A presente dissertação “Racismo Indígena: A Representação Midiática dos Povos Indígenas na Virada dos Anos 1980 para 1990” explora criticamente as representações midiáticas dos povos indígenas no Brasil durante o período de transição democrática. O estudo parte da análise da letra da música “Brincar de Índio” (1988), de Sullivan & Massadas, e sua perpetuação de estereótipos, além da performance de Xuxa Meneghel com os Xavante em 1989, no Xou da Xuxa. Também examina o personagem Suppapau Uaçu (1990–1992), da Escolinha do Professor Raimundo (1990 – 2001), e representações indígenas no humorístico Casseta & Planeta (1986 – 2010). Adotando uma abordagem decolonial, a pesquisa utiliza metodologias como Análise de Conteúdo, Audiovisual, Rastros Digitais e Revisão Bibliográfica para investigar a perpetuação de estigmas e a desumanização de povos indígenas nesses produtos midiáticos. A dissertação demonstra como essas narrativas consolidam visões coloniais e eurocêntricas, enquanto ignoram as realidades e vozes contemporâneas dos povos originários. Os resultados mostram que a mídia, como aparato ideológico, reforçou estereótipos e romantizações que dificultam a luta por direitos e reconhecimento dos povos indígenas. A pesquisa contribui para a compreensão do impacto de representações midiáticas nas territorialidades indígenas e ressalta a importância de desconstruir discursos coloniais, promovendo narrativas mais respeitosas e autênticas.

Este trabalho tem como objeto de pesquisa as fontes não oficiais na interpretação da policrise do garimpo, em webreportagens dos sites Folha Web, G1 Roraima, Roraima em Tempo e Correio do Lavrado. A pesquisa leva em consideração a indagação sobre quais as saídas da policrise do garimpo em Roraima, considerando as formas como o webjornalismo local contribui através da técnica de pirâmide deitada, na exposição interpretada de panoramas e perspectivas de diversas crises, levando em conta as intersubjetividades e os excedentes discursivos das fontes não oficiais e de outras fontes, além de como pesquisadores podem preencher lacunas nessa interpretação jornalística. Para tanto, considera que o garimpo é praticado por sujeitos com uma organização de trabalho, sendo uma atividade social, com impactos sobre humanos e não humanos. Por isso, o propósito da cobertura jornalística da atividade garimpeira deve indicar causas, consequências, lacunas e soluções, observando o panorama presente e as perspectivas futuras. Além disso, este trabalho se atenta ao fato de que as crises podem ser concebidas como um conjunto policrísico de instabilidades interligadas, em que uma crise é preponderante, sendo integrada a “correlatas”, cada uma caracterizada por fatores e efeitos, gerando problemas caso “lacunas” afetem essa relação. Esta pesquisa leva em conta o pressuposto de que a ambivalência insere a diferenciação cultural nos mesmos discursos, pois antecipa o sentido de outro indivíduo. Cada fonte de informação objetifica os fatos sobre o garimpo sob sua angulação, assim como instiga outras subjetividades em relação a esses fatos. Portanto, a construção discursiva do sujeito é composta por interferência do outro, por intermédio da ambivalência de sentidos. Por conseguinte, o estudo mostra que os websites Folha Web, G1 Roraima, Roraima em Tempo e Correio do Lavrado submetem as fontes não oficiais à hierarquia dos discursos no jornalismo, em relação a outros sujeitos, sendo subalternizadas e pressupostas por outros tipos de fontes, por intermédio de ambivalências de sentidos. As instabilidades convergem entre si, abrangendo fatores sociopolíticos, socioeconômicos e socioambientais, os quais afetam de forma desproporcional a parcela mais pobre da população. Além disso, expõe que os portais se atêm à factualidade da notícia, precarizando a ligação de fatos às explicações e apontamento de soluções para a problemática, precarizando o confronto discursivo sobre a exploração de minérios e o amplo debate sobre o problema.

A comunidade Yanomami exerce a comercialização de cogumelos para fins gastronômicos, possuindo no total de 15 espécies de cogumelos, os quais possuem valores nutricionais. O trabalho da comunidade é organizado entre si, por meio da Hutukara Associação Yanomami em parceria com o Instituto Socioambiental realizando esse trabalho de comercialização dos primeiros cogumelos amazônicos. Foram empregadas metodologias como entrevistas semi-estruturadas e análise do discurso com o objetivo de identificar as características distintivas do empreendedorismo Yanomami e seu impacto na sustentabilidade do empreendedorismo amazônico. Este estudo destacou a participação ativa da comunidade e a priorização do bem-estar coletivo, bem como o respeito pelo tempo natural, a extração apenas do necessário, e a ausência de foco exclusivo no lucro.

