RELAÇÃO ENTRE A FORMAÇÃO E PRÁXIS DO PEDAGOGO COM O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM E CURRÍCULO DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL I DA REDE PÚBLICA RORAIMENSE
Formação docente. Currículo formal. Currículo real. Resistência. Esperança.
Este trabalho analisou as relações existentes entre a formação e a práxis do pedagogo com o processo de ensino aprendizagem e currículo, com professores/as de 1º ano do Ensino Fundamental I em uma escola municipal de Boa Vista-RR por meio de uma pesquisa participante, de característica exploratória, sob uma abordagem qualitativa, para caracterizar o trabalho desses/as educadores/as, considerando a relevância da sua formação universitária, suas ações pedagógicas que se estabelecem, como se sabe, a partir da aplicação de um currículo formalmente estabelecido nacionalmente e concretiza um processo educacional definido como “currículo real”, com os entraves que se apresentam como desafios cotidianos da prática docente. A pesquisa selecionou conceitos estratégicos para a compreensão da relação entre a formação e a prática do pedagogo em sala de aula; investigou como a docência é construída, pela apropriação ou não dos saberes do currículo comum dos cursos de Pedagogia; identificou a práxis do pedagogo na escola pesquisada; e descreveu contribuições da apropriação do currículo de Formação Superior em Pedagogia ao processo educacional do 1º ano do Ensino Fundamental I. Para isso, foi realizada revisão de literatura, por meio de qual foi produzido um estado do conhecimento, com vistas a trazer às reflexões outros elementos constituintes da docência, além daqueles conhecidos convencionalmente como pedagógicos. Os sujeitos foram (06) professores/as em exercício em sala de aula de 1º ano do Ensino Fundamental e como técnica de coleta de dados, aplicou-se entrevistas, com questionários semiestruturados em formato de diálogos e debates, descritos como momentos de partilhas de saberes, de angústias, expectativas e decepções quanto ao contexto educacional pesquisado. No tratamento dos dados, empregou-se a análise de conteúdo de Bardin (1979), por permitir aprofundar as considerações sobre os elementos ocultos nas comunicações, indo além das simples leituras técnicas de registros explícitos nas entrevistas. Posteriormente, foram contrapostos os resultados da pesquisa ao marco teórico exposto neste texto. Em conclusões, a pesquisa constatou práticas engessadas pelo programa de ensino adotado pela rede municipal e um retrocesso oposto às legislações vigentes, que definem o direito à pluralidade de ideias pedagógicas, nos incisos II e III do artigo 206 da Constituição Federal. Nesse contexto, percebeu-se uma carência na apropriação do currículo da formação em Pedagogia, principalmente referente à formação filosófica (epistemológica). As análises teóricas foram cunhadas a partir do entendimento do pensamento crítico em Educação, da escola de Frankfurt e do pós-estruturalismo francês, em suas influências na edificação de uma crítica decolonial. Utilizou-se o conceito de devir na compreensão de que as ações educativas vivenciadas em uma escola concretizam-se, não apenas pelos conhecimentos curriculares, mas incluem a formação acadêmica e humana do professor – consequências da estrutura curricular de sua formação, das apreensões que ele fez como acadêmico, envolvendo todos os elementos constituintes de sua história como ser humano, e do contexto educacional advindo de uma Educação eurocentrista colonizadora, além das experiências cotidianas familiares e culturais dos/as estudantes, com todos os elementos visíveis e não-visíveis de suas histórias e encontros.