoras, sejam da ordem individual ou coletiva. Por fim, busco compreender como se articulam as lógicas do ofício e da profissão na vida das costureiras de Boa Vista. Me detento entre o arcabouço teórico da Antropologia do Trabalho e dos Estudos de Gênero, sem, contudo, me limitar a eles.