Esta pesquisa tem o objetivo principal de analisar, a partir do acesso à internet, a comunicação digital na comunidade ribeirinha de Santa Maria do Boiaçu, em Roraima. Para isso, o estudo faz uma relação com outras formas midiáticas e os saberes amazônicos presentes no cotidiano da comunidade. As questões que mobilizam a pesquisa são: Como ocorrem as relações dos sujeitos com a tecnologia digital? Quais os sentidos atribuídos pelos moradores da comunidade em relação à internet e às potenciais interações com os saberes tradicionais amazônicos? Assim, os estudos sobre redes de comunicação (Castells) e comunidades ribeirinhas, bem como o olhar crítico sobre as sociedades pós-modernas e híbridas (Bauman), dão suporte analítico à presente pesquisa. Para acessar esse grupo social e suas práticas realizamos uma pesquisa etnográfica e uma abordagem qualitativa, baseada sobretudo na observação participante e na escuta atenta de um grupo de ribeirinhos. As indicações obtidas na pesquisa de campo sugerem a necessidade de se articular o potencial de autonomia apresentado pelo novo paradigma das mídias digitais com o desafio de pôr em prática uma cidadania comunicativa, voltada para conteúdos de fortalecimento dos valores culturais e organização políticas dos grupos na comunidade.

A pandemia causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), a Covid-19, levou pouco mais de 700 mil pessoas à morte no Brasil entre os anos de 2020 e 2023. O impacto foi maior nos momentos iniciais do período de emergência global, tanto pela ausência de imunizantes como pela desigualdade social, principalmente nos países e regiões mais carentes. Neste contexto, em que muitas pessoas não puderam sair de suas casas por motivo de prevenção e a desinformação encontrou uma configuração social e política propícia para sua circulação, o jornalismo adquiriu importância estratégica e enfrentou desafios para cumprir sua função de informar. O objetivo desta dissertação é analisar a participação dos chamados “correspondentes amazônicos” na cobertura da pandemia da Covid-19 no estado do Amazonas, refletindo sobre as diferenças entre as narrativas telejornalísticas locais e nacionais. Os objetos de análise são seis edições dos telejornais locais Jornal do Amazonas 1ª Edição (JAM1) e o Jornal do Amazonas 2ª Edição (JAM2), produzidos pela Rede Amazônica Amazonas, afiliada da Rede Globo; e do telejornal nacional Jornal Nacional, produzido pela matriz da TV Globo e exibido em todo o país. Como recorte temporal, foi delimitado o período de 14 e 15 de janeiro de 2021, datas referentes ao agravamento da crise de falta de oxigênio nas unidades de saúde em Manaus, evento que além de demonstrar a fragilidade estatal e humana na pandemia, também ganhou destaque midiático local, nacional e internacional. Em termos metodológicos, a investigação recorre à: 1) Pesquisa Bibliográfica, para compreender estudos sobre a história do telejornalismo, correspondentes amazônicos, narrativas jornalísticas e pandemia da Covid-19; 2) Análise da Materialidade Audiovisual, para analisar as seis edições dos telejornais selecionados coletadas por meio da plataforma de audiovisual Globoplay; e 3) Entrevista em Profundidade, com jornalistas envolvidos na produção das reportagens, seja na praça em Manaus ou no Jornal Nacional no Rio de Janeiro. Como resultado, a pesquisa permite entender os critérios e elementos utilizados para a construção das reportagens locais e de rede, levando em conta a contribuição dos jornais locais e dos correspondentes amazônicos para a visão nacional sobre o enfrentamento da Covid-19 no Amazonas.

Este trabalho procura analisar a presença de jornalistas mulheres nos jornais de Roraima no recorte que vai da época dos ex-territórios (1943) até a transformação de Roraima em Estado, em 1988. Para isso, cartografou-se como os periódicos impressos Boa Vista, O Átomo, Gazeta Feminina/A Gazeta/A Gazeta de Roraima e a Folha de Boa Vista construíram as territorialidades das jornalistas no extremo Norte da Amazônia. Entende-se que as territorialidades abarcam dinâmicas que implicam as relações sociais, políticas, econômicas e culturais que trazem em seu cerne a questão das formas de organização da vida em comum, atravessadas pelo poder, pelo controle, pelas ritualizações e pela linguagem. Desse modo, focamos no exercício de montar as paisagens psicossociais dessas territorialidades nos seguintes agenciamentos: a) Século XX: as conquistas das mulheres no território Brasil; b) Territorialidades e especificidades da mulher; c) Contextualizando o jornalismo feminino; d) O jornalismo nos territórios do Rio Branco e de Roraima; e) Pseudônimo: uma estratégia para não silenciar. Esses movimentos foram possíveis ao articular a cartografia como perspectiva epistemológica em conexão com a pesquisa bibliográfica, a análise documental, a pesquisa da pesquisa, mapeamento dos jornais impressos e entrevistas na perspectiva do manejo cartográfico. Logo, ao final do trabalho, se alcançou o objetivo de analisar as diferentes territorialidades da Imprensa sobre a presença feminina nos jornais impressos dos Territórios Federais do Rio Branco e de Roraima (1943-1988), chegando à conclusão que a mulher jornalista e o território são parte de uma relação ambivalente, e que elas influenciaram de forma direta a vivência e a construção do Território.

