Desafios e trajetórias de migrantes venezuelanos refugiados ou em situação de vulnerabilidade, no processo de inclusão educacional, nos cursos de graduação da Universidade Federal de Roraima (UFRR)
Migração internacional; Migrantes e refugiados venezuelanos; Inclusão educacional no ensino superior; UFRR.
O substancial aumento da mobilidade migratória que vem ocorrendo nas três últimas décadas, no mundo inteiro, e, em particular, o ritmo vertiginoso do deslocamento populacional de venezuelanos, que, sobretudo a partir de 2015, deixaram seu país de maneira forçada em busca de novas oportunidades para refazer suas vidas, seja por meio do trabalho e/ou da educação, inseriu o Brasil na rota das migrações internacionais do século XXI e têm feito com que a temática ganhe mais espaço nos debates políticos, na mídia e nas produções acadêmicas; também têm apresentado vários desafios, oportunidades e responsabilidades para o poder público e para a sociedade de um modo geral. Considerando que a educação é um princípio fundamental para a cidadania, e tendo em vista que uma parcela importante de migrantes está em idade escolar, uma questão a ser levada em consideração é a inclusão desse estrato populacional na sociedade, a partir do acesso e permanência no sistema de ensino. Com este trabalho, buscou-se compreender a trajetória acadêmica dos alunos venezuelanos refugiados ou em situação de vulnerabilidade ingressantes por meio da Resolução 007/18, nos cursos de graduação da UFRR. O estudo teve abordagem mista (quantitativa e qualitativa). A construção de dados se deu em três etapas: pesquisa bibliográfica, seleção documental e entrevista semiestruturada com os alunos amparados pela referida Resolução. Para dar sustentação à investigação, foi feita uma revisão da literatura, sendo analisados textos de autores que trabalham com a temática abordada. No tratamento dos dados, foi utilizada a Análise de conteúdo de Laurence Bardin. A investigação tem embasamento em teóricos do campo da educação e da inclusão,do fenômeno migratório, sendo subsidiada pelos estudos culturais; bem como nos relatos dos participantes. Observou-se que a produção acadêmica sobre a inclusão de migrantes internacionais na educação brasileira já vem sendo debatida, especialmente a partir da década de 1990, porém, a maior parte das pesquisas se dá no âmbito da educação básica ou em relação à dificuldade com a língua. Esses estudos apontam que, apesar de algumas instituições já estarem tomando iniciativas no sentido de incluir esse púbico, ainda há um longo caminho a ser percorrido, o que é ratificado nas falas dos alunos. Constata-se que a UFRR deu um passo importante na inclusão dos alunos venezuelanos refugiados ou em situação de vulnerabilidade, com a aprovação da Resolução 007/18, entretanto, a pesquisa mostrou que, além da simplificação do acesso, um outro passo deveria ter sido dado: um maior diálogo entre os setores, buscando discutir como eles poderiam colaborar (em particular e em conjunto) e em que deveriam se adequar, de modo a promoverem ações diferenciadas, visando à permanência e ao efetivo sucesso desses alunos. Espera-se que a pesquisa contribua para que as instituições de ensino superior, em particular a UFRR, possam reavaliar suas políticas de inclusão de migrantes internacionais e se disponham a transformar essas políticas em ações efetivas que venham contribuir para o acesso, a permanência e a aprendizagem/sucesso desses estudantes.