A presente Dissertação traz como objeto de estudo a memória e identidade do
movimento estudantil roraimense através dos jornais da União Roraimense de
Estudantes Secundaristas (URES), fundada no dia 27 de julho de 1952, com o nome
de União Riobranquense de Estudantes Secundaristas, época em que o Estado de
Roraima ainda era Território Federal do Rio Branco. Para isso, elegeu-se como
fontes de pesquisa os Jornais impressos: “A Gazeta Estudantil (1955), “O Estudantil
(1960-1964)” e “O Movimento (1997-2001). Jornais sob a responsabilidade da URES,
os quais teve por ciclos: o primeiro que inicia com a fundação da URES em 1952 até
o ano de 1964, quando ocorreu o golpe civil-militar. O segundo subdividido em duas
etapas, que inicia em 1988 com a reconstrução da URES, até o ano de 2001 quando
circulou a última edição impressa do jornal “O Movimento”. E a segunda etapa com o
surgimento de outras organizações estudantis culminando, politicamente, com a
eleição em 2022 do presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. A pesquisa
identifica os desafios enfrentados pelas redações dos impressos: atores, rotinas,
produção, convergências, materialidades, linguagem, produtos, circulação e
estratégias usadas pelas equipes nos períodos de circulação dos jornais. Desse
modo, o acervo é constituído de matérias, editoriais e artigos assinados que nos
permitiu (re)constituir elementos da memória e identitários dos estudantes
roraimenses. O campo teórico que embasou o estudo foi balizado a partir dos eixos:
teorias da comunicação, teoria dos movimentos sociais, além da memória coletiva,
identidade social. Para entender o processo de construção da identidade e memória
do movimento estudantil roraimense, percorremos os caminhos da mediação que o
informativo fez com esse segmento do movimento social. Ademais, o contexto das
relações sociais tem como aporte o materialismo histórico dialético proposto por
Marx & Engels (1977), pois nos permite estudar a sociedade local em que o
movimento estudantil atuou em diferentes ciclos. Já a abordagem da pesquisa é de
natureza qualitativa através do uso de técnicas que permitiu examinar, problematizar
os jornais da época, bem como o uso de entrevistas com pessoas que participaram
das equipes de redação do informativo, além de integrantes que compuseram a
diretoria da URES. Dessa forma, é possível inferir que a atuação do movimento
estudantil roraimense fez (e ainda faz) parte do debate e da própria ação enquanto
Movimento Social na Amazônia , tento, neste caso, os estudantes como protagonista
de suas lutas, utopias e/ou carências.

A presente pesquisa é realizada por uma comunicadora indígena. Entre minhas frentes de atuação está a produção e apresentação do programa radiofônico A voz dos Povos Indígenas transmitido pela emissora FM Monte Roraima. O objetivo geral desse estudo, portanto, é analisar a comunicação indígena que fazemos por meio do programa de rádio, como estratégia de resistência política e cultural em Roraima, bem como propor sua atualização. Para tanto, nos perguntamos: Como se constituem as práticas de nossa comunicação indígena e quais as possibilidades de melhoramento dessa estratégia frente aos desafios contemporâneos? A construção teórica prioriza um diálogo com intelectuais indígenas no Brasil, a exemplo de Ailton Krenac, Daniel Munduruku, Mayra Wapichana, Ariene Susui, Helena Leocádio e outros autores não indígenas que refletem sobre a comunicação cidadã, suas potencialidades e desafios. O modo principal de fazer a pesquisa se inspira nas vivências nas comunidades, ao buscar contar histórias e narrar trajetórias, nesse caso, na perspectiva da minha própria experiência como indígena, comunicadora e personagem direta dos bastidores desses saberes e do campo estratégico da comunicação. De acordo com os conhecimentos acadêmicos, esse procedimento metodológico se chama etnobiografia. A pesquisa analise quatro programas, disponíveis nas páginas do Facebork do Conselho Indígena de Roraima e da Emissora Monte Roraima FM, no período de 2021 e 2022. A análise conta com a contribuição de comunicadores indígenas na discussão sobre as práticas comunicativas para a nossa afirmação identitária, propondo ao final algumas ideias de atualização do programa radiofônico. Assim, a forma de fazer essa pesquisa está muito ligada aos interesses de análise e ao compromisso de buscar melhoramento direto para a nossa realidade indígena no campo da comunicação.

A presente pesquisa organiza e analisa as atividades dos comunicadores indígenas de Roraima, no período de 2020 a 2021, acompanhando os primeiros passos de formação da Rede Wakywai, por meio da produção de conteúdos para a plataforma digital Facebook da região Serra da Lua e do Conselho Indígena de Roraima. Persegue-se assim o que se pode denominar de territorialidade digital dos povos indígenas da Amazônia que, a exemplo de algumas experiências já existentes na América Latina, adotam o ciberespaço como estratégia de luta em prol da cidadania, do reconhecimento e fortalecimento étnico. Esse estudo promove algumas inovações metodológicas, diante da necessidade de realizar experiências que incentivem os diálogos entre os saberes acadêmicos e tradicionais dos povos indígenas e a construção mais colaborativa juntos aos sujeitos da pesquisa, como forma de buscar maior coerência e aprofundamento sobre a temática dos comunicadores indígenas e seus protagonismos. A pesquisa destaca o papel da comunicação desenvolvida pela Rede Wakywai como uma potência somada ao movimento indígena, por meio das estratégias de outras visibilidades e de resistência às diversas formas de opressão sofridas secularmente pelos povos indígenas.

O tema da pesquisa é a cobertura do garimpo ilegal pela Folha de Boa Vista, de
Roraima. O jornal Folha de Boa Vista, através de seus jornalistas, denuncia com
frequência a atuação de garimpeiros. Inserido no contexto do jornalismo ambiental, a
pesquisa analisa reportagens a partir do biografismo, um método biográfico de
investigar o campo do sujeito e compreender a extensão das suas experiências e de
seus sentidos, e do autobiografismo, uma vez que o pesquisador atua no contexto. A
própria Folha de Boa Vista acaba sendo biografada enquanto instituição que possui
conhecimento da causa, precisão jornalística e ética ecológica, preceitos do
advocacy journalism. O jornal destaca em suas reportagens o compromisso com a
causa ambiental. A partir da observação participante, a pesquisa traz relato de
experiência considerando a função de médico e jornalista do pesquisador. Constatase
que a cobertura jornalística se dá por profissionais comprometidos com a causa,
denunciando o garimpo ilegal. O relato de experiência corrobora a cobertura
jornalística da Folha de Boa Vista.

A presente pesquisa analisa as construções e implicações de sentidos dos receptores do programa jornalístico Assembleia Informa, da TV Assembleia de Roraima, a partir do seu compartilhamento na rede social Facebook em 2019.  Trata-se de uma análise contemporânea do conceito de cultura sob a óptica de Raymond Williams (2016) e Estudos Culturais com ênfase nas pesquisas de Jésus Martin-Barbero, além de reflexões de Castells (2012) e Henri Janks com aspectos relacionados às tecnologias, à história e à sociedade. A contribuição de Nestor Garcia Canclini (1995) se volta para problematizar a noção de hibridização para compreender os usos e as formas de negociação de sentidos acionados pelos interagentes do Facebook e o potencial de mudança dessas participações da recepção no campo da produção jornalística. Os métodos utilizados envolvem estudos bibliográficos, pesquisa documental, com abordagem qualitativa para relacionar e analisar o campo da produção do telejornal com o conceito de cultura. Ao fim, as reportagens analisadas na rede social Facebook revelam como as opiniões dos interagentes podem alterar o campo da produção jornalística em tv de caráter público.

O objetivo deste trabalho é analisar trajetória dos jornais de Roraima no recorte que
vai do primeiro manuscrito em 1907, até a transformação de Roraima em Estado, em
1988, a partir da seguinte periodização: jornalismo durante o pertencimento de
Roraima ao Estado do Amazonas (1907-1943) e jornalismo no período em que
Roraima foi um Território Federal (1943-1988). Isso será feito com a recuperação de
acervos documentais e identificação de jornais que foram importantes na construção
de uma cultura letrada regional, além da análise de conteúdo dos exemplares
encontrados durante a pesquisa. Ao fazer semelhante levantamento sobre o histórico
da imprensa, será possível reforçar hipóteses sobre as relações entre a elite política
regional e os jornais e verificar de que forma essa relação interferiu na manutenção e
no fechamento dos veículos que passaram por Roraima durante este recorte temporal.
A problemática da pesquisa envolve o questionamento sobre a contribuição histórica
do que era escrito para a sociedade roraimense, além da ligação com o poder político
local a partir dos referenciais de história política de grandes autores como René
Remond e Nelson Werneck Sodré. Tem-se como objetivo final analisar como a mídia
impressa ajudou a moldar e foi moldada pelas atividades políticas regionais.